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‘Pequenas Cientistas’: professoras e alunas da UFSCar de Sorocaba coordenam projeto que incentiva participação de meninas na ciência


Iniciado em 2017, o projeto promove aulas e atividades no campus da Ufscar de Sorocaba (SP) e leva meninas em idade escolar para conhecer o trabalho de pesquisadoras. Professoras e alunas da Ufscar coordenam projeto para incentivar participação de meninas na ciência
Rede Social/Reprodução
Professoras e alunas da Ufscar coordenam projeto para incentivar participação de meninas na ciência
Redes Sociais/Reprodução
Aprender a manipular um microscópio para observar microorganismos, produzir papel reciclado e até lançar um foguete, essas foram algumas das atividades vividas pelas participantes do projeto Pequenas Cientistas, coordenado por alunas e professoras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) de Sorocaba (SP).
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Fabiane Seixas Giungi é mãe de Marina Seixas, de 10 anos, que participou da edição do projeto este ano. Fabiane diz que a filha relata em detalhes tudo que aprende durante as aulas.
“Ela me mostra fotos e materiais que evidenciam esses trabalhos. O bonitinho é que ela fala que, na noite anterior, mal consegue dormir de tão ansiosa pelo dia de ir ao projeto.”
Fabiane inscreveu Marina no projeto sem avisá-la. Ela diz que tinha receio de que a filha não fosse selecionada e decidiu manter em segredo, para caso não desse certo. E para a surpresa das duas, a inscrição de Marina foi aceita e a reação da menina ao receber a notícia foi muito positiva.
“Marina é uma criança bem curiosa quando se trata de fazer misturas para explorar diferentes reações e resultados. Ela também é encantada pela natureza e por assuntos da astronomia.” detalha Fabiane.
Marina conta pra mãe as experiências vividas nas aulas teóricas e práticas do projeto da Ufscar que ensina ciência para meninas
Arquivo Pessoal
O projeto de extensão Pequenas Cientistas é realizado no campus da UFSCar de Sorocaba. Surgiu da necessidade de diminuir as desigualdades de gênero nas carreiras científicas, por meio do estímulo ao interesse de meninas nas carreiras de ciências da natureza e engenharias no Brasil. A primeira edição aconteceu em 2017.
À frente da coordenação da edição deste ano, a professora Maria José Fontana Gebara, do Departamento de Física, Química e Matemática da UFSCar, explique que a intenção também é aproximar escolas públicas e privadas de educação básica de um espaço universitário.
“Na UFSCar, a proposta nasce como uma extensão do projeto Meninas com Ciência, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Logo em seguida, o projeto se desvincula e passa a ser chamado de Pequenas Cientistas.”
Podem participar meninas que estejam cursando do 6º ao 9º ano de escolas públicas ou privadas. A faixa-etária atendida é de, aproximadamente, 10 a 14 anos.
De acordo com Maria Gebara, são 50 vagas sorteadas por turma. A primeira turma deste ano teve início no dia 13 de abril. As aulas acontecem aos sábado, das 8h às 17h, por um mês. A última aula foi neste sábado (4).
“Nesse período, as meninas participam de oficinas, palestras, atividades de laboratório, debates, fazem as refeições no restaurante universitário, enfim, têm a oportunidade de conhecer todos os nossos espaços.” conta a coordenadora.
Alunas e professoras da Ufscar e de outras universidades coordenam projeto voltado para meninas de 10 a 14 anos
Redes Sociais/Reprodução
Todo o projeto é pensado, planejado e executado por mulheres. A maioria das professoras são da UFSCar, mas há contribuição de professoras de outras instituições. A coordenadora explica que a edição deste ano contou com a participação de cerca de 50 mulheres. “Temos as meninas da organização, alunas de graduação e de pós-graduação da UFSCar e de outras universidades. Todas nós atuamos voluntariamente.”
