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Familiares de menino morto com sinais de tortura citam negligência e dizem que criança ia à escola com marcas de agressão


Caso ocorreu em Vinhedo (SP). Pai a madrasta foram presos pelo Polícia Civil suspeitos pelo crime e tiveram a prisão preventiva decretada durante custódia. Familiares de menino morto com sinais de tortura afirmam ter alertado o Conselho Tutelar
O velório de Gustavo Henrique Cardoso, de oito anos, encontrado morto com sinais de tortura, foi marcado por revolta nesta terça-feira (7) em Vinhedo (SP). Familiares do menino e amigos da família acusaram o Conselho Tutelar e outros órgãos públicos da cidade de negligência e disseram que denunciaram as agressões ao menino.
“Foi uma omissão, uma negligência tanto do Conselho Tutelar, quanto da escola onde a criança estudava. A criança ia para a escola roxo, com marcas de corda, com marcas de mordida e ninguém falava nada. A gente acionava o Conselho Tutelar e simplesmente eles cometiam negligência. Eles até foram, mas disseram que tinha que chegar ao extremo para que eles pudessem fazer alguma coisa. O extremo está aí, infelizmente”, afirmou à EPTV, afiliada da Globo, Wagner Adriano de Souza, amigo da família.
O Conselho Tutelar afirmou que o menino era acompanhado e seria ouvido pela Secretaria Municipal de Assistência Social, no entanto, pai e madrasta não levaram a criança no dia marcado. A Secretaria Municipal de Educação alegou que o menino não frequentava a escola há dois meses e que comunicou a ausência dele ao Conselho Tutelar.
O pai Pedro Vitor Joseph do Prado e a madrasta Camila Luiz Gomes da Silva, ambos de 26 anos, foram presos e devem responder por homicídio triplamente qualificado e tortura. Ambos passaram por audiência de custódia nesta terça e tiveram a prisão preventiva decretada.
Tia diz que acionou o Conselho Tutelar
Suelen Fernanda Vital, tia do Gustavo, afirmou que pediu ajuda a vários órgãos, mas não conseguiu tirar o menino do pai. “Foram mais de sete ou oito vezes que eu cheguei a denunciar, fora ligações no disque denúncia, na Guarda Municipal, na [Polícia] Militar. A Polícia chegou a ir várias vezes lá na casa da minha mãe”.
“[O conselho] falava que tinha que ter provas. Que eu tinha que ter provas para tirar ele de lá. Que sem prova não podia fazer nada. Eles foram negligentes do começo ao final porque não forma só as minhas denúncias. Tia, tios também foram lá denunciar. Se eles tivessem feito alguma coisa hoje o Gustavo podia estar vivo”, disse Suelen.
A delegada Denise Florêncio Margarido, titular da Delegacia de Vinhedo, informou que vai apurar se houve negligência.
Conselho Tutelar de Vinhedo
Reprodução/EPTV
Caixão lacrado
Segundo a avô do menino, Irma Cardoso, o enterro teve que ser com o caixão lacrado por conta das marcas que ficaram na criança. O corpo de Gustavo foi sepultado no Cemitério Municipalde Vinhedo.
“Se vocês vissem o jeito que eu reconheci meu neto, todo deformado, no caixãozinho lacrado. Teve nem condições de ter aberto o caixãozinho dele. Eu sou mãe e avô e sei o que minha filha está sentindo. Eu vou gritar mesmo a favor do meu neto. Não vai ficar assim”, afirmou.
Gustavo Henrique Cardoso, de 8 anos, morto com sinais de tortura em Vinhedo
Reprodução/EPTV
Conselho Tutelar diz que acompanhava o caso
O Conselho Tutelar de Vinhedo (SP) informou nesta terça-feira (7) que o caso de Gustavo era acompanhado e que o menino seria ouvido pela Secretaria Municipal de Assistência Social. No entanto, o pai e a madrasta, que são suspeitos do crime, não o levaram para atendimento.
O órgão afirma que deu os encaminhamentos necessários ao caso, conforme previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas a Polícia Civil deve apurar se houve negligência. A Secretaria Municipal de Educação disse em nota que o garoto não frequentava a escola há dois meses e que informou no Conselho Tutelar há mais de um mês (veja mais abaixo).
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A informação foi dada à EPTV, afiliada da TV Globo. De acordo com o órgão, após uma denúncia anônima de maus-tratos, os conselheiros entraram em contato com o casal e eles prestaram depoimento na unidade. Depois, foram encaminhados para atendimento psicológico com foco em saúde mental.
Gustavo também deveria passar por uma escuta especializada, mas isso não ocorreu. A criança foi encontrada nua e com sangramentos pelo corpo em um imóvel no Parque das Paineiras, por volta do meio-dia de segunda-feira (6). Segundo a Polícia Civil, uma perícia inicial apontou lesões antigas e morte por espancamento.
O g1 pediu uma posição à Secretaria de Assistência Social sobre a afirmação do Conselho Tutelar e aguarda retorno.
Crime aconteceu em Vinhedo
Reprodução/EPTV
Pai foi notificado
O Conselho Tutelar informou que deu todos os encaminhamentos previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e que o pai foi notificado por não aderir aos serviços oferecidos. Destacou ainda que pediu um relatório à escola onde Gustavo estudava e que não foi encontrado nenhum indício de maus-tratos ou negligência.
O órgão alega que seguiu rigorosamente todos os protocolos e lamentou que não houve tempo suficiente para intervenções mais incisivas.
Menino não frequentava a escola há dois meses
Apesar dessa explicação, a própria Secretaria de Educação de Vinhedo informou que Gustavo não frequentava a escola há mais de dois meses. O fato foi comunicado ao Conselho Tutelar no dia 22 de março e ressaltou que uma possível negligência do órgão está sendo investigada pela Polícia Civil.
A administração municipal disse que, até o início do ano, professores e coordenadores da escola não notaram nada de estranho na conduta do menino. Além disso, não há nenhum registro de denúncia na Guarda Municipal, apenas o que foi feito na segunda.
A Secretaria de Segurança Pública foi procurada, assim como o Ministério Público, mas não houve retorno. O Tribunal de Justiça informou que o processo tramita em segredo.
Denúncias de maus-tratos
Segundo familiares, Gustavo foi abandonado pela mãe, que teria problemas psiquiátricos. Inicialmente ficou sob os cuidados das tias, pois o pai cumpriu cinco anos de prisão pelo crime de roubo. Mais tarde, o homem conseguiu a guarda e o menino foi morar com o casal há cerca de um ano e meio.
Nesse período, surgiram as denúncias maus-tratos, como conta Suelen Prado, tia da vítima. “Deixava o moleque amarrado. Eu tentei várias e várias vezes, várias vezes liguei para o conselho pedindo ajuda para tirar o moleque de lá, de alguma forma tirar ele daquela situação, mas não fizeram nada”.
Pai e madrasta presos
Pai e madrasta são presos suspeitos de matar criança com sinais de tortura em Vinhedo
Redes sociais
Pedro Vitor Joseph do Prado e Camila Luiz Gomes da Silva, ambos de 26 anos, foram presos na segunda-feira (6). Durante a madrugada, o homem teria pedido ajuda à irmã, que é técnica de enfermagem. A mulher viu o menino sufocando e tentou reanimá-lo, mas não teve sucesso.
À polícia, a tia relatou que Pedro “ficou muito nervoso” e que ela e a mãe foram trancadas na casa, sem o aparelho celular. Enquanto isso, ele e Camila tentaram fugir da cena do crime. Quando perceberam que o casal não estava mais lá, as duas mulheres conseguiram sair e foram para a delegacia.
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