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Ducci tenta voltar à prefeitura de Curitiba pela (centro) esquerda

O deputado federal Luciano Ducci (PSB-PR) lidera algumas pesquisas para prefeito de Curitiba e tenta atrair PT e PDT para sua tentativa nas eleições municipais de 2024 de voltar ao cargo que deixou depois de perder a reeleição, em 2012. Naquela época, petistas o rejeitavam como de direita, por suas políticas e por ter chegado ao cargo como vice de Beto Richa (PSDB). Agora, bolsonaristas e lava-jatistas, fortes na cidade, o pintam como primo-irmão de Josef Stalin, pelo “socialismo” do seu partido e pelo flerte com o governo Lula. E nem isso o faz palatável para parte do PT de Curitiba, que insiste em candidatura própria, contra a pressão da direção nacional por uma aliança.

Nesta entrevista ao JOTA, parte de uma série com pré-candidatos de Curitiba, Ducci tenta tirar a carga ideológica de sua imagem. Ele foca nas suas propostas, trajetória e traquejo político para se colocar como a única opção viável para aliados do governo federal vencerem na República de Curitiba.

E se diz um candidato de centro ou, depois de pensar um pouco, de centro-esquerda.

Desde que o senhor foi prefeito, a cidade foi mais para a direita e o senhor, que estava aliado com a direita, quer agora ser candidato de uma frente de centro-esquerda. Como ganhar a eleição dessa forma? 

Olha, eu não estou levando muito em consideração essas questões que estão tentando fazer, essa polarização entre direita e esquerda, entre Lula e Bolsonaro. Todo mundo que me conhece sabe muito bem a minha trajetória política, de como que eu fui construindo isso, porque eu construí com trabalho, com experiência técnica, e não com essa experiência de ficar dizendo “isso é de esquerda, isso é de direita”, porque eu não consigo separar muito bem. Quando eu entreguei 12 mil moradias, é uma coisa de esquerda ou de direita? Eu fiz o Hospital do Idoso. É uma coisa de direita ou de esquerda?

Mas o senhor é de direita ou de esquerda?

Eu sempre fui de centro… centro-esquerda. Sempre. A minha trajetória política de ser uma pessoa da área social, de vir da saúde pública, do movimento sanitário, sempre me levou mais para essa posição. Mas essa posição é mais uma tarja que se coloca, porque o que vale para mim é a prática do que você faz na sua vida. E eu acho que o que a gente construiu é o que me dá referência para as pessoas que me conhecem há bastante tempo, sabem que eu sou uma pessoa super previsível naquilo que eu faço e procuro levar as mesmas coisas assim. Eu faço aquilo que eu acho que é correto. Então, se investir na área social é a melhor situação, eu vou investir na área social.

E o que está precisando de mais investimento em Curitiba?

Eu preciso aumentar o número de moradias na cidade agora, porque eu fiz 12 mil moradias em dois anos, e em 12 anos fizeram 2 mil! Aumentaram as áreas de ocupação na cidade. Eu preciso investir em moradia para essas pessoas que estão em situação precária. Eu preciso investir na saúde, porque a saúde vem perdendo a qualidade que sempre foi de Curitiba, de ser a melhor saúde do Brasil. Hoje, na atenção básica, nós estamos em terceiro e tem um processo muito ruim de terceirização e quarteirização da atenção básica de saúde, que eu sou totalmente contra. É igual na educação. Na educação nós temos hoje uma coisa que é: nós sempre tivemos o melhor IDEB do Brasil, e hoje o nosso IDEB é o terceiro do Brasil. Terceiro ou quarto, tem alternado. Por quê? Porque estão também avançando na questão dos cargos temporários de professores, que são os PSS [Processo Seletivo Simplificado]. São professores que ficam dois anos, então a Prefeitura nem tem interesse em capacitar, a pessoa não cria vínculo com a escola, não cria vínculo com as famílias. Então tudo isso, você tem que dizer assim, isso é de esquerda ou é de direita, não é? Entendeu? Então assim, para mim, eu vou seguir esse caminho.

Vamos aprofundar um pouco esses temas. Primeiro a saúde: o que precisa mudar, o que o senhor propõe? 

