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Caminho da Mata Atlântica: argentina de 25 anos é 1ª pessoa a tentar percorrer trecho de 4 mil km


Jornada começou em março e deve durar até novembro. Entenda como foi a preparação de Julieta Santamaria para encarar o desafio. Julieta Santamaria, de 25 anos, é a primeira pessoa a encarar a missão de percorrer o Caminho da Mata Atlântica
Arquivo pessoal/Julieta Santamaria
Qual foi o maior desafio da sua vida? E se o maior desafio da sua vida fosse percorrer uma trilha de 4 mil km que atravessa cinco estados brasileiros e 132 municípios?
A primeira pessoa a encarar essa missão foi a argentina Julieta Santamaria, de 25 anos. E a trilha da qual falamos é o Caminho da Mata Atlântica, que liga o Rio de Janeiro o Rio Grande do Sul.
Julieta nasceu em Buenos Aires, capital portenha que reúne contemporaneidade e preservação histórica. Por lá, chamam a atenção também as comidas típicas e a rica cultura. Buenos Aires é uma grande metrópole que, como várias outras, possui apenas algumas ilhas verdes em meio à urbanização.
Argentina percorreu 90 km de bicicleta durante trecho do Caminho da Mata Atlântica
Arquivo pessoal/Julieta Santamaria
Por conta disso, ela conta que o desafio de encarar o Brasil tem um “tempero” especial. Julieta chegou por aqui em fevereiro de 2023 e viajou fazendo voluntariado em hostels até chegar em Ilhabela (SP), onde arrumou um trabalho e se instalou por oito meses.
“Sempre tive muita vontade de viajar o mundo e conhecer lugares diferentes, mas as questões financeiras me impediam. Quando estava com 22 anos, eu trabalhava em dois empregos e ainda dividia o tempo com um curso de licenciatura em Logística. Percebi que aquilo não era para mim e então abandonei o curso e vim para o Brasil pela primeira vez”, relata.
Julieta veio ao Brasil para conhecer uma cultura diferente e se encantou com a biodiversidade do país
Arquivo pessoal/Julieta Santamaria
O que a motivou a escolher o Brasil foi o fato de poder se encontrar com uma cultura e uma língua diferente, além de ter a possibilidade de conhecer uma das coisas que o país tem de melhor: a biodiversidade.
Relação com a natureza
Julieta morava em Burzaco, no município de Almirante Brown que fica localizado dentro da Província de Buenos Aires. Nessa região, há poucas opções de área verde, o que a impede de ter um contato maior com a natureza.
Os pontos de lazer ficam restritos, segundo ela, para atividades de patins, bicicleta ou caminhadas. “No Brasil, sinto que estou aprendendo muito sobre a natureza e também criando uma conexão. Eu sou da cidade então é o primeiro contato forte de estar no mato mesmo”.
“As pessoas que conheci desde o primeiro dia que cheguei no país têm uma forte ligação com o meio ambiente e eu percebo que isso reflete muito no cuidado e respeito que eles têm com a terra. Eles me ensinam muito. Gostaria que todos aprendessem a cuidar do ambiente em que moramos”, acrescenta.
Angra dos Reis, do alto do Pico do Frade, montanha rochosa com cerca de 1.500 metros de altitude
Arquivo pessoal/Julieta Santamaria
Julieta descobriu a trilha Caminho da Mata Atlântica através de um amigo que fez no hostel onde estava hospedada em Ilhabela.
“Nós começamos a compartilhar experiências. Ele contou sobre algumas trilhas que já havia feito e eu mencionei uma incrível na Patagônia que tinha realizado. Ele então me perguntou se eu nunca tinha ouvido falar do Caminho da Mata Atlântica e falou: ‘acho que você consegue fazer’. Fiquei um três dias absorvendo o que ele tinha dito e num determinado dia acordei determinada a enfrentar”, diz ela.
Para encarar a maior trilha contínua em implementação no Brasil, que liga o Parque Estadual do Desengano, no Rio de Janeiro, ao Parque Nacional dos Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul, a preparação começou bem antes.
Superação
A argentina de 25 anos passou meses se preparando para a grande aventura. Precisou mudar os hábitos alimentares, realizar treinos de resistência e até deixar de lado as bebidas alcóolicas.
“Fiz caminhadas extensas com mochila nas costas, treinei corrida, rodava a ilha toda de bicicleta e depois pulava no mar para nadar e ver como estava minha resistência”.
“Enfrentei chuva, sol, frio e calor. Foram meses de muito esforço, em que tive que primeiro entender meu corpo, as minhas necessidades, o que me dava energia e o que não dava. Foi um período difícil. O desafio maior era e ainda continua sendo manter a mente tranquila”, pontua.
Julieta começou a expedição no dia 3 de março de 2024, no município de Santa Maria Madalena (RJ) e acredita que encerrará em novembro.
Até o momento, já percorreu quase 700 km, sendo somente 90 km de bicicleta e o restante a pé. Apesar da previsão de finalizar a trilha em novembro, ela não coloca um tempo limite, pois quer aproveitar cada dia e cada situação que se apresenta para ela.
Lugar mais bonito da trilha

Para Julieta, o lugar mais bonito até agora foi a travessia entre as cidades de Teresópolis e Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, trecho que fez acompanhada do guia Carlos Alberto Martins da Silva. “Foi uma experiência incrível”, comenta.
Travessia Teresópolis-Petrópolis foi o lugar preferido de Julieta até aqui
Arquivo pessoal/Julieta Santamaria
Embora tenha percorrido a trilha praticamente sozinha, a argentina conta que em alguns trechos encontrou pessoas que se sentem inspiradas e decidem seguir com ela, o que a deixa muito feliz. “Sem eles o caminho não ficaria do mesmo jeito”, comenta.
O próximo destino será São Paulo, onde acredita que os desafios serão um pouco maiores. Segundo ela, as principais dificuldades nesses quase 700 km percorridos foram relacionadas ao calor, alguns trechos que não conseguiu fazer e a falta de água, problemas que ela não vê como graves.
Transformação

Julieta conta que ser a primeira pessoa a percorrer o Caminho da Mata Atlântica gera uma mistura de emoções já que agora, com a maior visibilidade de sua história, sente-se responsável por orgulhar quem acredita nela e na jornada que vem trilhando.
“Eu espero realmente que fazer a trilha abra muitas portas para mim, mas já está me transformando, está sendo muito enriquecedor”, afirma.
Julieta completa o primeiro dos cinco estados que compõem o Caminho da Mata Atlântica: o Rio de Janeiro.
Arquivo pessoal/Julieta Santamaria
A argentina explica que já não se sente mais a mesma de dois meses atrás, e acredita que se as pessoas fizessem trilhas – não necessariamente o CMA – mudariam o jeito de pensar e de viver o dia a dia, assim como aconteceu com ela.
“Resolvi fazer a trilha pelo que senti no momento que soube dela, e porque justamente ia ter muitos desafios, coisas que ia ter que solucionar sozinha, coisas que ia aprender”.
Segundo Julieta, conforme a trilha for ganhando mais visibilidade, possivelmente outros se interessarão por percorrê-la. “Eu mesma vejo e recebo vídeos de palestras falando sobre a caminhada que estou fazendo. Acho isso muito irado, estar inspirando as pessoas, receber mensagens que dizem que estou caminhando por elas e muita coisa mais”, finaliza orgulhosa.
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