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Dia dos Povos Indígenas: línguas nativas de povos originários correm risco de desaparecer no Maranhão


Indígenas pedem mais atenção com a saúde nas aldeias no Maranhão
Reprodução/TV Mirante
Nesta sexta-feira, 19 de Abril, celebra-se o Dia dos Povos Indígenas, pondo em evidência a luta que esses povos enfrentam para sobreviver e manter a tradição que seus ancestrais construíram e passaram em diante.
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Contrariando a função comemorativa da data, vários povos originários do Maranhão temem pelo iminente desaparecimento de suas línguas nativas, relatando que as novas gerações usam cada vez menos para se comunicarem entre si.
O g1 MA chama a atenção para esta causa pondo em evidência os relatos de indígenas maranhenses e pesquisadores que dedicaram tempo para estudar sobre o assunto, a fim de evitar o apagamento dessas identidades.
População indígena no Maranhão
O Maranhão é o terceiro estado do Nordeste com a maior população indígena, segundo dados do Censo do IBGE de 2022. O estado tem 57.214 pessoas que se autodeclaram indígenas. Destes, mais de 72% vivem nos 20 territórios do estado que reúnem 9 etnias.
Destes territórios, apenas 17 estão devidamente demarcados. São eles: Krikati, Krepyn katejê, Timbira, Canela Memõrtumre, Canela Ramkokamekrak, Gavião Pukobjê, Krenjê, Guajajara, Ka’Apor, Awa Guajá, Gamela, Tremembé, Tikuna, Awrao, Anapuru Muypurá, Kariu Kariri e Tupinambá.
Nestes territórios, algumas línguas, apesar da cada vez mais cair em desuso, ainda sobrevivem, tais como a tenetehara, que tem dialetos em guajajara e tembé; a kaapor, que também tem a língua em sinais, guajá, do ramo tupi; timbira, linhagem do macro-jê, que se divide em outros dialetos tais como o canela, gavião pukobiê e krikati.
Um dos motivos para o desaparecimento das línguas indígenas, está na crescente saída dos territórios demarcados e das comunidades tradicionais para os centros urbanos do estado. Como estas línguas não são utilizadas para a comunicação diária, estes indígenas acabam tendo que abrir mão da língua de origem.
Eduardo Guajajara, da Terra Indígena (TI) Bacurizinho, em Imperatriz, saiu de Grajaú há 20 anos e relata viver em condições precárias com sua esposa, filhos e netos. Eduardo conta ainda que, pelo contato com pessoas fora de suas aldeias, seus netos usam cada vez menos a língua nativa, que é a Tupi, e preferem falar entre si em português.
Eduardo conta ainda que seus netos usam cada vez menos a língua nativa.
Reprodução/TV Mirante
“Meus netos que estão aqui já estão perdendo a língua deles, a Tupi. Hoje, eles não sabem nem falar a própria língua deles. É importante para nós que eles não se esqueçam da própria língua também. Eles estão falando mais português, mas de entenderem, entendem”, disse Eduardo.
Influência no português
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), todas línguas indígenas brasileiras correm algum risco de extinção. O pesquisador doutor Edson Lemos diz que o apagamento dessas línguas indígenas seria drástico para a cultura e sobrevivência da cultura indígena, já que elas tiveram uma grande influência para o português brasileiro.
Ele conta que grande parte do vocabulário regional e nacional tem grande influência do Tupi, podendo ser ouvido em vários lugares, como na culinária, nos nomes dos bairros e animais.
“ É grande a contribuição das línguas indígenas para o português brasileiro. Em sua grande maioria, os termos de origem tupi, que nomeia elementos da fauna, como, por exemplo, jibóia, tatu e saguí; da flora, como bacuti, babaçu e buriti; da cozinha, como beiju e tiquara, além de nomear cidades, estados e bairros, como, usando termos maranhenses Tibiri, Bacanga, Itapecuru, entre outros”, disse Edson.
Ensino bilíngue
Um dos meios encontrados pela pesquisadora indígena Aline Guajajara para a preservação das línguas indígenas seria a inclusão do ensino bilíngue destes dialetos nas escolas das aldeias maranhenses.
Aline Guajajara lendo seu livro “Mitos e Ritos”, fruto do mestrado.
Reprodução/ TV Mirante
Em seu livro “Mitos e Ritos”, resultado de uma dissertação de mestrado, ela conta que essa luta para que a maneira do seu povo de se comunicar não se perca tem que ser enfrentada, com ajuda do poder público.
“Eu percebi que os rituais, as festas, estão se perdendo atualmente e a língua também. Ela é determinante para cada povo indígena, faz parte de nossa identidade cultural, enquanto ser indígenas. Eu percebi que está se perdendo dentre os jovens”, disse Aline.
Além de reformar o fortalecimento dos indígenas enquanto povo, o ensino bilíngue contribui para a sobrevivência da identidade brasileira, uma vez que eles foram os primeiros a ocupar o território brasileiro, antes mesmo de ser considerado país.
Escolas indígenas sofrem com falta de infraestrutura
Re3produção/TV Mirante
Porém, com a falta de infraestrutura das escolas dentro destes povoados, que apresentam grande necessidade de um olhar mais atento do poder público, é um grande empecilho para a transmissão dos saberes. A maioria não tem o básico, como carteiras e livros didáticos.
Outra barreira é a falta de capacitação das professoras indígenas em passar os saberes da própria língua para os alunos.
“Essa dificuldade das professoras não abordarem a história e cultura dos povos indígenas nas salas de aula afirma que elas não têm uma formação para isso, elas não tem livro que podem dar auxílio para ela. Enquanto o estado não se responsabilizar, de fato, pela educação escolar idígebna no territórios, infelizmente, as nossas história e cultura correm risco de serem perdidas”, relatou a pesquisadora.
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