O principal vai ser acabar com a terceirização e quarteirização da atenção básica em saúde, voltar a investir nos programas de saúde mental, hipertensão e diabetes, voltar a fazer vínculo com a comunidade e construir hoje uma proposta que era minha de 2012. Então não há nenhuma invenção. A proposta que eu fiz em 2012, o governo do estado deixou dinheiro para que fizesse essa proposta, que é a construção do pronto-socorro, hospital pronto-socorro da zona norte de Curitiba, que vai ser um hospital de referência, com 150 leitos de UTI, com 100 leitos de pronto-socorro e 150 leitos de enfermaria, com grande parte tecnológica acoplada a ele, para dar conta. No dia de hoje, é vaga zero. Não existe vaga no Evangélico, no Trabalhador e no Cajuru [hospitais] de UTI, disponível para casos de emergência, acidentes. Qualquer coisa que aconteça não tem nenhuma vaga. E para onde essas pessoas estão indo? Para Campo Largo ou para Campina Grande do Sul [cidades da região metropolitana]. Então, a proposta nossa é retomar esse assunto e fazer esse grande hospital de referência, é um modelo novo que a gente tem estudado, discutido muito com pessoas da área técnica. Em 2012, eu inaugurei o primeiro hospital do idoso do Brasil, como prefeito, e agora, e já estava com essa proposta, a partir de 2013, construir esse hospital. E a gente vai retomar essa ideia.

E para a educação? 

Na educação, quando deixei a prefeitura, eu tinha 100 escolas que abriam sábados e domingos, num programa chamado Comunidade Escola. Hoje, praticamente, acabaram com o programa. E principalmente na região mais pobre da cidade, mais na periferia, essas escolas ficam fechadas sábado e domingo, tendo pouco espaço de lazer, de atividade para as famílias. Com as escolas abertas, tinha criançada lá jogando bola, fazendo basquete, fazendo vôlei, tendo aula de inglês, capoeira, judô. Cada escola tinha a sua dinâmica na abertura de sábado e domingo. A família participando com questões de artesanato, música. E tudo isso a gente quer retomar também, porque não tem sentido uma escola dentro de uma comunidade mais carente ficar fechada sábado e domingo e deixando poucos espaços de lazer.

Mas como melhorar os índices de educação? 

A gente tem essa questão da Comunidade Escola, tem a questão de voltar todos os professores a serem concursados pela prefeitura, dentro da carreira de prefeitura, acabando também com o PSS, os professores temporários, voltando ao modelo antigo. E também investimento maciço em educação integral. Não em contraturno, educação integral. E partir para um início de um projeto de partilha com o governo federal, que tem projeto de educação em tempo integral, inaugurando as primeiras 10 escolas em tempo integral nos primeiros anos do mandato.

O senhor falou em acabar com a terceirização, quarteirização na saúde, acabar com a contratação temporária, construir escola, construir hospital. Tem dinheiro na prefeitura pra tudo isso?

Tem dinheiro no governo federal. Saber ver os programas que tem no governo federal e saber pegar o dinheiro. E a prefeitura tem um orçamento bom também. Na minha época o orçamento era R$ 5,6 bilhões, hoje é próximo de R$ 12 bilhões para R$ 13 bilhões. Então tem um orçamento bom e tem recurso. É isso que eu digo: se as pessoas ficam somente aqui em Curitiba, esperando que as coisas aconteçam, não vai acontecer nada. Agora lá tem recurso para a mobilidade, tem recurso para a educação, tem recurso para a área da saúde. Então é só você ter projetos e chegar lá e apresentar os seus projetos, mostrar que tem um projeto, para os ministros, convencer os ministros, e ter uma boa bancada que ajude a defender esses projetos.

O prefeito é bem articulado com o governo do estado. Falta essa articulação com o governo federal? 

Total.

O Paraná tem uma bancada prioritariamente de direita e nem isso ajuda a articulação com a bancada?  

Não. Não fazem nenhuma reunião com a bancada, para discutir um projeto estratégico para a cidade que precisa da ajuda dos deputados para ir buscar recurso em determinado ministério. E a gente tem feito isso, a gente conhece bem isso, como que funciona essa dinâmica.

