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Em Londres, indígenas do Pará denunciam impactos da mineração na Amazônia


Lideranças e comunitários foram à University College of London, no Reino Unido, para relatar sobre o enfrentamento a grandes empresas que extraem ouro e bauxita para os mercados do Brasil, Europa e Ásia. Indígenas do Pará denunciam em Londres os impactos da mineração na Amazônia.
Divulgação / ONG Gota no Oceano
Lideranças indígenas e comunitários do Pará expuseram nesta quarta-feira (8) na University College of London (UCL), no Reino Unido, o enfrentamento a grandes empresas que extraem ouro e bauxita na Amazônia para abastecer mercados do Brasil, Europa e Ásia. As comunidades relataram como é o cotidiano de depender das águas de rios e igarapés para sobreviver.
As lideranças exigiram transparência, segurança e estudos de Componente Indígena e de Impacto Socioambiental. A viagem foi idealizada pelo pesquisador Brian Garvey, da Universidade de Strathclyde, na Escócia.
A delegação paraense conta com liderança dos indígenas Kayapó Doto Takak Ire, presidente do Instituto Kabu; o cacique da aldeia Baú, Bepdjo Mekrãgnotire; a liderança e representante do movimento indigena Munduruku Ipereg Ayu, Ademir Kaba Munduruku; a ribeirinha Jesi Ferreira de Castro; e o líder comunitário José Domingos Rabelo.
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No Pará, os Kayapó protegem o oeste da Bacia do Xingu. Já os Munduruku vivem às margens e defendem o rio Tapajós, juntamente com ribeirinhos e assentados do rio Trombetas. Eles se uniram a pesquisadores e a uma rede de organizações da sociedade civil, a London Mining Network, para divulgar impactos da mineração em grande escala nas bacias de três dos maiores afluentes do rio Amazonas.
Os indígenas afirmam que as empresas obtiveram licenças sem consulta às populações tradicionais, como exige a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – ratificada pelo Congresso há 20 anos – e sem avaliação de impacto específica para as comunidades.
“Desde 2016 estamos pedindo um estudo de impacto para uma mina de ouro subterrânea”, diz Doto Takak Ire, presidente do Instituto Kabu, uma associação indígena que reúne 15 aldeias dos Kayapó do grupo Mekrãgnotí, no sudoeste do Pará.
O Brasil é um dos países com mais reservas minerais do mundo e nas últimas duas décadas a contribuição do setor para o Produto Interno Bruto (PIB), variou entre 2,5% e 4%, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Os indígenas apontam que ainda não há indicadores para calcular prejuízos ao meio ambiente e à sociobiodiversidade da atividade mineradora.
O povo Munduruku, que ainda não conseguiu homologar todo o seu território tradicional, ao longo do rio Tapajós, está dividido devido à ação das mineradoras, segundo os indígenas. Foram feitas testagem de 197 indígenas de diferentes idades, a pedido dos indígenas pela Fundação Oswaldo Cruz, o que enfrentou dificuldades pela oposição de lideranças ligadas ao garimpo.
Amostras de cabelo foram coletadas confirmando que, entre os Munduruku, 57,9% apresentaram níveis acima dos limites considerados seguros de mercúrio no corpo. O mercúrio é usado por garimpos ilegais para separar da lama retirada por dragas no leito do rio. Já a mineração industrial utiliza cianeto – composto químico que também é tóxico e letal.
Após a experiência em Londres, o pesquisador Garvey levará a delegação para a Irlanda do Norte e Escócia, para que conheçam comunidades locais também afetadas pela mineração e uma perda de território.
“Uma coisa que os visitantes e as comunidades aqui têm em comum é a convicção de que a organização local e o fortalecimento das relações além-fronteiras são fundamentais para prevenir mais exploração e danos, não apenas onde vivem, mas em escala global”, afirma o pesquisador.
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