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‘Nada vai mudar o que viveram, mas a prisão evita outros abusos sexuais’, diz advogada de 10 vítimas após condenado a 113 de anos de prisão ser encontrado


Dinamá Pereira de Resende foi condenado por abusar sexualmente de várias crianças e adolescentes na década de 1980 em Várzea da Palma. Ele foi preso no último sábado (11) em Belo Horizonte. Uma das fotos que aparece no perfil de Dinamá em uma rede social
Rede Social / Reprodução
“Sensação de alívio e felicidade”, assim descreve a advogada Ana Luíza França, que defende 10 vítimas de Dinamá Pereira de Resende, condenado por abusar sexualmente de várias crianças e adolescentes na década de 1980 em Várzea da Palma. Ele foi preso no último sábado (11) em Belo Horizonte.
Segundo a advogada, o mandado e prisão foi expedido em 12 de abril e Dinamá foi condenado a 113 anos de prisão por estupro de vulnerável contra sete vítimas, já que alguns crimes já haviam prescrevido. Ele chegou a pegar uma pena e 87 anos, mas Ana Luíza França e o Ministério Público recorreram. Esgotados todos os recursos, os desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais estipularam a nova pena.
Mulheres denunciam estupros por homem que promovia atividades para crianças: ‘Infância tirada de mim’
“As vítimas entendem que nada vai mudar o que elas viveram e o sofrimento que tiveram, mas elas sabem que a prisão dele evita que outros abusos sexuais”, completa a advogada.
Conforme noticiou o g1, Dinamá Pereira de Resende foi encontrado no bairro Copacabana. A prisão dele foi feita pela Patrulha Unificada Metropolitana de Apoio (Puma). Segundo os policiais envolvidos na ação, o condenado usava o nome falso “João” para dificultar ser identificado. O g1 não conseguiu localizar a defesa dele até a atualização mais recente desta reportagem.
“Depois da prisão, quatro mulheres me procuraram no Instagram e relataram que também foram abusadas. Ele sempre tinha o mesmo modo de agir, se passava por bom moço e agia em lugares e situações nos quais não levantaria suspeitas”, destaca Ana Luíza.
Entenda o caso
Em dezembro de 2020, o g1 noticiou que 14 mulheres denunciaram à Polícia Civil que foram vítimas de estupro na infância em Várzea da Palma (MG). Elas acusam o mesmo homem, Dinamá Resende. Segundo as investigações, ele promovia atividades culturais e religiosas na cidade desde 1980.
As investigações apontavam, segundo o delegado Guilherme Vasconcelos, que Dinamá criava os grupos infantis para ter acesso às crianças, “principalmente crianças carentes, que viviam em lares sem estrutura mínima, em uma ambiente de extrema vulnerabilidade.”
A polícia chegou a pedir a prisão dele, que permanece em liberdade, mas foi obrigado a cumprir medidas cautelares, como se manter afastado dos trabalhos desenvolvidos e não ter contato com crianças.
“O investigado se aproveita do descrédito que se dava a palavra de uma criança, tentando dissimular comportamento sexual como se fosse afetuoso.
As vítimas relataram ainda que os abusos eram cometidos de diversas formas, de toque à conjunção carnal.
O delegado acreditava que o número de vítimas pode ser maior, já que muitas têm dificuldades em denunciar e o próprio Dinamá admitiu em depoimento que já trabalhou com mais de 5 mil crianças.
Primeira denúncia
A denúncia que motivou a abertura do inquérito policial foi feita por Ana Paula Fernandes dos Santos. Ela fez um post em uma rede social e também procurou pela polícia em outubro de 2019.
“Ele não é o palhaço bonzinho que gosta das crianças, ele é um doente, monstro”, disse no post.
Antes de fazer a denúncia e a postagem, ela lembra que entrou em uma rede social e viu Dinamá em uma foto rodeado por crianças. Com o apoio do pai e do marido, decidiu contar tudo o que viveu.
“Eu pensei que aquilo precisava parar, que alguém precisava dar um basta.”
Ana Paula revela ter sofrido o abuso quando tinha entre oito e nove anos. Ela estava na escola quando foi convidada pelo homem a participar das atividades que ele desenvolvia. A menina tinha o sonho de ser modelo e aceitou entrar para as Dinamitas, um grupo de dança. Ela também participava dos terços promovidos pelo investigado.
“Ele é assim, chega e ganha a confiança. Se faz de pessoa que está ali para cuidar e passa essa segurança. Antes de envolver a criança, ele se aproxima da família”, contou na reportagem de 2020 feita pelo g1.
O pai de Ana trabalhava como fotógrafo e chegou a registrar eventos promovidos por Dinamá.
Ela disse que o abuso ocorreu em 2004, quando o homem foi à casa dela para levá-la a um comício. Ele era candidato a vereador na época e usava crianças para distribuir o material de campanha
“Fomos na moto levando alguns santinhos para distribuir. Ele disse que precisava de mais alguns e que iria passar na casa dele para pegar. Mas ele já sabia que não tinha ninguém no local. Fui jogada na cama e ele tirou minha roupa. Pedi para que parasse e disse que sentia dor. Depois, ele vestiu minha roupa, me colocou na moto e me levou para casa, como se nada tivesse acontecido”.
Ana Paula fala ainda que na época não tinha a completa noção do que viveu e que não contou nada a ninguém por medo e vergonha. A solução encontrada para desabafar foi escrever cartas, que depois eram queimadas.
“Espero o fim dessa cultura do machismo, muitas mulheres denunciam e ainda têm os dedos apontados para elas. Vejo que estão ganhando uma voz forte e conseguindo muitas conquistas, mas há muito o que melhorar. Meu desejo é que elas não tenham medo de falar, que não se calem por nenhum motivo.”
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