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‘Esperávamos muito mais’, lamenta pai de garoto morto na BA após condenação de ex-policial e absolvição de comandante


Joel tinha 10 anos quando foi baleado na cabeça, dentro de casa, no bairro do Nordeste de Amaralina, em Salvador, durante operação policial, em 2010. Caso menino Joel: pai da vítima fala sobre condenação do autor do crime
O pai do menino Joel, morto aos 10 anos, vítima de bala perdida, durante uma ação policial, em Salvador, lamentou o resultado do júri popular realizado na segunda (7) e terça-feira (8), que terminou com a absolvição do policial Alexinaldo Santana Souza e a condenação do ex-policial Eraldo Menezes de Souza a 13 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. [Relembre caso ao final da reportagem]
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“O resultado mexeu muito com a gente [família], porque esperávamos muito mais [anos de condenação] de Eraldo. A gente não teve resposta sobre o comandante, porque ele foi absolvido. Quem controla a guarnição? Eles estavam fazendo bagunça? Não tinham comandante?”, lamentou Joel Castro.
Joel tinha 10 anos quando foi morto no Nordeste de Amaralina, em Salvador
Reprodução/TV Globo
Segundo o pai da criança, a sentença foi recebida pela família com muita tristeza e dor. O promotor Ariomar Figueiredo, responsável pela acusação, informou que vai recorrer da decisão de absolvição de Alexinaldo Santana Souza.
“Treze anos aguardando essa resposta, lutando pelo júri e quando chega a hora do resultado, vejo uma coisa daquela. Eu tinha uma visão de uma Justiça diferente, mas vi que é uma coisa muito dura”, criticou o pai do garoto.
Joel Castro lamentou resultado do júri popular
Reprodução/TV Bahia
Apesar de condenado em regime fechado, Eraldo Menezes de Souza vai recorrer em liberdade.
“Do meu lado agora é seguir em frente, foi uma missão que tentei e concluí. Aonde Joel esteja, ele viu que o pai dele fez alguma coisa por ele”, acrescentou Joel Castro.
Primeiro dia de júri
O primeiro dia do júri durou cerca de 11 horas. Começou às 9h e terminou por volta das 20h. Dez pessoas entre testemunhas de defesa e acusação, além dos réus foram ouvidas.
Testemunhas de acusação: dois vizinhos, a irmã da vítima, Jessica Caroline, e o pai do garoto Joel Castro, mestre Ninha;
Testemunhas de defesa: todos policiais militares.
O que falaram os réus no primeiro dia do júri popular
Caso Joel: defesa de réus afirma que foi dada assistência a familia após fatalidade
Os dois réus choraram durante os depoimentos. Eraldo Menezes de Souza, condenado por balear o garoto, contou que:
não quis disparar no garoto;
atirava contra suspeitos, quando escorregou com a arma apontada para cima e apertou o gatilho “sem querer”;
o tiro atingiu o toldo e bateu na janela onde estava Joel.
Questionado se viu o corpo do garoto, ele chorou e contou que só soube da morte da criança depois de deixar o local do confronto.
Já Alexinaldo Santana Souza, tenente que comandou a ação policial e foi absolvido, disse que:
estava mais à frente de Eraldo Menezes e que não teve responsabilidade sobre o disparo feito pelo ex-policial;
encontrou uma pistola ao lado da casa de Joel e a apresentou na delegacia;
só soube que a criança foi baleada ao fim da operação;
acreditou que o tiro teria sido deflagrado por policiais com a arma encontrada ao lado da casa.
Durante o depoimento, Alexinaldo também chorou bastante e disse que tinha dois filhos com idades parecidas com a de Joel, na época do ocorrido, e que isso o fez sofrer durante os 13 anos em que respondeu pela morte do garoto.
Joel da Conceição de Castro tinha 10 anos na época do ocorrido. Além de estudar, ele praticava capoeira e estava com viagem marcada para a Itália, onde representaria o Brasil em eventos culturais.
“Meu filho tinha um futuro brilhante pela frente, mas eles [os réus] não deram oportunidade de meu filho crescer”, desabafou o pai da vítima, o capoeirista Mestre Ninha.
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Cronologia do caso
👉 Joel foi baleado no dia 21 de novembro de 2010, dentro da casa em que morava.
👉Na época, a PM informou que fazia uma operação no nordeste de Amaralina e houve troca de tiros com suspeitos. A população deu outra versão e afirmou que os agentes já chegaram no local atirando.
👉Nove policiais militares que participaram da operação foram denunciados por homicídio com qualificadoras de motivo torpe, fútil e sem possibilidade de defesa da vítima.
👉 Os nove policiais envolvidos foram afastados das operações de rua pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). Eles foram transferidos para atividades administrativas até o fim das investigações.
👉 Nove dias depois do crime, um tenente da Polícia Militar, coordenador da operação que resultou na morte de Joel, foi preso por suspeita de participação em uma quadrilha de clonagem de cartões de crédito. Ele ficou detido no Batalhão de Polícia de Choque, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Ele era um dos nove PMs que cumpria atividades administrativas.
👉 O laudo da perícia apontou que o tiro que matou Joel saiu da arma do soldado Eraldo Menezes de Souza. O PM fazia parte da guarnição comandada pelo tenente Alexinaldo Santana Souza. Eles foram denunciados pelo MP-BA menos de dois meses após o crime, em janeiro de 2011, e desde então respondem o processo em liberdade.
👉 Os outros sete PMs foram retirados do processo porque na época o juiz entendeu que eles não estavam no local do crime no momento que Joel foi morto.
👉 Em 8 de fevereiro de 2011, a Justiça aceitou integralmente a denuncia do MP-BA e determinou a citação dos acusados.
👉 Em 13 de outubro de 2011, foi realizada a primeira audiência de instrução no Fórum Ruy Barbosa. Nela, os pais de Joel e o irmão mais velho, que o socorreu, foram ouvidos.
👉 Em 17 de novembro de 2011, ocorreu a segunda audiência de instrução e 18 testemunhas de defesa e acusação foram ouvidas.
👉 Em 2014, Eraldo foi demitido da Polícia Militar. Já o tenente Alexinaldo passou por um período de detenção e continua na ativa.
👉 Só em 14 de junho de 2023, mais de uma década após o crime, o MP-BA apresentou uma lista de testemunhas para depor no plenário do júri.
👉 Em 6 de maio de 2024, o tenente Alexinaldo Santana Souza e o ex-soldado Eraldo Menezes de Souza começaram a ser julgados em júri popular.
👉 Em 7 de maio de 2024, o ex-policial Eraldo Menezes de Souza foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão. Já o PM Alexinaldo Santana Souza foi absolvido pelo crime.
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