Em relação à disputa em si, a gente tem um prefeito que, com as críticas que o senhor possa fazer, é bem avaliado. 

Super bem avaliado.

Um governador também bem avaliado e há um candidato do prefeito e do governador. Como convencer que as pessoas devem mudar, se elas estão satisfeitas?

Veja bem, eu acho que não é bem assim. Primeiro, tem que convencer as pessoas mostrando que você quer discutir um plano de governo para a cidade. Meu plano de governo de 2012 tem boa parte das coisas que estão acontecendo só agora, 12 anos depois. Então eu quero mostrar que dá para fazer muito mais, que não precisa dar um passinho, tem condição de dar um salto na cidade. Vamos mostrar as propostas na campanha, confrontar as propostas. Veja o Inter 2 [corredores de ônibus], por exemplo. Está aqui na página 155 do meu plano de governo de 2012 e está acontecendo agora. A cidade está bem cuidada, ninguém discute isso. Recapeada, asfalto pintado. Sempre foi uma cidade limpa, bem cuidada. Agora, nós sabemos que precisa fazer coisas que vão ao encontro das pessoas mais pobres, que mais precisam. Uma educação igual à das minhas netas hoje, igual à dos meus filhos, para as pessoas da periferia. Na saúde é a mesma coisa, nós tivemos uma perda muito grande. Nós temos a questão das especialidades médicas, uma fila enorme na ortopedia, na neurologia, em várias especialidades. Se você não partir para algumas ações concretas para tentar resolver isso, só vai aumentando e só vai piorando.

Em relação à parte política, o senhor está negociando com o PDT e o PT. Quem o senhor quer como vice, o Goura [PDT] ou um petista?

A gente vem discutindo desde o mês de junho, julho, um grupo de partidos que foi considerado uma frente progressista ou frente ampla, de que participam principalmente o PDT, PSB e a Federação [PT-PCdoB-PV]. E tem feito várias reuniões até o final do ano. Agora, este ano praticamente ficou mais por conta dos feriados e tudo mais. E depois essa questão de filiados, de janela partidária. Mas acho que hoje o Goura é candidato a prefeito, o PT tem pré-candidatos a prefeito, tem uma decisão ainda não finalizada pela nacional ainda. E também tem a questão do PSB, que tem candidatura própria, que é a minha. Então, acho que esse negócio de vice vai acontecer um pouco mais para frente, de coligação é mais para frente. É uma discussão que se faz às vésperas das convenções. E está todo mundo antecipando meses essa discussão. Então eu não tenho essa aflição de estar discutindo isso agora.

Mas o senhor quer o apoio do PT?

Eu quero. Quero o apoio da Federação. Se eu tiver o apoio do PDT também eu gostaria muito. O Goura é um grande parceiro, uma pessoa que se dá super bem. Mas não é uma coisa que tem que ser decidida agora.

Como lidar com essa rejeição de Curitiba ao PT, ao presidente Lula, tendo o apoio do PT? 

Acho que mostrando primeiro tudo o que a gente fez ao longo da nossa trajetória política. Segundo, mostrando também que nós temos programa e projeto de governo. Não entrar em uma discussão rasa de direita contra esquerda, que é o que interessa para os outros. Mostrar plano de governo e mostrar que o governo federal pode ajudar muito a gente a executar esses programas, esses projetos que nós estamos apresentando.

Estou perguntando da rejeição à esquerda. Lá em 2012, o que o senhor tinha era o contrário. Era a esquerda em grande parte considerando o senhor muito de direita. E agora o senhor tem de lidar com o outro tipo de resistência. 

Eu não consigo considerar isso que muita gente considera. Entendeu? Sabe, essa coisa assim, que lá você não era direita, lá era o que eu estava fazendo e que eu faria novamente. E o que eu vou fazer é o que eu não consegui fazer por ter perdido a eleição.

Por que o senhor perdeu a eleição em 2012?

