Nos primeiros dias de maio choveu 126 mm, ou seja, 31% em relação à média geral histórica do período mensal. Prefeitura informou que ‘estabeleceu um comitê de crise e está realizando a limpeza das ruas afetadas’ As chuvas começaram por volta de 22h e seguiram até a manhã desta segunda-feira (6).
Arquivo Pessoal
Uma forte chuva que caiu na madrugada desta segunda-feira (6) deixou ruas alagadas em Caracaraí, município ao Sul de Roraima. Com o grande volume de água, moradores acordaram com a casa alagada e um posto de gasolina chegou a inundar.
As chuvas iniciaram por volta das 22h de domingo (25) e seguiram até a manhã de hoje. Nos primeiros dias de maio choveu 126 mm, ou seja, 31% em relação à média geral histórica do período mensal, segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh).
Procurada, a prefeitura do município informou que estabeleceu um comitê de crise e está realizando a limpeza das ruas afetadas. Equipes estão mobilizadas em todos os pontos de alagamento do município.
“Hoje (6) a Secretaria Municipal de Obras já iniciou a limpeza das valas para melhor escoamento da água e está realizando a limpeza das ruas afetadas. Em relação às casas que sofreram com o alagamento na última noite, a Secretaria de Ação Social já está em contato com as famílias e tomando as devidas providências”, completou.
Em um vídeo, um morador do bairro São José Operário aparece em uma canoa durante a chuva em uma das ruas que ficaram alagadas pela chuva (veja mais abaixo). Outro registro mostra uma casa alagada no bairro São Jorge, um dos mais baixos da cidade.
O servidor público Maycon Ferreira, de 27 anos, morador na residência e contou ao g1 que percebeu que a chuva havia entrado em casa às 8h da manhã. Outras casas também ficaram alagadas, segundo ele. A família não perdeu nada de valor.
“Quando chove um volume grande de chuva assim a água da rua vem toda para o quintal, mas raramente entra na casa, dessa vez nos pegou de surpresa. Graças a Deus não perdemos nada de valor, só molhou o sofá e o guarda-roupa, infelizmente”, disse.
A sede do município de Cararacaí, conhecida como cidade porto, fica às margens do Rio Branco, o principal de Roraima. Segundo a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima, o nível do rio na cidade é 2,25 m positivos nesta segunda-feira.
Em 2018, quando o rio branco atingiu a marca de 9,23 metros, famílias ficaram desalojadas e escolas foram alagadas. Com as chuvas que atingiram a região à época, estradas e vicinais ficaram alagadas, bloqueando o acesso a esses locais.
Vídeo mostra a casa inundada pela água da chuva que caiu nesta madrugada.
Arquivo Pessoal
Na avaliação do coronel da Defesa Civil Cleudiomar Ferreira, os alagamentos ocorrem devido à falta de escoamento no município. No momento, ele classifica como “alagamentos pontuais”, onde o escoamento da chuva é mais lento.
“Não é problema de enchente, o que seria uma situação mais grave. É claro que essa situação é também muito séria, pois afeta a população que vive nesses bairros […] há um problema crônico de falta de planejamento e execução de obras de urbanismo, onde sejam feitas estruturas de escoamento das águas pluviais dentro das cidades”, explicou.
Em outro vídeo, um posto de gasolina próximo a BR-174 aparece também alagado. No vídeo, o morador que grava diz que está “tudo dentro da água”.
Posto de gasolina ficou alagado devido às chuvas.
Arquivo Pessoal
Ainda segundo a Femarh, com o fenômeno La Ninã, evento climático que impacta na frequência de chuvas, o esperado é que chova acima da média de 404 milímetros esperados para o mês de maio.
🟠O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de laranja para perigo de chuva até esta terça-feira (7) para os municípios de Bonfim,Cantá, Caracaraí, Caroebe, Rorainópolis, São João da Baliza e São Luiz. Isso significa que podem ocorrer chuvas de 30 e 60 mm/h ou até 100 mm por dia, e ventos intensos (60-100 km/h).
🟡 O Inmet emitiu também um alerta amarelo para perigos potenciais de chuva até esta terça-feira (7). Com isso, podem ocorrer chuvas de 20 e 30 mm/h ou até 50 mm por dia, ventos intensos (40-60 km/h). Os municípios são Alto Alegre, Amajari, Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Normandia, Pacaraima e Uiramutã.
Homem usa canoa em rua no município de Caracaraí
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🌧️ Início do período chuvoso
O período chuvoso começou oficialmente em Roraima no mês de abril após o estado bater o recorde da série histórica de focos de calor nos meses de fevereiro e março de 2024, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estado liderou o número de focos de calor do país em 2024 e concentrou 28% do total. Com a falta de chuvas, rios secaram e houve ocorrências de incêndios florestais que consumiu casas, animais e a vegetação.
🔥 Nos meses de fevereiro e março, Roraima foi consumida pelas chamas. A seca severa, que aumenta as possibilidades de incêndio, reduziu a vazão dos principais rios e levou 14 dos 15 municípios a decretarem emergência.
💧 Além da diminuição dos focos de calor, o início do período chuvoso causou o aumento do nível do Rio Branco, o principal de Roraima. Devido aos efeitos da seca no estado, intensificada pelo fenômeno El Niño, o curso d’água chegou a registrar 39 centímetros negativos, a segunda maior seca da história.
Com início de chuvas em Roraima, focos de calor diminuem 76,6% após estado bater recorde em 2024
Agora, o rio voltou a atingir níveis positivos de acordo com a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), nesta segunda-feira (6) chegou a 1,38 centímetros. No Rio Branco, as dunas de areia tomaram conta da paisagem e a água corrente deu lugar à praia extensa.
Com os incêndios, a qualidade do ar em Boa Vista chegou a ser considerada péssima e a capital ficou encoberta por fumaça por vários dias. No fim de março, o nível de poluição do ar chegou a superar São Paulo e capital do Vietnã.
Com o início das chuvas, um trecho da BR-174, a principal rodovia do estado, na região do município do Amajari, ao Norte de Roraima, chegou a alagar após a região próxima ao rio Internacional inundar. No mesmo município, as chuvas trouxeram de volta as águas nas cachoeiras de Tepequém, a principal região turística de Roraima.
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