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Há mais de um mês, calouros da USP dormem em alojamento sob estádio enquanto aguardam vaga em dormitórios


Parte dos estudantes também aguarda auxílio-moradia de R$ 800. Universidade deu até 17 de maio para os alunos saírem da área, que fica sob arquibancadas. Dormitório do CEPEUSP, embaixo de arquibancada da USP, onde calouros aguardam ajuda para se instalarem em SP e continuarem estudando
Arquivo pessoal
Cerca de 51 alunos calouros da Universidade de São Paulo (USP) estão abrigados há mais de um mês debaixo de uma arquibancada do Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp). Segundo os estudantes, ficar no alojamento temporário foi a única saída para permanecer estudando enquanto aguardam vaga para morar no Conjunto Residencial da USP ou receber um auxílio-moradia de R$ 800.
A universidade esclarece que a autorização para os alunos ficarem alojados sob o estádio foi emergencial, e a decisão foi tomada após um pedido dos movimentos estudantis. Foi dado um prazo até 17 de maio para os estudantes saírem do local.
O improviso é visível: os alunos e a própria universidade afirmam que o espaço não foi projetado para ter quartos lotados e ocupados por um longo período. Os estudantes reclamam por não ter onde guardar seus pertences e da dificuldade de manter o local limpo. A disposição dos ambientes é propícia para o surgimento de mofo e para a proliferação de doenças entre os estudantes, como resfriados e gripes (veja fotos abaixo).
Há quatro dormitórios, sendo dois masculinos e dois femininos, cada um com nove camas. Nos quartos, roupas são estendidas nas beiradas das camas, há malas no chão e pouca ou nenhuma luz natural. Nos corredores, há rachaduras profundas nas paredes, além de vazamentos, pinturas descascando e buracos abertos.
Os estudantes também se queixam do calor e dizem que o único refresco que eles têm vem de dois ventiladores que ficam no chão, o que é pouco considerando as 18 pessoas que dormem ali.
Não há divisórias no banheiro masculino. No banheiro feminino elas existem, embora algumas portas tenham problemas para fechar. Dos boxes, apenas três têm água quente, então 18 meninas precisam se revezar.
Os calouros comem no refeitório da USP, que oferece comida por R$ 0,50 no café da manhã, R$ 2 no almoço e R$ 2 no jantar, mas aos domingos o local não abre, então eles relatam que precisam juntar o dinheiro para comprar algum alimento.
“Tem condições de a gente ficar lá e não precisa ficar passando pela questão insalubre do Cepe [estádio]. A gente agradece que teve o Cepe, porque senão a gente ia ficar na rua, mas no momento dá para ficar sem. A gente necessita pelo menos continuar no Cepe por enquanto, porque a gente não tem assistência nenhuma”, afirmou um universitário que pediu para não ser identificado.
Como funciona o auxílio-moradia
A USP conta com o Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (Papfe), que disponibiliza dois tipos de auxílio para estudantes de graduação e pós-graduação com dificuldades socioeconômicas:
Auxílio integral: com moradia no Conjunto Residencial da USP, o Crusp;
Auxílio parcial: oferece R$ 800 para o aluno poder procurar moradia em SP;
Em ambos os casos, os estudantes podem comer de graça nos restaurantes universitários.
Os movimentos estudantis dizem que algumas pessoas ainda estavam vindo de outras cidades e estados no início do ano letivo, em fevereiro, e aguardando o processo das comissões de heteroidentificação, que aprova alunos cotistas. Por isso, alguns alunos ainda não conseguiram se inscrever no programa da universidade e não tinham onde ficar.
Segundo relatos de calouros que estão se abrigando no Cepeusp, ainda há alunos chegando para morar no alojamento enquanto aguardam uma posição da USP. Somente na última semana, chegaram mais seis calouros com a saída de outros, já que o espaço é limitado.
