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Abaixo-assinado tenta impedir retirada de pedras portuguesas da Praça da Matriz, em Presidente Epitácio; ‘Atentado histórico’, diz integrante da mobilização


‘Aquela praça não é histórica, já foram feitas diversas intervenções […]. A própria Igreja fez modificação da fachada’, disse ao g1 a prefeita Cássia Regina Zanffani Furlan (PSDB). Moradores se mobilizam contra retirada de pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
Acervo EC Fluvial Tibiriçá
Um grupo de moradores decidiu se mobilizar contra a retirada das pedras portuguesas do piso da Praça da Igreja Matriz de São Pedro, localizada na área central de Presidente Epitácio (SP). Para isso, foi criado um movimento de abaixo-assinado físico e on-line para tentar convencer a Prefeitura a não levar a decisão adiante.
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Os moradores até são favoráveis à reforma da praça, mas desde que sejam mantidas as pedras portuguesas no piso.
De acordo com um dos articuladores do movimento, Wilson Aparecido Souza Cruz, de 56 anos, a praça é um patrimônio histórico e afetivo para a população epitaciana, tendo em vista que é uma das “únicas cidades do Oeste Paulista que ainda preserva as históricas pedras portuguesas”.
Ele, que trabalha como gerente de Tecnologia da Informação, ressaltou que, por Presidente Epitácio se tratar de uma estância turística, a permanência do piso como um patrimônio tombado e a preservação do Centro Histórico colaboram com o acréscimo de três pontos no ranking do Estado de São Paulo, o qual o município se encontra na 67ª posição, de um total de 70.
“São 70 cidades e Presidente Epitácio está no número de 67, ou seja, é a quarta pior estância do Estado. Isso foi no ranking do ano passado, o ranking de agora está em execução, deve sair no fim do ano. Acredito que Presidente Epitácio vai, sim, subir de posição, mas, mesmo assim, é preocupante porque as três últimas caem e o Oeste Paulista corre o risco de perder sua estância turística, a sua única hoje”, pontuou Souza Cruz ao g1.
Ainda segundo ele, “a Prefeitura justificou que pode efetuar a retirada das pedras por não se tratar de um patrimônio tombado, o que permite o procedimento”.
“Como estância turística, um gestor público tem de fazer o máximo para ganhar pontos no ranking, não para fazer perder. É um contrassenso isso, na verdade, eu chamo de um atentado histórico contra o futuro de Presidente Epitácio, porque, futuramente, não vamos ter condições de ganhar pontos no ranking com isso, além da revolta de toda a cidade”, explicou ao g1.
Apesar de viver em São Paulo (SP) há quase 40 anos, Souza Cruz se mantém presente no cotidiano epitaciano; da capital paulista ele participa da preservação e da divulgação da história da cidade, motivo pelo qual se envolveu na causa.
“Luto há mais de 10 anos pela implantação de um Museu Regional na Vila Tibiriçá, onde a região de Presidente Prudente [SP] começou. Foi consequência natural e uma obrigação participar das reivindicações e propor soluções para a preservação dos mosaicos com as pedras portuguesas da Praça da Igreja Matriz de São Pedro, em Presidente Epitácio”, contou ao g1.
Moradores se mobilizam contra retirada de pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
Acervo EC Fluvial Tibiriçá
Comunidade católica
No último dia 2 de maio, uma reunião entre os moradores da cidade com o atual diácono da paróquia, padre Danrley Gabriel Alves, já havia solicitado para que chegasse ao conhecimento do bispo diocesano da Igreja Católica, Dom Benedito Gonçalves dos Santos, a situação envolvendo as pedras portuguesas.
Por se tratar de uma praça da Igreja Matriz do município, ainda de acordo com Souza Cruz, um segundo encontro, já com a presença do bispo, tratou sobre a preservação das peças históricas.
Em 27 de outubro de 2023, o então administrador paroquial, padre Rafael Sotocorno, já havia enviado um ofício à prefeita Cássia Regina Zanffani Furlan (PSDB), esclarecendo que “o Conselho de Assuntos Econômicos Paroquial (Caep) e o Conselho Paroquial Pastoral (CPP) não nos opomos à reforma, desde que sejam preservadas as pedras portuguesas no âmbito total da praça”.
Moradores se mobilizam contra retirada de pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
Acervo EC Fluvial Tibiriçá
Reivindicações
Ao g1, Souza Cruz informou que são três as principais reivindicações adotadas pela população. A primeira delas é de que o piso de pedras seja mantido não só como um patrimônio histórico, mas como um patrimônio afetivo do povo e da cidade.
