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Conheça a história por trás de cinco comidas típicas clássicas da Festa Junina

Toda Festa Junina raiz tem fogueira, quadrilha e muita comida caipira. Por isso, muitos pratos consumidos no período nasceram do vai e vem dos tropeiros, que carregaram não só o alimento no embornal das mulas, mas também a cultura alimentar de um canto ao outro do Brasil. O período também coincide com a época da colheita do milho, sendo assim, bolos, mungunzás, curaus e pamonhas tomam conta das barraquinhas que se espalham pelas ruas e praças das cidades. Coloridas e embaladas pelos ritmos da sanfona, as festas que homenageiam santo Antônio, são Pedro e são João são conhecidas pela fartura de guloseimas da época.

É tempo de esquentar o peito com um bom quentão, comer canjica ou mungunzá com bastante amendoim ou dar uma mordida na maçã do amor. Por falar nisso, você sabia que a maçã do amor servida no palito e banhada em calda vermelha nasceu em São Paulo? E já foi símbolo de presente do Dia dos Namorados?

Entenda a origem de algumas receitas das Festas Juninas

Paçoca

Pa-soka, do tupi, significa esmigalhar, amassar com as mãos. Daí vem nossa paçoca, prato indígena originalmente preparado com farinha e carne socadas em pilão. No século 17, com o movimento das entradas e bandeiras, que tinha como missão conquistar o sertão do Brasil, indígenas foram escravizados para trabalhar nas minas de ouro. Assim, a paçoca virou um dos principais alimentos da dieta dos garimpeiros.

Porém, foram os tropeiros que espalharam a receita de um ponto ao outro do país. De preparo rápido e leve, a paçoca era de fácil transporte, não servindo de excesso de carga que os cavalos e mulas já transportavam. No entanto, o amendoim só entrou na receita no período colonial. Em embalagem prática, fácil de carregar e feita de ingredientes triturados, a indústria resolveu batizar o doce – preparado com açúcar, amendoim e sal – como paçoca.

Nas primeiras décadas, ainda era chamada de doce de amendoim. A palavra paçoca só passou a ser usada da década de 1980. O docinho, rei das Festas Juninas, tem origem no interior de São Paulo, estado responsável por cerca de 80% da produção nacional de amendoim. Apesar de ser vendido também em formato quadrangular, é a paçoca em formato de rolha faz mais sucesso entre crianças e adultos.

Pé de moleque

Entre os doces genuinamente brasileiros, como a mãe-benta e a cocada, está o pé-de-moleque, feito com rapadura e castanhas de caju no Nordeste e, no resto do país, com amendoim.

A cantora Bidu Sayão (1902-1999) contava que, no começo do século 20, existiam muitas quitandeiras vendendo doces em tabuleiros nas ruas do Rio de Janeiro. Os meninos gostavam especialmente do preparado com amendoim, mas como não tinham dinheiro, surrupiavam das vendedoras, que ralhavam com os molecotes: “Pede, moleque! Pede, moleque”. Daí, o nome.

Outra hipótese vem de sua aparência. Para acertar o calçamento entre as pedras irregulares, os africanos escravizados espalhavam areia misturada com terra. Em seguida, os meninos pisavam entre esses espaçamentos, amassando para que o solo ficasse firme. Esse tipo de calçamento passou a se chamar pé-de-moleque. Como a guloseima se assemelha ao calçamento típico colonial brasileiro, acabou levando o mesmo nome.

A receita surgiu em meados do século 16, com a chegada da cana-de-açúcar ao Brasil. O segredo da guloseima está na quebra da garapa que, ao cristalizar, endurece o doce. Por isso, lá na sua origem ficou conhecido como quebra-queixo ou quebra-dentes.

Foi só com o passar dos anos, que as doceiras se aprimoraram até chegar ao ponto certo, nem duro, nem mole demais. Piranguinho, cidade do sul de Minas Gerais, é conhecida pela produção artesanal do doce. Durante a Festa do Pé de Moleque, os produtores locais produziram o maior já feito no mundo, com 407 quilos e 27 metros de comprimento.

Maçã do amor

A maçã do amor nasceu em São Paulo. O catalão José Maria Farre Angles chegou ao Brasil em 1954 e, para sobreviver junto com a família, acabou inventando o doce já no ano seguinte ao seu desembarque. Em 1959, a criação foi patenteada. Sua inspiração veio das frutas caramelizadas chinesas conhecidas como tanghulu, como uvas e abacaxi. Angles não pensou duas vezes ao escolher a maçã, fruta muito conhecida pelos brasileiros, para começar o negócio.

As maçãs foram então cobertas com uma calda vermelha cristalizada e eram vendidas em praças, feiras e festas juninas. Virou presente certeiro no Dias dos Namorados, 12 de junho. Em 1960, Angles batizou sua criação com o nome de maçã do amor, usando como referência a fruta que expulsou Adão e Eva do Paraíso. Alguns livros, no entanto, registram que o norte-americano William W. Kolb teria produzido a primeira candy apple em 1908.

A partir de então tornaram-se comuns em festivais de outono no Hemisfério Norte, como o Halloween, que acontece na sequência das colheitas anuais de maçãs. Mas, diferente da que conhecemos no Brasil, elas não são vendidas no palito e nem recebem calda vermelha.

Quentão

Comemorada em pleno inverno, a Festa Junina pede por comidas – e bebidas – quentes. Diz a lenda que foi assim que surgiu o quentão. Não há consenso de sua origem, alguns acreditam que foi nas Minas Gerais, outros no interior de São Paulo. Mas foi na roça – e isso não há como questionar – que o povo resolveu adicionar especiarias à cachaça para aquecer o corpo durante comemorações dos santos juninos.

Acabou virando a bebida oficial das Festas Juninas em todo o Brasil. Dependendo da região, as receitas variam. No Sudeste e Nordeste, o quentão é preparado com cachaça, graças às suas grandes produções canavieiras. Já no Sul, a cachaça é substituída pelo vinho que, muitas vezes, ganha a companhia de frutas, geralmente maçã picada. Também podem ser usadas laranja e limão à mistura enquanto a bebida ferve.

A mais tradicional das receitas leva cachaça, água, açúcar, gengibre, cravo-da-índia e canela. Segundo o folclorista Amadeu Amaral, em seu “O dialeto caipira”, quentão é uma palavra de origem caipira.

Canjica ou mungunzá

Corá, jimbelê, curau e mungunzá. É assim as outras definições no dicionário para um dos clássicos das comidas juninas feita de milho branco cozido com leite e açúcar. Muitas histórias envolvem a origem do prato, que para alguns vem dos Tupinambás, para outros da África ou ainda da Índia. A mais verossímil, no entanto, é que é uma iguaria afro-brasileira.

O mungunzá é muito parecido com o cachupa de Cabo Verde, prato salgado de milho cozido com feijão e carne ou peixe. Mu’Kunza, no dialeto africano kimbundo, é traduzido para o português como milho cozido.

No Brasil, o saber culinário africano ganhou o uso de ingredientes brasileiros como o leite de coco e toques de especiarias indianas (cravo e canela) muito utilizadas na doçaria portuguesa. Com o passar dos anos, as receitas ganharam outras versões com a utilização de leite condensado, coco ralado e amendoim. Há até quem utilize paçoca para deixar o creme ainda mais gostoso. No Norte e no Nordeste é chamada de mungunzá. Já no restante do país, recebeu o nome de canjica.

Com informações da CNN Brasil

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