• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

Monteiro Lobato racista? Entenda por que ‘cancelamento’ do autor virou tema de debate na Unicamp


Discussão aconteceu após quadro do escritor ser pichado durante exposição na universidade. Segundo professores, encontro abordou cultura do cancelamento, censura e importância histórica das obras. Cartaz chamando as pessoas para o debate “O IEL deve cancelar Lobato?” realizado pelo IEL da Unicamp
IEL/UNICAMP/ Reprodução
Nem mesmo Monteiro Lobato, renomado autor da literatura brasileira, teve a obra imune à ação do tempo e aos questionamentos da atualidade. Recentemente, o “cancelamento” do escritor virou tema de um debate no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp após acusações de racismo.
📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp
📚 Nesta quinta-feira (18), data em que é celebrado o Dia do Livro Infantil em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato, o g1 explica como as polêmicas que cercam o autor se tornaram “ponto de ignição” da discussão e – spoiler! – a razão pela qual ele deve continuar sendo estudado, segundo especialistas.
Clique para ver:
Como o debate começou?
Afinal, Monteiro Lobato foi ‘cancelado’?
Por que o acervo da Unicamp é importante?
O que há no acervo?
Como o debate começou? ⏳
Em Campinas, a discussão sobre o assunto começou em setembro de 2023, quando um quadro do autor que estava na exposição “Retratos Literários”, no Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio (Cedae), foi pichado com a palavra “racista”, e trouxe à tona conversas sobre sua obra e posicionamentos.
De acordo com o professor Petrilson Pinheiro, diretor do IEL, a pichação não representou apenas a ação isolada, mas demonstrou a visão de outras pessoas a respeito do autor e sua obra, envolvendo questões mais amplas sobre a própria cultura do cancelamento e a censura.
“Quando a gente propõe simplesmente o ‘cancelamento’, ele pressupõe, de uma certa forma, um apagamento. Se pressupõe que não se cogite sequer a possibilidade de levar aquela obra para discussão, né? Isso é que é ruim! A gente tem que problematizar a obra”, conta Pinheiro.
Retrato de Monteiro Lobato [1927]
Fundo Monteiro Lobato CEDAE/IEL – UNICAMP
r
Afinal, Monteiro Lobato foi ‘cancelado’? 🚫
Para Milena Ribeiro Martins, professora de literatura, especialista em teoria e história literária e formada em letras pela Unicamp, a proposta de cancelar qualquer obra “é um desserviço à cultura e à história”.
“Precisamos é entender o passado, entender como chegamos a ser a sociedade do presente, e daí delinear o que desejamos para o futuro”, destaca.
Martins descreve Lobato como uma figura de importância imensurável no estudo da humanidade e da história do Brasil. Além disso, a professora acredita que o cancelamento ou outras atitudes que possam gerar “censura” às obras acabam acentuando o interesse pelos escritores.
“Vejo que o cancelamento afeta mais quem tem menor acesso a bens da cultura escrita. Afeta mais quem mais precisaria de formação, de incentivo, de acervo. Parece mais uma ação deliberada de desincentivo à leitura. Mais uma violência contra a leitura”, diz.
Monteiro Lobato com as crianças Sandra, Eliana e Celeste. Belo Horizonte, 1946.
Fundo Monteiro Lobato CEDAE/IEL – UNICAMP
Por que o acervo da Unicamp é importante? 📃
Doutora em teoria e história literária focada no autor infantil, Kátia Chiaradia relata que a preservação de um acervo pessoal como o de Lobato na Unicamp é importante para a própria existência do local, além de garantir a perpetuação do acesso público aos documentos.
“Na medida em que são considerados fontes primárias da informação, [os documentos] fornecem matéria-prima para a construção de entendimentos sobre o passado e o presente, constituindo-se portanto, como um importante patrimônio histórico e cultural da humanidade”, pontua.
De acordo com Chiaradia, a “preservação do acervo de Monteiro Lobato, como outros arquivos pessoais sob nossa salvaguarda, oferece à sociedade muito mais que um legado individual, mas importantes contribuições para a memória e difusão do conhecimento, ultrapassando seu valor primário”.
Família Monteiro Lobato. Da esquerda para a direita, em pé, Marta, Purezinha e Monteiro Lobato, sentados, os filhos Guilherme e Ruth. Rio de Janeiro, [1925 ou 1926]
Fundo Monteiro Lobato CEDAE/IEL – UNICAMP
O que há no acervo? 🗃️
Criado em 1999 com a doação da Coleção Biblioteca Lobatiana pela mestranda Cilza Carla Bignotto, o Cedae cresceu ao longo dos anos com outras doações, como as dos fundos Monteiro Lobato e Charley Warren Frankie. Confira, abaixo, o que há em cada uma:
📘 Biblioteca Lobatiana: composta por 547 impressos e várias primeiras edições; traduções de Lobato; exemplares da Revista do Brasil editada por Lobato; e livros de Lobato publicados em diversos idiomas, como russo, japonês. Pode ser acessado pelo site do acervo.
📗 Fundo Monteiro Lobato: tem 600 manuscritos e datiloscritos, entre originais e correspondências; 468 impressos, entre livros, jornais, revistas e artigos de jornais; cerca de 600 fotografias; 165 desenhos e aquarelas; e 7 objetos. Pode ser consultado através deste link.
📙 Charley Warren Frankie: composto por 171 manuscritos e datiloscritos, na maioria correspondências; 2 impressos; 54 fotografias; e 1 mapa. Disponível para consulta através do link.
Os documentos do acervo podem ser acessados gratuitamente, tanto nas salas quanto pelo site. O horário de atendimento ao público é de segunda a terça-feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30.
A Menina do Narizinho Arrebitado de Monteiro Lobato. Manuscrito de Monteiro Lobato. [São Paulo, 1920], 24 p., dt. (c/ correções ms.; incompleto).
Fundo Monteiro Lobato CEDAE/IEL – UNICAMP
*Estagiária sob supervisão de Gabriella Ramos e Yasmin Castro.
VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região| em G1 / SP / Campinas e Região
Veja mais notícias da região no g1 Campinas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.
 
 
  • New Page 1