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Daniel, cadê os ônibus com ar-condicionado e Wi-Fi?

Desde que a Prefeitura de Ananindeua divulgou a abertura de licitação para aprimorar o sistema de transporte público na cidade, em maio do ano passado, muitos moradores ficaram esperançosos com a notícia alardeada pelo prefeito Daniel Santos, dando como certa a implementação do sistema e o tão sonhado fim do martírio de milhares de usuários do transporte coletivo da segunda cidade mais populosa do Pará.Porém, tudo isso ficou no discurso. Segundo os próprios passageiros ouvidos pelo Diário do Pará, a situação atual é precária, com a maioria dos veículos operando de maneira inadequada, sujos, com problemas mecânicos e oferecendo riscos à segurança. E sem a devida fiscalização da prefeitura e do órgão responsável pelo gerenciamento do transporte na cidade.CONTEÚDO RELACIONADO:Faturamento de hospital ligado a Daniel Santos cresce 1.068%Morador pode recorrer do aumento de 300% de Daniel SantosA licitação foi oficializada em maio do ano passado, no Diário Oficial do Município, destacando a promessa de melhorias significativas, incluindo veículos novos, maior conforto, ar-condicionado e tecnologias como GPS e Wi-Fi. Ademais, passaria a contar com uma tarifa acessível de R$ 3,60. Entretanto, passado quase um ano desde a divulgação da licitação, os passageiros contam que nada mudou.A equipe do Diário do Pará visitou alguns pontos de ônibus em Ananindeua, quase um ano após o anúncio feito pelo gestor municipal, e ouviu os passageiros sobre a rotina no transporte público do município. “Posso resumir em duas palavras: muito difícil”, lamenta Suellen Costa, 25. Além de usar o transporte público para ir ao trabalho, a vendedora e universitária compartilha que esse é o seu único meio de deslocamento.Quer mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsApp!Moradora na Cidade Nova 8, Suellen destaca os principais transtornos. “Primeiramente, é a demora. Moro no mesmo local há pelo menos dez anos, e mesmo sendo jovem, lembro que havia uma oferta maior de ônibus. Hoje, esperamos quase uma hora para embarcar. Fora que, quando entramos no coletivo, após uma certa distância, o veículo geralmente apresenta problemas mecânicos”.“Outro ponto é que são veículos antigos, que, além das falhas mecânicas, apresentam instabilidade no funcionamento das portas e das campainhas. Além disso, os bancos estão todos empoeirados… à noite, faço curso de enfermagem e é necessário usar calça branca. Isso é um desafio, pois quase sempre chego em casa com as roupas sujas, encardidas ou manchadas”, acrescenta a estudante.DUREZAJonas Ferreira, 27, mora em Ananindeua, mas trabalha em Belém. O gerente de lojas revela que, apenas na ida, gasta cerca de uma hora e meia para chegar ao destino. “Ou seja, passo entre duas horas e meia a três horas dentro do ônibus. Com todo esse tempo, é possível testemunhar muitas situações, inclusive as desagradáveis. Teve dias em que entrei e estava podre de vômito”, afirma.O gerente também relembra das vezes em que teve que compartilhar espaço com baratas. “Isso é uma realidade conhecida. Mas um dia estava sentado, e uma moça me alertou que havia uma barata no meu ombro. Foi horrível! Sentimo-nos vulneráveis a toda essa situação, e no final, não podemos fazer nada, pois, infelizmente, precisamos pegar ônibus para trabalhar”, explica Jonas.As reclamações não pararam. Outros passageiros reforçam que, frequentemente, os ônibus trafegam em alta velocidade. Para piorar, as portas ficam semiabertas, representando risco de queda para os usuários. Fiações expostas dos sinalizadores de parada também foram destacadas. O espaço destinado a cadeirantes, como assentos e escadas elétricas, frequentemente não funciona corretamente.“Canso de testemunhar cadeirantes que precisam subir com a ajuda de duas ou três pessoas, pois o elevador fica engatado. Além disso, em alguns casos, os motoristas nem param nos pontos quando veem um deficiente. Eu não tenho nenhuma limitação de locomoção, mas me coloco no lugar dessas pessoas e penso como deve ser frustrante toda essa história”, enfatiza Marcela Assunção, 22.A universitária acredita que a atual licitação não avançará, mantendo o mesmo problema para a população. “Embora devamos ser otimistas sobre essa notícia da Prefeitura de Ananindeua que já vai completar um ano, acredito que, como não é do interesse das empresas, isso não se concretizará. Enquanto isso, continuamos na esperança de que, um dia, possamos ter um transporte digno”, concluiu.SÓ NA PROMESSAEm maio de 2023, o prefeito Doutor Daniel anunciou a licitação para selecionar a melhor proposta para a exploração do transporte público em Ananindeua, que seria mais reorganizado e requalificado. Segundo a proposta, nenhum micro-ônibus que ainda trafega na cidade seria reutilizado.A partir da assinatura do contrato com a empresa vencedora da licitação, o transporte público no município contaria com veículos novos com ar-condicionado, GPS e Wi-Fi e uma tarifa acessível, no valor de R$3,60, exceto aos domingos, quando a catraca será liberada para “facilitar o deslocamento da população dentro do município em momentos de lazer e turismo”, esclareceu o prefeito da cidade na ocasião.“Tudo dando certo, essa empresa ganhadora terá 6 meses para colocar um ônibus novo, com ar condicionado e qualidade na cidade. O contrato é de 15 anos com possibilidade de renovação”, disse o gestor. Quase um ano depois, nada disso aconteceu e hoje os usuários arriscam a pele em ônibus sucateados, funcionando de qualquer forma, e pagando uma tarifa elevada.
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