Thais Renata da Silva Franci, formada em ciências biológicas pela UFSCar de Sorocaba, é uma das monitoras do projeto desde 2019.
“Estava no meu 3º ano de faculdade e soube do projeto, me inscrevi e fui selecionada para ser monitora. Como monitora, fico responsável por um grupo de cinco meninas, acompanho elas a todo momento, desde a chegada à universidade até a saída.”
Segundo Thais, as edições presenciais do projeto foram interrompidas em 2020, por causa da pandemia da Covid-19. Em 2021, a organização realizou uma edição pela internet. Neste ano, o projeto foi retomado de forma presencial.
Alunas desenvolveram atividade artística durante o projeto da Ufscar de Sorocaba (SP)
Redes Sociais/Reprodução
Protagonistas
Para Fabiane, a iniciativa é uma porta que se abre diante das meninas e permite que elas acessem interesses e talentos ainda não descobertos.
“Incentiva a se verem como protagonistas em suas histórias e a buscarem seus sonhos e desejos com confiança e determinação. A convivência com mulheres cientistas faz com que paradigmas de gênero sejam quebrados e mostra que não há limites para o que as mulheres querem, são capazes e podem alcançar”, aponta a mãe de Marina, Fabiane.
A menina ainda estuda as possibilidades profissionais do futuro que lhe espera. As opções que Marina cita são diversificadas, desde atriz à jogadora de futebol.
“Ela nunca mencionou querer ser cientista. Mas, como mãe, reconheço o quão é importante o conhecimento para o desenvolvimento na vida dela, e como ele pode despertar interesses e identidades até então desconhecidas por ela.”
Marina Seixas Giungi, de 10 anos, participou da edição deste ano do projeto Pequenas Cientistas, na Ufscar de Sorocaba (SP)
Arquivo Pessoal
Obstáculos e avanços
Para a professora e doutora Maria Gebara, os avanços contra a desigualdade de gênero na ciência ainda caminham devagar.
“Dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) mostram que quase 61% das matrículas no ensino superior são de mulheres, mas nas ciências naturais, matemática e estatística elas ocupam pouco mais de 50% das vagas; nas engenharias as mulheres ocupam 35% das vagas; e nas áreas de tecnologia da informação, 15% das vagas.”
Além da falta de incentivo para que as jovens ocupem campos científicos, a coordenadora do projeto ressalta que a carreira acadêmica da mulher é marcada por preconceitos que profissionais homens não enfrentam.
“Somos punidas pelo período de afastamento após o nascimento dos filhos, por exemplo. A licença maternidade é julgada como “improdutiva”, um impacto negativo na carreira.”
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Em um mundo que coloca mulheres em constante desvantagem, as descobertas cientíticas feitas por elas contribuem para o avanço da humanidade.
Uma dessas descobertas foi marcante em meio à pandemia da Covid-19. Duas cientistas brasileiras da Universidade de São Paulo (USP), Jaqueline de Jesus e Ester Sabino, tiveram papel fundamental no sequenciamento do genoma do coronavírus apenas 48 horas depois da confirmação do primeiro caso no Brasil.
Aproximar realidades
A possibilidade de falar sobre o cenário desafiador e, consequentemente, poder cobrar ações que mudem o status quo, é um dos avanços conquistados pela luta das mulheres cientistas, analisa Maria.
A coordenadora também enxerga que mostrar que cientistas são mulheres comuns aproxima a realidade das meninas das delas.
“Mostramos que mulheres cientistas também são mães e filhas, são jovens, tem cabelos coloridos, usam piercing, gostam das músicas que as meninas gostam. São pessoas normais. Ou seja, ser cientista é uma possibilidade real”, completa.
Nas palavras de jovem cientista Marina, a experiência foi incrível e inexplicável: “Amei e faria de novo”.
Marina Seixas Giungi, participante do projeto Pequenas Cientistas, diz que amou realizar as atividades
Arquivo Pessoal
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