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Vape regulamentado? De câncer à redução do tabagismo, o que está em jogo na votação da Anvisa

Nesta sexta-feira (19), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vota a regulamentação dos cigarros eletrônicos conhecidos como “Vape” no Brasil. A medida reúne diversos prós e contras, e o portal ND Mais conversou com uma especialista para entender mais sobre o assunto.

Cigarros eletrônicos apresentam riscos para saúde

Cigarros eletrônicos podem, ou não, ser regulamentados nesta sexta-feira – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

Segundo Alessandra Bastos, farmacêutica, ex-diretora da Anvisa e consultora da BAT Brasil (Antiga Souza Cruz, fabricante de cigarros convencionais), há diversos prós e contras, e todos precisam ser considerados.

“Os cigarros eletrônicos são dispositivos que têm o objetivo de entregar aos consumidores de nicotina esta substância de uma forma mais segura. Nós só podemos dizer que os cigarros eletrônicos são seguros quando nós sabemos que eles foram fabricados seguindo critérios sanitários e quando nós os comparamos ao cigarro convencional, que é o cigarro que queima”, explica.

A profissional lembra que os cigarros eletrônicos, assim como todos os produtos que entregam vapor ou fumaça, não são produtos livres de riscos e danos à saúde.

Ela defende que os cigarros eletrônicos podem ser considerados produtos mais seguros do que o cigarro convencional quando são produtos de origem conhecida, de origem regulada, origem que tem controle sanitário.

“Estou falando de fábricas que obedeçam a requisitos sanitários para a fabricação dos cigarros eletrônicos. No Brasil, nós sabemos que 100% desses dispositivos são de origem ilegal. Então no Brasil, não podemos afirmar que os cigarros eletrônicos são produtos menos arriscados do que o cigarro convencional”, diz. E continua:

“Pelo contrário, talvez sejam produtos mais arriscados, já que nós não conhecemos a origem desses produtos, diferente dos países onde já existe uma regra sanitária clara para a fabricação desses dispositivos”, opina.

Publicações feitas pelo Kings College e pelo Cochrane, com uma revisão sistemática de mais de 400 artigos que falam de cigarro eletrônico, dizem que a utilização de vaporizadores portabagistas para a sensação ou para o controle de riscos e danos são positivos.

Os resultados avaliados na Suécia, onde o cigarro é regulamentado,  governo da Suécia tem publicado que os produtos oferecem 95% menos risco à saúde quando comparados ao cigarro convencional.

“Lembrando, cigarro eletrônico não é um produto isento de risco, é um produto que oferece menor risco”, ressalta a ex-consultora da Anvisa.

Bastos explica ainda que é preciso se atentar para que além da fabricação, a distribuição, a comercialização e a comunicação desses produtos seja feita de forma regrada, controlada, monitorada e adequada, para que esses produtos sejam consumidos apenas por adultos e adultos esclarecidos sobre os produtos que estão utilizando.

“Os jovens precisam ser esclarecidos que esses produtos oferecem risco, sim, à saúde e risco de dependência química, porque a nicotina provoca dependência química”, fala.

Riscos do vape para a saúde

A AMB (Associação Médica Brasileira) alerta que a maioria absoluta dos vapes contém nicotina – droga psicoativa responsável pela dependência e que, ao ser inalada, chega ao cérebro entre sete e 19 segundos, liberando substâncias químicas que trazem sensação imediata de prazer.

De acordo com a entidade, nos cigarros eletrônicos, a nicotina se apresenta sob a forma líquida, com forte poder aditivo, ao lado de solventes (propilenoglicol ou glicerol), água, flavorizantes (cerca de 16 mil tipos), aromatizantes e substâncias destinadas a produzir um vapor mais suave, para facilitar a tragada e a absorção pelo trato respiratório.

“Foram identificadas centenas de substâncias nos aerossóis, sendo muitas delas tóxicas e cancerígenas.”

Cigarros eletrônicos apresentam riscos a saúde

Cigarros eletrônicos apresentam riscos para saúde – Foto: Freepik/Reprodução/ND

Ainda segundo a AMB, o uso de cigarro eletrônico foi associado como fator independente para asma, além de aumentar a rigidez arterial em voluntários saudáveis, sendo um risco para infarto agudo do miocárdio, da mesma forma que os cigarros tradicionais.

Em estudos de laboratório, o cigarro eletrônico se mostrou carcinógeno para pulmão e bexiga.

Surto de doença pulmonar relacionada ao vape

De acordo com a Agência Brasil, entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, foi registrado um surto de doença pulmonar em usuários de cigarros eletrônicos. Apenas nos Estados Unidos, foram notificados quase 3 mil casos e 68 mortes confirmadas.

Cigarros eletrônicos estavam relacionados com doença pulmonar nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, doença pulmonar foi relacionada com o uso de cigarros eletrônicos – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

Congresso Nacional

Além do debate no âmbito da Anvisa, tramita no Senado o Projeto de Lei (PL) 5008/2023, de autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos), que permite a produção, importação, exportação e o consumo dos cigarros eletrônicos no Brasil.

Jovens

De acordo com a PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2019, 22,6% dos estudantes de 13 a 17 anos no país disseram já ter experimentado cigarro pelo menos uma vez na vida, enquanto 26,9% já experimentaram narguilé e 16,8%, o cigarro eletrônico.

O estudo ouviu adolescentes de 13 a 17 anos que frequentavam do 7º ano do ensino fundamental até a 3ª série do ensino médio das redes pública e privada.

 

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