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Pagar aluguel, pegar ônibus e fazer ‘bico’: designer cria jogo de tabuleiro que representa rotina de trabalhadores brasileiros


‘Bando proletariado’ foi criado durante a pandemia por Rodrigo Tata, de Sorocaba (SP), mas foi lançado há pouco mais de um mês. Jogo conta com uma versão digital e poucas unidades físicas. Agora, sorocabano tem planos para lançar uma versão ‘mais em conta’ para impressa em casa. Rodrigo é de Sorocaba (SP) e lançou o jogo de forma digital
Arquivo pessoal
Um conhecido jogo de tabuleiro tem como proposta que o jogador adquira propriedades privadas e acumule a maior fortuna possível para levar seus adversários à falência. O jogador também pode cobrar aluguéis de seus imóveis e negociar a compra de novos terrenos com outros jogadores. Nele, a ascensão financeira é quase que certa, a depender da sagacidade do jogador e da sorte com os dados.
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Agora, imagine se essa proposta é aplicada ao “mundo real”: para adquirir uma propriedade, você precisa conseguir um emprego para pagar as contas do mês e, aí sim, passar a investir em um pequeno comércio.
No percurso, também precisa pagar por passagem de ônibus, correr o risco de ser assaltado, passar pela lanchonete para comer algo “rapidinho”, por conta da correria do dia, e até em algum bar para tomar uma cerveja no fim do expediente – ou até mesmo comprar ou alugar o estabelecimento.
Esta é a realidade de muitos brasileiros, como a do sorocabano Rodrigo Ferreira, ou Rodrigo Tata, como é chamado pelos amigos. “Designer de jogos nas horas vagas”, como ele mesmo se apresenta, o homem, de 37 anos, juntou a experiência de vida com a oportunidade de unir a conscientização com a diversão, e criou o jogo “bando proletariado”.
Pinos dos jogadores são substituídos por objetos que representam outras classes trabalhadoras
Arquivo pessoal
“A ideia veio de uma coisa que me incomodava desde a adolescência: de onde vinha o dinheiro para eu comprar os imóveis? Se meu pai tinha que trabalhar para conseguir dinheiro, como no jogo ele simplesmente aparecia na minha mão? Aquilo não fazia sentido e não me educava”, explicou Rodrigo ao g1.
Foi então que o designer decidiu propor algo mais realista. “Você é um trabalhador em busca de oportunidades de emprego […] típico cotidiano da periferia que fui criado aqui em Sorocaba. Virou um jogo educativo para crianças e um jogo divertido para quem já é adulto e passa por essas dificuldades, ou não”, completa.
‘Jogo por trás do jogo’
Atualmente, jogo conta com poucas versões físicas
Arquivo pessoal
Rodrigo nasceu em São Paulo, mas se mudou para o interior paulista aos sete anos. A maior parte de sua vida foi vivida no bairro Parque São Bento, na zona norte de Sorocaba. Foi pelos estudos que ele se deparou com a desigualdade.
“[Tive] a oportunidade de conhecer outro ponto de vista, outras escolas e outras pessoas. Estudei na adolescência na Vila Angélica e na [Etec] Fernando Prestes. Foi um choque de realidade”, relembra.
Após se formar no ensino médio, Rodrigo começou a trabalhar com contabilidade. Pagou cursos de design e montou sua própria estamparia. Pouco tempo depois, passou a arriscar alguns protótipos de jogo.
Foi baseado nessa vivência que ele definiu as regras do “jogo por trás do jogo”, como ele mesmo resume. No tabuleiro, atividades essenciais a serem exercidas ao longo do dia. O “pino” do jogador é substituído por símbolos de algumas profissões: violão, tijolo, balde de lixo. Entenda como funciona:
O jogador acorda cedo e sai com R$ 5 no bolso para pegar um ônibus;
Espalhados pelo tabuleiro, estão diversas oportunidades de trabalho que o jogador terá que conquistar. Cada trabalho tem um “salário diário”;
Ao longo do dia de trabalho, ele correrá alguns riscos, como ser assaltado, perder todo o dinheiro conquistado, entre outros;
Outras peças do tabuleiro representam um subemprego, os chamados “bicos”, para garantir uma renda extra.
O objetivo final é chegar em casa (no fim do tabuleiro) e pagar as contas do dia.
“É uma paródia […] eu queria representar o jogo por trás do jogo”, diz Rodrigo.
‘Bando proletariado’ teve inspiração em outro jogo de tabuleiro famoso
Arquivo pessoal
A ideia de criar o Bando Proletariado foi posta em prática durante a pandemia, quando sentiu vontade de criar algo que representasse o jogador brasileiro. No entanto, foi preciso esperar alguns anos até que o jogo saísse do plano das ideias e tornar-se algo real.
“Na pandemia eu não tinha como lançar o jogo. Eu arrumei um emprego para me manter e fiquei nele até ano passado. O jogo ficou parado até um mês atrás, quando resolvi retomar ele. Lancei uma versão digital para testes on-line. Tá indo bem. Agora estou divulgando nas redes sociais. Ta massa. Já vendi alguns e a galera tá gostando”, diz.
O lançamento oficial ainda não ocorreu. Rodrigo afirma que pesquisa por um lugar especial para fazer o evento. Além disso, ele também projeta uma versão para ser impressa em casa. “Algo mais em conta para o jogador brasileiro poder comprar”, conta.
“Pra mim, ver as pessoas dando risada, se divertindo com algo que foi eu quem criou, é sinal de que o meu propósito foi cumprido. Acho que as pessoas precisam sorrir mais. Eu preciso sorrir mais. E se eu conseguir colocar um sorriso no rosto de alguém, já me dou por satisfeito”, finaliza.
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