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Área de mata em Valinhos é abrigo para animais e plantas; conheça algumas espécies


Mata próxima ao bairro Paiquerê é lar para aves, roedores e primatas. Risco de obras preocupa moradores, que tentam transformar local em área de conservação. Espécie endêmica da Mata Atlântica, o sauá é muito ágil e hábil saltador
Thiago Arruda
Quem passa pela conhecida região do bairro Paiquerê, em Valinhos (SP), famosa pelos condomínios residenciais, não imagina que ali ao lado um universo diferente se abre: uma área de mata, de cerca de 90 mil m², aparece como um “respiro verde” em meio ao concreto da cidade.
Basta um passeio pelo bosque que fica logo na entrada do bairro para os primeiros “encontros” acontecerem: o caxinguelê (Sciurus aestuans) é presença constante entre as bases de árvores, assim como os jacuguaçus (Penelope obscura) que surpreendem os visitantes, correndo pelas trilhas.
O som do ambiente fica por conta das gralhas-do-campo (Cyanocorax cristatellus) e do gavião-carijó (Rupornis magnirostris). Sem contar as saíras-amarelas, sanhaçus e sabiás.
Gavião-carijó é a espécie mais comum do Brasil e ocorre em todos os estados
Thiago Arruda
Além de ser casa para dezenas de espécies, o lugar contribui com o controle da poluição e do calor intenso da cidade, já que possui uma vasta sequência de árvores entre trechos de mata remanescente e outras extensões com mudas de replantio.
No alto, primatas improváveis para o lugar, como o sauá, já foram fotografados por observadores de aves que frequentemente visitam o local. O saí-azul, ave considerada rara dentro das cidades, também já foi flagrada.
“Sempre que venho passarinhar por aqui tenho algum encontro especial. Das últimas vezes encontrei a choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens) e o joão-teneném (Synallaxis spixi)” conta o observador de aves e morador de Valinhos, Thiago Arruda.
A choca-da-mata é vista frequentemente em bordas de matas e capoeiras entre ramos fechados das copas
Thiago Arruda
Além da prática da observação de aves, a mata urbana também é utilizada por ciclistas e demais moradores para caminhadas, corridas ou apenas para um momento de relaxamento junto à natureza.
“Parte desta área era um verdadeiro lixão, mas os moradores recuperaram tudo com o plantio de mudas nativas ao longo de décadas”, destaca Ronaldo Luiz de Alencar, vice-presidente da Associação dos Amigos dos Sítios de Recreio dos Cafezais e morador do bairro há 25 anos.
Entre as espécies já plantadas pelos moradores no local estão: jequitibá, babosa-branca, pau-d’alho, ipê-amarelo, ipê-roxo, guaçatonga, tingui-preto, pau-ferro, jambolão, peroba-rosa, ingá, figueira, amora-do-cerrado, entre outras.
Moradores do bairro durante plantio de mudas de árvores
Theodor Knoch
“Aqui recebemos a visita de muitos pássaros e outros animais silvestres. Percebemos que esse número tem aumentado visivelmente nos últimos anos, provavelmente por conta da destruição de outras áreas verdes dentro da nossa cidade”, comenta o vice-presidente.
Passado e futuro
Os primeiros moradores começaram a mudar para as chácaras desta área no início dos anos 80. Em abril de 1994, foi criada a Associação dos Amigos dos Sítios de Recreio dos Cafezais (AASRC), com o objetivo de proteger a mata e reflorestar áreas que foram degradadas.
Loteamento Sítios de Recreio dos Cafezais possui cerca de 90 mil m² e e é refúgio para centenas de moradores que escolheram o bairro próximo da natureza para morar
Google Maps
Recentemente uma preocupação tomou conta dos moradores do bairro: o risco de que uma parte dessa área verde possa ser transformada em uma via asfaltada, no intuito de melhorar o trânsito na região.
Segundo a prefeitura, a implantação da faixa não está nos planos da atual gestão e nem consta no projeto original do Plano Diretor do município. O que existe é uma emenda sobre a proposta, aprovada na Câmara de Vereadores.
No entanto, a administração municipal informou, via assessoria de imprensa, que a obra não será realizada neste mandato.
Os moradores, por meio da diretoria da associação, devem pedir ajuda do Ministério Público para acompanhar o caso para tentar garantir que a área seja protegida. Isso já tinha sido feito antes da emenda aprovada pela Câmara Municipal e por isso o pedido será reforçado.
Eles solicitaram ainda à prefeitura e à câmara a classificação da área verde como Área Estratégica de Conservação (AEC), mas ainda não tiveram retorno.
Para um outro morador do bairro, o empresário Roberto Zimmermann, não há necessidade de desmatar a área verde para melhorar a mobilidade urbana. Ele acredita em outras soluções que não envolvam mexer em um local tão importante para a vida silvestre da cidade.
A saíra-amarela costuma frequentar comedouros e árvores com frutos maduros, como a aroeira-vermelha e magnólias
Thiago Arruda
Para o biólogo Luciano Lima, que visitou a área recentemente para uma gravação do Terra da Gente, o espaço é um novo lar para animais que perderam seu habitat e deveria ser valorizado como ponto de contemplação da natureza.
“Aqui poderia ser um parque natural para as pessoas poderem conhecer mais sobre as plantas e animais que existem aqui. Seria uma ótima oportunidade de fazer toda a cidade conhecer esse espaço e cuidar dele”, afirma.
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