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Idosa é alfabetizada em projeto municipal com o desejo de ler a Bíblia: ‘Realização de um sonho’


Outras treze alunas também aprenderam a ler e escrever no projeto que acontece no Centro Municipal de Saúde (CMS) Vila do Céu, em Cosmos, na Zona Oeste do Rio. Todas se formaram este mês. Dona Maria de Lourdes lendo a Bíblia
Bubu Duarte/Divulgação SMS
Ler a Bíblia, ter mais facilidade com receitas, preencher documentos e até facilitar o dia a dia. Esses foram alguns motivos que levaram 14 idosas a um projeto de alfabetização no Centro Municipal de Saúde (CMS) Vila do Céu, em Cosmos, na Zona Oeste do Rio.
Depois de pouco mais de 1 ano, elas aprenderam a ler e escrever – mesmo aquelas com mais dificuldade. Antes, algumas não conseguiam nem mesmo segurar os lápis e canetas.
Maria de Lourdes Costa passou a frequentar as aulas porque queria, principalmente, ler a Bíblia. Aos 74 anos, ela se sente uma nova pessoa com todos os conhecimentos adquiridos.
Durante a formatura, ela leu um versículo em voz alta e agradeceu.
“A minha formatura foi a realização de um sonho. Eu abri a Bíblia com todas as pessoas presentes ali naquele momento e li em voz alta o versículo que eu escolhi. Foi muito gratificante”, disse a formanda.
Ivone Maia, de 64 anos, também contou como sua vida mudou ao participar da iniciativa. A sala de aula, com mesa e cadeira, antes vista como um espaço conflituoso, passou a ser um ambiente acolhedor e de esperança para a paciente do CMS:
“A aula que me marcou muito foi no dia que eu conheci as letras e pude juntá-las. Essa era a minha dificuldade. E aprender a ler e a escrever foi uma porta que se abriu na minha vida.”
Alunas durante a formatura
Bubu Duarte/Divulgação SMS
A ideia nasceu pelo olhar de duas agentes comunitárias de saúde, que perceberam a dificuldade das pacientes em preencher informações nas receitas controladas – algumas até perdiam a validade do pedido médico ou tomavam o remédio de forma errada.
“Senti um grande desejo em meu coração de montar uma turma de alfabetização para esses pacientes, que não concluíram seus estudos ou que nunca entraram em uma sala de aula. O objetivo era motivá-las a entrar em uma escola e dar seguimento aos seus estudos. No caso, nós seríamos uma ponte para que isso acontecesse”, explicou a agente comunitária da saúde Thaís da Silva.
Thaís, então, conversou com outras duas colegas e pediu o apoio da direção da clínica para colocar em prática. A primeira aula aconteceu em novembro de 2022 e logo se tornou um compromisso diário entre as alunas.
Turma composta em sua maioria por mulheres idosas, as alunas tinham quatro professoras, com três agentes e uma paciente, com suas respectivas formações e experiências, sensibilizadas pela idealização do projeto. Tatiana Gomes conta que o trabalho é diário e detalhado e fala da emoção do retorno dado.
“Algo me marcou, foi num dia que eu não estava bem emocionalmente. Chego para dar aula sempre com meu sorriso no rosto, falo ‘bom dia minhas lindas’ e abraço cada uma delas. Nesse dia, uma aluna veio e conversou comigo, me agradeceu por eu ter ensinado ela a sorrir”, contou Tatiana.
Nas aulas, as professoras se inspiraram no método de palavras geradoras do educador Paulo Freire com a finalidade de trabalhar com vocabulários do cotidiano. A estratégia foi começar o ensinamento com o alfabeto, depois a coordenação motora e as sílabas. A cada dia uma nova palavra era introduzida e as aulas seguiam dessa forma, com dinâmicas, exercícios, artesanato e jogos didáticos.
Formatura das alunas
Bubu Duarte/Divulgação SMS
Em quase 2 anos de estudo, as alunas acumularam conhecimento, dominaram a escrita, a leitura, inclusive as que não sabiam as vogais, hoje escrevem seus nomes completos.
A formatura foi na sexta-feira (10) com 14 alunas preparadas para o ingresso na Escola Municipal Antônia Vargas Cuquejo, numa classe do Ensino de Jovens e Adultos (EJA).
A gerente do CMS Vila do Céu, Thaynã dos Santos, conta que as agentes comunitárias de saúde auxiliaram no processo de documentação para a matrícula. Observar toda a equipe empenhada no propósito a emociona.
“Me encantei com o projeto desde o primeiro dia. Ter o privilégio de acompanhar os avanços dessas mulheres fortes é ter certeza de que estamos no caminho certo da construção de uma Atenção Primária forte, da qual pacientes e colaboradores se orgulham em pertencer”, disse Thaynã.
Após a conclusão da turma inaugural, o propósito é iniciar uma nova turma já no início de junho. Para se inscrever é necessário ser paciente do CMS Vila do Céu. É só procurar a direção da unidade.
“Eu e Tatiana estamos conversando e pensando na possibilidade de multiplicar esse projeto em outras unidades. Queremos diminuir os números de assistidos que não sabem ler e escrever, recuperando a dignidade”, disse a ACS Thaís.
O CMS Vila do Céu fica na Rua Guarujá, 69, em Cosmos, na Zona Oeste.
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