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Indígenas Pankararu estão entre operários que construíram Palácio dos Bandeirantes e estádio do Morumbi, em SP


Exposições na sede do governo do estado e no Museu das Culturas Indígenas fazem reparação histórica sobre participação indígena na construção da cidade de São Paulo. Fotografia mostra como era o terreno do Palácio dos Bandeirantes durante a construção na década de 1940
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Da visibilidade cultural à invisibilidade social. Desde a década de 1990, pouca coisa mudou na comunidade do Real Parque, que antes era conhecida como Favela da Mandioca. É ali que os indígenas Pankararu lutam para preservar a sua própria história.
A partir da década de 1940, eles vieram de Pernambuco para São Paulo para trabalhar na construção civil. Muitos deles foram absorvidos como trabalhadores que ajudaram a erguer projetos importantes como o Estádio do Morumbi e o Palácio dos Bandeirantes. Com o que sobrava dessas obras, eles levantaram as próprias casas na antiga Favela da Mandioca. Esta é uma das descobertas trazidas na quarta e última reportagem da série Memórias Indígenas, do SP2.
“Seria importante preservar e ter essa história reconhecida nesses lugares. São Paulo foi e ainda hoje é construída por mãos Pankararu. Temos pedreiros, eletricistas e encanadores indígenas em todos os lugares”, explica Clarice Pankararu, presidente da Associação SOS Comunidade Indígena Pankararu.
Ela é uma importante voz na luta pela valorização e visibilidade dos descendentes desta etnia. “O fato de você ter saído da sua aldeia e ter vindo para São Paulo não te faz deixar de ser indígena”, reforça.
Mais de 50 anos depois, as mãos que um dia usaram a força para construir o Palácio dos Bandeirantes agora retomam o espaço por meio da arte. Uma nova narrativa ecoa. Pela primeira vez, uma obra de arte indígena faz parte do acervo do palácio.
Os traços na cor branca materializam a identidade do povo Pankararu e simbolizam o início de uma reparação histórica. A obra é do artista Aislan Pankararu e faz parte da exposição “São Paulo: Povo, Terra e Trabalho”, em cartaz no hall nobre do palácio desde o dia 22 de abril.
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Para celebrar esse marco histórico, os indígenas voltaram ao palácio e fizeram o ritual de celebração nos jardins conhecido “Toré”.
“Ter essa celebração, a Toré, aqui, é algo muito representativo. A gente está num espaço em que a nossa energia já está aqui através da mão de obra. É uma forma de ressignificar o nosso nome nesse espaço”, analisa Wes Pankararu, assistente social e ativista indígena.
A exposição traz mais de cem obras que contam a história da força de trabalho do povo paulista, como “Operários”, de Tarsila do Amaral, e “Casal Brasileiro”, de Alex Flemming.
“Eu acho que é sobre integrar. A população brasileira tem diversas caras, e a gente sempre contou uma história a partir da imigração italiana e do arquiteto italiano que desenhou esse palácio. Agora a gente pode trazer esse outro olhar mais representativo”, diz Raquel Vallego, curadora do acervo dos palácios do governo do estado de São Paulo.
Indígenas Pankararu celebram a presença dos povos originários na sede do governo do estado de SP com o ritual da Toré
Reprodução/TV Globo
Museu das Culturas Indígenas
Uma jiboia no meio da sala. É assim que o Museu das Culturas Indígenas recebe os visitantes e faz um convite à reflexão. Sentados no sofá-serpente, é possível ler dizeres como “Brasil é terra indígena” e “Cocar é sagrado, não é acessório”. Frases de um lugar dedicado aos povos originários e são eles, chamados de mestres de saberes, que conduzem esse mergulho centenário.
Sônia Ara Mirim foi protagonista na luta pela criação do primeiro museu indígena da capital em 2022. “Eu estou na luta desde 2013, por querer ver o melhor pelo povo com quem eu vivo. Até hoje nós não podemos sair com um grafismo no rosto. A gente sai de teimoso”, afirma.
No Museu das Culturas Indígenas são mais de dez etnias trabalhando para levar para o espaço o costume de cada povo originário. Tudo isso passa pela visão dos mestres de saberes.
Wes Pankararu observa a primeira obra de arte de um artista indígena no acervo do Palácio dos Bandeirantes
Reprodução/TV Globo
“Hoje são oito mestres de povos diferentes. A gente não tem nenhum museu em São Paulo com educativo indígena. Muitos recebem exposições indígenas, mas quem fala são pessoas despreparadas”, explica Cristine Takuá, diretora do Instituto Maracá e uma das responsáveis pelo acervo artístico.
Até o fim do mês o museu estará com uma programação dedicada ao Abril Indígena.
Serviço
Exposição “São Paulo: Povo, Terra e Trabalho”
Onde: Palácio dos Bandeirantes, na Avenida do Morumbi, 4.500, Morumbi, Zona Sul
Quando: De segunda a sexta, das 10h às 16h; aos sábados, às 10h e às 14h
Quanto: Gratuita e depende de agendamento pelo e-mail [email protected]
Museu das Culturas Indígenas
Onde: Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca. Zona Oeste (fica a 750 metros da estação Palmeiras-Barra Funda)
Quando: De terça a domingo, das 9h às 18h; na quinta, até as 20h
Quanto: R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia)
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