Ah, não sei. Perdi a vaga no segundo turno por causa de 4 mil votos em Curitiba. Então, deve ter sido uma bobeira nossa de campanha. Acho que tem muitos detalhes de campanha, para você perder por pouco, é porque deu bobeira em alguma coisa.

Houve a questão do transporte, houve a questão do metrô…

Mas o metrô estava com projeto pronto, audiências públicas prontas, recurso pré-destinado, já tinha 1,8 bi do governo federal, 700 milhões no governo estadual. Eu não consegui licitar porque eu não consegui as autorizações necessárias para poder licitar. Eu não posso licitar por minha conta. Quando envolve outros entes, eu tenho que ter a autorização dos outros entes, faltou carta para dizer qual era o componente nacional.

E esse hoje é um projeto que parece abandonado? 

Não sei. Acho que para ter o assunto do metrô, da minha parte, tem que ser tratado pós-campanha, entendeu? Para ver realmente se existe viabilidade, se existe recurso, rever projeto, entendeu? Para o metrô não virar uma lenda urbana. Hoje você pode tratar como VLT, monorail, tem outras opções. Talvez tenha outras linhas mais prioritárias. Então, eu não vou tratar de metrô na campanha. Mas é um assunto que não deixa de estar no meu radar. Eu acho que é um assunto que, pra lidar com mobilidade urbana de verdade, vai ter que estar no radar um dia.

E a sua administração anterior é um argumento para votarem no senhor agora?

Eu sou servidor público da prefeitura desde 1988, quando passei no concurso de médico. Construí carreira, de pediatra no posto de saúde a chefe da Vigilância Sanitária, fiz a municipalização da vigilância e a municipalização do SUS, montei a primeira central de marcação de consultas especializadas do Brasil, primeira central de leitos. Em 1995, fui pro estado, a gente implantou todas as centrais de marcação de consulta, de leitos, 5 centrais de transplantes. Em 1998, o Cássio [Taniguchi, prefeito] me trouxe para ser secretário da saúde de Curitiba, e fizemos programas de referência nacional e internacional, como o Mãe Curitibana, e fomos a primeira cidade que informatizou a rede municipal. Fui vice-prefeito duas vezes, coordenei a implantação do plano de governo, do primeiro mandato, fui o coordenador das regionais. Virei prefeito, e em dois anos e meio fizemos grandes obras, entreguei 12 mil moradias. Fiz o Ligeirão Azul [ônibus articulado], o Hospital do Idoso, dois restaurantes populares. Uma grande gestão. Perdi a reeleição, e eleição você ganha ou perde, só participando pra saber como é. Estou no terceiro mandato de deputado federal e acho que essa experiência, somada à do Executivo em Curitiba, dá uma visão muito mais ampla do que eu tinha em 2012. Uma visão de segurança, de conhecer todos os caminhos de Brasília para buscar recursos, projetos para a cidade. Então, acho que estou muito bem preparado para voltar a administrar a cidade, com bons projetos para Curitiba.

O senhor foi muito ligado ao ex-governador Beto Richa. Como fazer campanha contra ele? 

Não vou fazer campanha contra o Richa, porque ele tem direito de ser candidato. Ele tem partido político, ele é presidente do PSDB, ele tem plenas condições de ser candidato a prefeito. Ele vai fazer a campanha dele, eu vou fazer a minha. Considerando que eu sempre fiz mais do que ele, porque eu fiquei dois anos e pouco a mais na prefeitura do que ele. Então, quando era vice-prefeito, eu somo tudo para mim, mas aquilo que eu fiz depois à parte, então dá um elenco maior de coisas. [Risos] Falei isso para ele, brincando: “Você fez quantos restaurantes populares?” Ele: “Fiz dois”. “Eu fiz quatro, fiz aqueles dois por ser vice-prefeito. Mais os dois por ser prefeito”. “Quantas casas? Você tem oito mil. Então, eu peguei aquelas oito, mais as minhas 12 mil, dá 20 mil!”.

E qual a expectativa de vereadores do PSB aqui em Curitiba? 

Em Curitiba é 3, 4. Chapa boa, chapa pura, sem vereador com mandato. Então, todo mundo está animado em disputar eleições em igualdade de condições, com chance realmente de se eleger.

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