Camas de calouros abrigados no Cepeusp
Arquivo pessoal
Segundo a USP, 35 alunos que estavam no dormitório do estádio já foram aprovados para receber o auxílio moradia de R$ 800, outros oito foram direcionados ao Crusp e outro oito não se enquadram nos critérios para receber nem auxílio nem moradia. Com isso, os alunos tinham até o dia 5 de abril para liberarem o espaço, mas isso não ocorreu.
Exceto os oito alunos que foram para o Conjunto Residencial, o restante dos calouros continua no Cepeusp por não conseguir pagar aluguel na região com o valor do auxílio nem terem recebido ajuda de custo da universidade.
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Para os alunos, há dois fatores que contribuíram para essa situação:
Muita burocracia, que diz respeito à quantidade de documentos que a universidade pede para os alunos interessados tentarem pleitear a vaga no Crusp ou receber o auxílio moradia de R$ 800;
Falta de manutenção e atenção da USP direcionada ao Crusp. Segundo os alunos, há muitas situações irregulares no local, como pessoas que não estão mais morando lá, mas, pela falta de atualização dos dados, a vaga não pode ser preenchida, e até ex-alunos que continuam morando no conjunto.
“A USP é muito burocrática. A gente está falando de vida humana, entendeu? Não pode ser burocrática uma questão de vida, uma questão de moradia. É desumano isso”, contou ao g1 um calouro que não quis se identificar.
O que diz a USP
“Esclarecimento da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento sobre alojamento no Cepe
A Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) esclarece que os alojamentos do Centro de Práticas Esportivas (Cepe) foram abertos no fim de fevereiro de 2024 para atendimento de uma demanda dos movimentos estudantis.
Naquele mês, o primeiro resultado do Programa de Apoio à Formação e Permanência Estudantil (PAPFE), que faz a seleção dos estudantes que serão beneficiados pelos auxílios concedidos pela Universidade, seria divulgado.
A Pró-Reitoria não queria que nenhum estudante que não tivesse sido contemplado pelo PAFPE ingressasse no alojamento ou nos quartos do Conjunto Residencial da USP (Crusp).
Entretanto, os estudantes e movimentos estudantis argumentaram que havia alunos que ainda aguardavam o segundo resultado do PAPFE (em 05/04), que havia pessoas que estavam vindo de longe, de outros Estados, e que estavam em um momento inicial sem ter onde ficar, que havia pessoas de outras listas da Fuvest, do Enem e do Provão Paulista que estavam passando pelo processo das comissões de heteroidentificação e que ainda não tinham conseguido se inscrever no PAPFE. A diretoria do Cepe, em atitude colaborativa, cedeu os alojamentos em caráter provisório e emergencial (eles não são previstos para moradia).
Então, por conta dessas questões, foi solicitado que houvesse uma medida emergencial. A partir dessa negociação, o alojamento do Cepe foi aberto e todas as pessoas que entraram no local assinaram um termo em que se comprometeram a sair assim que o resultado do PAPFE fosse divulgado (em 5 de abril, portanto). Todas as pessoas envolvidas estavam cientes de que essa era uma solução provisória.
Hoje, há três situações de estudantes no Cepe:
1. 35 alunos que receberam auxílio integral de R$ 800 e, portanto, devem buscar outros caminhos para sua moradia e sair do Cepe;
2. Oito alunos que tiveram vaga na moradia concedida e devem ir imediatamente para o Crusp;
3. Oito alunos que não receberam nenhum tipo de auxílio por não corresponderam ao perfil para a concessão dos benefícios.
A PRIP reitera que está sempre aberta ao diálogo para que a situação seja resolvida da melhor forma.
Os estudantes da situação 1 e 3 têm até 17 de maio para saírem dos alojamentos do Cepe. A PRIP reitera que está sempre aberta ao diálogo para que a situação seja resolvida da melhor forma.
* Depois da chamada, os calouros precisam se inscrever no programa de assistência de moradia presencialmente ou tem como se inscrever online? TODO SISTEMA É ON-LINE.”
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