“Quase 80% da população de Presidente Epitácio ou foi batizada ou casou, ou foi padrinho de casamento, de batismo. Antigamente, todas as cerimônias eram lá na praça que tinha o coreto, então, tem um valor afetivo muito grande. Além de que, você mantendo as pedras portuguesas, elas se tornam atração turística”, explicou.
Ele também pontuou que a Prefeitura apresentou um custo elevado para a troca das pedras portuguesas.
“O que pleiteamos é que sejam aproveitadas as que estão em perfeito estado de conservação, que são a esmagadora maioria. Também pleiteamos solução mais barata para o município, que é capacitar os funcionários do Departamento de Obras da Prefeitura de Presidente Epitácio. Com certeza, vai ficar muito mais barato para o município, ou seja, para o povo epitaciano. Inclusive, poderá fazer mais melhorias na praça, pois vai economizar usando mão de obra da própria Prefeitura”, observou.
E complementou: “Pleiteamos que a Prefeitura desenvolva competências internas. Um dos motivos do abandono é porque não está bem cuidada e, consequentemente, a população não frequenta a praça”.
Souza Cruz ainda disse que o grupo de moradores mobilizados pretende recolher mais de mil assinaturas on-line em 10 dias e que, em apenas três dias, 720 pessoas já assinaram o documento.
Moradores se mobilizam contra retirada de pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
Acervo EC Fluvial Tibiriçá
Outro lado
Ao g1, a prefeita Cássia Regina Zanffani Furlan explicou que as obras consistem na reforma de todo o piso da praça, na troca de bancos, em melhorias nas calçadas e em trabalhos de jardinagem, “tendo em vista que o local apresenta um piso irregular que ocasiona a queda de pessoas idosas, além de bancos quebrados, que criam um aspecto de abandono”.
A chefe do Poder Executivo também informou que a licitação para selecionar a empresa vencedora do certame está em andamento, com o orçamento de R$ 900 mil, provindos recursos do próprio município. Ademais, ressaltou que as obras terão início assim que a licitação for homologada.
Ainda segundo Cássia Furlan, a Praça da Igreja Matriz foi repassada ao município por lei, informação confirmada pelo bispo Dom Benedito.
“Acredito que entregaram ao município porque não seria possível pagar a energia da praça, não teria mais zeladoria com funcionários municipais. Resumindo, a Igreja não consegue fazer a manutenção, por isso quem cuida é o município. A Igreja ficou somente com a igreja, mas, assim que foram feitos o planejamento da planta da reforma e a planilha de custos, levei pessoalmente ao bispo”, pontuou ao g1.
“Expliquei que, fazendo a praça igual à Praça da Sagrada Família, revitalizada em 2018, a planilha fica em R$ 909 mil. Para trocar por pedras portuguesas, teria um acréscimo de mais de 50%. Optamos por fazer igual à outra praça para ir padronizando”, detalhou.
Cássia Furlan também informou que sua decisão de não seguir a recomendação do Conselho Paroquial foi “puramente econômica”.
“Sugeri ao pároco fazer todas as intervenções e a Igreja ficar só com a colocação das pedras portuguesas. O bispo foi ao local com seu secretário e viu o estado precário da praça. Portanto, temos o consentimento da Igreja. Meu lema é o melhor emprego do dinheiro público. Com a economia das pedras portuguesas, consigo comprar duas ambulâncias de transporte ou uma ambulância com Unidade de Terapia Intensiva [UTI] e uma ambulância pequena. Ou pagar 800 consultas com especialistas que estão há muitos meses na fila dos Ambulatórios Médicos Especializados [AMEs]”, pontuou.
“O que vamos fazer, a pedido do bispo, é guardar um tanto de pedras para montar um quadro lembrando o piso inicial. Aquela praça não é histórica, já foram feitas diversas intervenções, como a retirada do coreto, torre de TV, banheiros, a própria Igreja fez modificação da fachada”, finalizou a prefeita ao g1.
Diocese
A reportagem do g1 entrou em contato com o padre Armando Nochetti de Souza, responsável pela Pastoral da Comunicação da Diocese de Presidente Prudente, e solicitou um posicionamento oficial da Igreja Católica sobre o assunto.
Entretanto, ele informou que ainda não há como oferecer uma resposta, pois o bispo não se reuniu com os coordenadores de pastorais da comunidade, em Presidente Epitácio.
Mobilização tenta preservar pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
Acervo EC Fluvial Tibiriçá
Mobilização tenta preservar pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
Acervo EC Fluvial Tibiriçá
Mobilização tenta preservar pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
Acervo EC Fluvial Tibiriçá
Mobilização tenta preservar pedras portuguesas, em Presidente Epitácio (SP)
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