Bruno de 23 anos é morador de Bauru (SP) e se interessou pela doação de sangue após ouvir um anúncio pelo rádio. Após se preparar fisicamente e atingir o peso ideal, o jovem dou sangue pela primeira vez e o g1 acompanhou. Após quase um ano de preparo, jovem autista de Bauru realiza sonho de se tornar doador de sangue
Paulo Piassi/g1
Segundo o Ministério da Saúde, uma bolsa de sangue colhida em uma única doação, que dura cerca de 15 minutos, pode salvar a vida de até quatro pessoas.
Foi um anúncio parecido com este que o jovem Bruno Cardoso, de 23 anos, ouviu pelo rádio em maio de 2023 e que despertou nele o desejo de se tornar um doador de sangue.
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O Bruno é autista com nível um de suporte, que compromete de forma leve sua coordenação motora fina, interações sociais e fala. Apesar disso, sua condição não impediu o jovem de ir até o Hemonúcleo de Bauru (SP), cidade onde mora, junto do pai, e demonstrar o interesse em se tornar um doador.
Família foi até o Hemonúcleo do Hospital de Base de Bauru (SP) para doar sangue
Paulo Piassi/g1
“Nós ouvimos um apelo na rádio solicitando doações para um paciente autista que estava internado no Hospital Estadual. Aí o Bruno se interessou, se identificou e nós fomos ao Hemonúcleo”, contou o pai de Bruno, Hélio Mirando, em entrevista ao g1.
“Na última fase da avaliação, que era de pesagem, ele estava um pouco abaixo do peso e não conseguiu doar. Então eu realizei a doação naquele dia”, explicou Hélio.
Por uma questão de saúde, os pais incentivaram Bruno a passar por uma nutricionista para trabalhar o ganho de peso. O jovem também entrou para a academia para ajudar no processo. (Assista à rotina de treino do jovem)
Jovem autista de Bauru mudou rotina para realizar o sonho de se tornar doador de sangue
A nova rotina significou uma grande mudança na vida do jovem, que é muito apegado à rotina, uma das características do autismo.
Para os pais, o ganho de peso era apenas relacionado à saúde, mas Bruno seguia contando as gramas para atingir o peso para realizar o sonho de doar sangue.
Jovem autista de Bauru (SP) se interessou pela doação de sangue após ouvir um anúncio pela rádio
Paulo Piassi/g1
“Para a gente, essa parte de doar sangue tinha passado, mas o Bruno sempre se pesava na academia, e de um tempo para cá ele começou a falar ‘faltam três quilos’, e eu perguntei para que faltavam, e eles respondeu: ‘para doar sangue’”, contou o pai.
Após quase um ano de dieta regrada e exercícios físicos, o Bruno atingiu o peso médio comparado a sua altura para se tornar um doador e o jovem voltou ao hemonúcleo.
O g1 acompanhou esse momento. Confira na reportagem abaixo:
Após quase um ano de preparo, jovem autista realiza sonho de se tornar doador de sangue
Ao final do procedimento, que dura em média 15 minutos, o sentimento do Bruno foi de dever cumprido.
“Estou feliz por que eu doei sangue finalmente! É melhor vocês doarem sangue, porque dessa forma ajudamos outras pessoas”, afirma Bruno.
Após quase um ano de preparo, jovem autista realiza sonho de se tornar doador de sangue
Paulo Piassi/g1
Para o pai, essa foi mais uma barreira enfrentada pelo filho e que provou que o autismo é apenas mais uma característica, e que não o limita de seguir atividades do cotidiano como qualquer outra pessoa.
“Nós estamos aqui pelo Bruno! Ele nos inspirou e nos inspira todos os dias. O autismo não limita , ele é uma pessoa com muita empatia e eu espero que, além de nós, inspire também outras pessoas.”
Pai, mãe se inspiraram na iniciativa do filho autista e também doaram sangue no hemonúcleo de Bauru (SP)
Paulo Piassi/g1
Quem pode doar sangue?
Segundo a assistente social do Hemonúcleo do Hospital de Base de Bauru, Valéria Coltri, não há nenhuma contraindicação para que autista doem sangue, apenas a recomendação máxima de que ele, assim como qualquer outro doador, siga os pré-requisitos estabelecidos.
Hemonúcleo de Volta Redonda faz apelo por doação de sangue
Divulgação/Prefeitura
“Qualquer pessoa pode doar. O que merece mais atenção quanto ao autista é o uso de medicações, que a pessoa não pode estar fazendo uso de certos medicamentos. Se a pessoa não faz uso de medicações e responde por ela, está apta para doar”, explica a assistente social.
Confira onde doar sangue no centro-oeste paulista
Para doar sangue é preciso:
Ter a partir de 16 anos;
Ter peso igual ou superior a 50 quilos;
Estar bem alimentado, mas evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação;
Ter dormido pelo menos seis horas à noite;
Não estar em jejum;
Não tomar bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação;
Evitar fumar por pelo menos duas horas antes da doação.
Intervalo entre doações:
Homens: 60 dias (até quatro doações por ano);
Mulheres: 90 dias (até três doações por ano).
Quem não pode doar?
Quem teve diagnóstico de hepatite após os 11 anos de idade;
Mulheres grávidas ou que estejam amamentando;
Pessoas que estão expostas a doenças transmissíveis pelo sangue, como Aids, hepatite, sífilis e doença de chagas.
* Sob a supervisão de Mariana Bonora
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