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Com falta de médicos em territórios indígenas, projeto-piloto da USP realiza atendimentos à distância


Utilizando aparelhos conectados à rede 5G, os médicos conseguem fazer atendimentos de emergência nas aldeias mais remotas e ter diagnósticos imediatos dos exames com seus parceiros em São Paulo. Com falta de médicos em territórios indígenas, projeto-piloto da USP realiza atendimentos à distância
Jornal Nacional/Reprodução
Na área da saúde, uma iniciativa do Hospital das Clínicas de São Paulo mostra o caminho para melhorar o atendimento de 1,7 milhão de indígenas no país.
Difícil apagar da memória as imagens da calamidade no Território Yanomami em Roraima. O centro de referência, construído em abril de 2023, já não existe e o polo em Surucucu hoje tem apenas uma Unidade Básica de Saúde, que recebe também pacientes de outras aldeias.
A Amazonas é o estado com maior número absoluto de indígenas. Em Barcelos, os Yanomamis têm que se deslocar das aldeias até a sede da Funai para conseguir ajuda. Ficam à espera de um médico em uma tenda aberta.
“A gente sabe que ela vai retornar para a aldeia e vai lidar de novo com a realidade da dificuldade da alimentação, com as doenças que existem lá dentro da aldeia”, conta a técnica de saúde indígena Ana Lacerda.
A região Norte concentra o maior número de indígenas do país. Seguida por Nordeste e Centro-Oeste. Nas aldeias em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, indígenas das etnias Guarani, Kaiowá e Terena são atendidos nos postos de saúde da família. A maior dificuldade ali é achar remédio.
Outro município do estado, Dourados reúne uma das maiores reservas urbanas do país. Nas aldeias Jaguapiru e Bororó vivem quase 20 mil pessoas. As famílias sentem a falta de recursos nos dois postos de saúde.
“A gente precisa mais de médico, remédio. Os médicos que providenciam os remédios para poder estar entregando para os pacientes que estão fazendo consulta”, diz a dona de casa Irena Maciel.
O secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, reconheceu as dificuldades e disse que o Ministério da Saúde estuda a criação de um esquema mais eficiente de distribuição de remédios e que deve ampliar a estrutura de atendimento médico.
“Nós estaremos também lá em Boa Vista implantando o primeiro hospital de retaguarda dos povos indígenas de Roraima. E que a gente atue para cada vez mais evitar a remoção de pacientes para as grandes cidades e centros urbanos, permitindo que a gente consiga levar o atendimento para os próprios territórios”, diz o secretário.
De São Paulo vem uma nova interação entre médico e paciente. É um projeto-piloto do Hospital das Clínicas da USP, com planos de expansão, para quem mora no parque indígena do Xingu, que reúne 16 etnias, em Mato Grosso.
Com esse sistema, a distância já não impede uma assistência rápida e de qualidade para os indígenas. Utilizando aparelhos conectados à rede 5G, os médicos conseguem fazer atendimentos de emergência nas aldeias mais remotas e ter diagnósticos imediatos dos exames com seus parceiros em São Paulo.
A tecnologia ajuda também na medicina preventiva. A doutora Maria Cristina acompanha em São Paulo o pré-natal, feito por um agente de saúde indígena.
“Já estamos vendo a placenta aí não é, Kanutari? Os membros do bebê…o cordão umbilical… e o neném que está se mexendo bastante”, diz a médica ao agente.
De lá, do Xingu, o agente de saúde Kanaturi Kamayura conta como foi o aprendizado.
“A primeira vez eu fiquei meio nervoso, mas depois fui me adaptando aí, foi muito interessante”, relata ele.
É o doutor Marcos Roberto quem ensina a usar o ultrassom. “Aí, você pegou direitinho. Aqui está o fígado, aqui está o rim”, explica o médico ao agente.
“Essa capacitação para nós está sendo muito útil. Você na área e o médico está lá do outro lado, outra cidade, orientando você”, afirma o cacique Yanahin Waura.
“A gente acredita muito na capacitação do agente indígena, porque ele vive na aldeia, ele é muito essa ponte entre os saberes e o conhecimento ancestral da aldeia com a medicina”, diz Marcos.
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