Com as baixas temperaturas no período de outono e inverno, é comum que ocorra a diminuição da circulação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya, mas isso não significa que os cuidados de prevenção à doença devam ser deixados de lado.
Na última sexta-feira (19) a Secretaria de Saúde de Balneário Piçarras confirmou a morte de um bebê de 13 dias após complicações causadas pela dengue. Com a nova confirmação, a cidade do Litoral Norte catarinense chega a três óbitos pela doença.
Proliferação do mosquito em baixas temperaturas
De acordo com informações da Dive-SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica), caso os criadouros do Aedes aegypti não sejam eliminados durante os períodos de temperaturas mais baixas, os ovos depositados nesse intervalo podem continuar intactos durante meses e eclodir quando a chuva e o calor voltarem, dando origem a novos mosquitos.
Nesse caso, durante os meses de outono e inverno o objetivo é eliminar os focos, além de diminuir índices de infestação para evitar o surgimento de mosquitos.
Cenário da dengue em SC:
- 203 mortes confirmadas pela doença
- 50 mortes sob investigação
- 135.523 casos confirmados
- 286 mil casos prováveis
A infectologista Carolina Ponzi explica que as mudanças climáticas também influenciam no surgimento das doenças, como no caso da dengue.
“Talvez a gente não tenha uma previsibilidade de estações bem definidas, como tínhamos, e os períodos de calor e frio talvez não sejam tão previsíveis. Isso acaba alterando inclusive a territorialidade das doenças. Se pararmos para pensar, há 15 anos não tínhamos dengue aqui no Sul como estamos vendo atualmente. Precisamos pensar na prevenção durante todo o ano e também pensar no futuro”, pontua a especialista.
Sintomas de dengue
De acordo com o Ministério da Saúde, toda pessoa que tiver febre (39°C a 40°C) de início repentino e apresentar pelo menos duas das seguintes manifestações: dor de cabeça, prostração, dores musculares e/ou articulares e dor atrás dos olhos – deve procurar imediatamente um serviço de saúde.
Após o período febril é importante ficar atento. Com a diminuição da febre (entre 3° e o 7° dia do início da doença), é possível que o paciente tenha uma piora no quadro. Os sinais indicam o extravasamento de plasma dos vasos sanguíneos e/ou hemorragias, caracterizados por:
- Dor abdominal (dor na barriga) intensa e contínua;
- Vômitos persistentes;
- Acúmulo de líquidos em cavidades corporais (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);
- Hipotensão postural e/ou lipotímia;
- Letargia e/ou irritabilidade;
- Aumento do tamanho do fígado (hepatomegalia) maior 2cm;
- Sangramento de mucosa;
- e aumento progressivo do hematócrito.
Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à dengue, porém indivíduos com condições preexistentes como mulheres grávidas, lactantes, crianças (até 2 anos) e pessoas maiores de 65 anos têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença.
“Não adianta a gente fazer campanha de combate ao mosquito da dengue no verão. A campanha, o combate ao mosquito da dengue, tem que ser o ano inteiro”, completa a infectologista Carolina Ponzi.
Tratamento
De acordo com o Ministério da Saúde, o tratamento é baseado principalmente na reposição de líquidos adequada. Por isso, conforme orientação médica, o paciente deve manter:
- Repouso;
- Ingestão de líquidos;
- Não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou surgimento de pelo menos um sinal de alarme;
- Retorno para reavaliação clínica conforme orientação médica.
No entanto, apesar das medidas, ainda não existe tratamento específico para a doença.