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Homem com pedras no rim espera há 12 anos por tratamento no litoral de SP: ‘abandonado’


Osni Lopes Guerrero, de 57 anos, convive com cólicas renais intensas desde 2012. Ele pretende entrar na Justiça para conseguir uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Osni na UPA de Itanhaém. Círculo mostra a maior pedra no rim do paciente, outros cálculos não conseguem ser vistos por este exame.
Arquivo pessoal
Um morador de Itanhaém, no litoral de São Paulo, está há 12 anos sofrendo com cólicas renais causadas por pedras no rim. O motorista Osni Lopes Guerrero, de 57, contou ao g1 neste domingo (5) que não aguenta mais viver com as dores e pretende entrar na Justiça para conseguir uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Me sinto abandonado”, afirmou ele.
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Osni procurou orientação médica na Unidade de Saúde da Família (USF) Grandesp de Itanhaém assim que as cólicas renais começaram em 2012. Na ocasião, ele recebeu uma solicitação para realizar uma ultrassonografia no abdômen e foi informado que uma equipe entraria em contato para o agendamento.
Desde as primeiras cólicas renais, a rotina do motorista mudou. Ele ficou desempregado e vai com frequência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itanhaém em busca de soluções para as fortes dores. No sábado (3), inclusive, ele passou o dia no hospital. “Daqui a pouco eu vou colocar uma barraca aqui [UPA] e ficar aqui na porta porque a dor não para”.
Espera de 12 anos
Segundo o motorista, os funcionários da USF foram até a casa dele somente em 2017 e o contato não foi para o agendamento do exame que Osni esperava desde 2012. “Eu fiquei aguardando eles me chamarem por cinco anos. Eles me devolveram os papéis [solicitação do exame] e falaram: ‘Perderam o seu prontuário. Você vai ter que ir no posto dar entrada e começar tudo de novo”.
O motorista explicou à equipe de reportagem que só recebeu o diagnóstico de pedras no rim direito em 2021, quando conseguiu realizar uma ultrassonografia e foi encaminhado para um urologista no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Praia Grande (SP).
O g1 teve acesso aos últimos laudos de Osni no AME. Em 2022, o relatório apontou que Osni estava indo frequentemente ao hospital com cólicas renais intensas, considerada uma das piores dores da medicina (leia mais abaixo). Na ocasião, o médico solicitou novos exames e relatou que só a ultrassonografia de 2021 não era o suficiente.
No mesmo ano, ele retornou ao AME e o urologista constatou que ele estava com uma pedra no rim direito de 2,7 centímetros, além de outros múltiplos cálculos renais que não conseguem ser vistos no exame acima. “Dali para cá não sei como a pedra [maior] está, deve ter dobrado de tamanho”.
Osni recebeu encaminhamento para cirurgia em 2022, mas nunca mais teve retorno.
“A consideração é zero. O médico que descobriu essa situação já até saiu do postinho e eu estou aqui aguardando a morte chegar”, lamentou o motorista.
Em nota, o AME informou que está verificando o caso e entrará em contato com o paciente na semana que vem para informar sobre os próximos procedimentos. A Prefeitura de Itanhaém, por sua vez, pediu ao morador para entrar em contato com a coordenação da USF para esclarecimentos e orientações.
Pedra no rim
O cálculo renal é uma massa que tende a aparecer nos rins ou em outros trechos das vias urinárias, normalmente como resultado de um acúmulo de cristais existentes na urina. Por serem rígidas, essas formações são chamadas de pedras, e elas podem ser formadas por diferentes tipos de substâncias.
O professor e médico clínico Carlos Machado explicou ao g1 que as pedras podem causar fortes dores, assim como as sentidas por Osni há 12 anos.
“A dor da cólica renal é considerada uma das piores dores da Medicina. Por exemplo, quem teve um parto normal fala que o parto foi mais fácil do que a cólica renal”, contou o especialista.
Para Carlos, o tratamento ideal é fazer com que os cálculos renais saiam com medicamentos e hidratação. No caso de Osni, o especialista explicou que a intervenção cirúrgica é necessária porque as pedras acima de um centímetro são grandes o suficiente para não conseguirem sair pela urina.
O médico acrescentou ainda que a espera de tratamento faz com que o cálculo renal aumente cada vez mais e prejudique o funcionamento dos rins. “[O aumento] pode causar uma infecção de repetição, uma perda progressiva dos filtros e desenvolver uma insuficiência renal crônica. Este é o problema”.
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