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‘Me corto por causa da droga’, diz homem que passou por 25 internações em centro de tratamento de SP


Bruno Cerelli luta contra o vício em crack e K9 e conta com a ajuda da mãe para tentar se reabilitar. No último episódio da série “Pra Onde, Brasil”, equipe mostrou o chamado ‘fluxo’, a multidão de homens e mulheres que fumam a pedra de crack, dia e noite, no Centro de São Paulo. ‘Me corto por causa da droga’, diz homem que passou por 25 internações
A equipe do Profissão Repórter conheceu a história de Bruno Cerelli enquanto acompanhava a tentativa de internação de Larri Santiago Reis em um centro de tratamento de dependentes químicos de São Paulo. O homem de 36 anos estava na porta do Hub e foi chamado pela mãe, Maria Madalena Cerelli, que aguardava a sua internação.
Bruno revelou que é usuário de crack há mais de dez anos, e que há cerca de dois descobriu a versão mais destrutiva da droga, o K9.
“Tenho 25 internações aqui. Me interno aqui desde 2011, sou dependente químico e há pouco tempo, acho que há uns dois anos, estou fumando o K9. E me corto por causa da droga”, revela.
O Profissão Repórter desta terça-feira (13) exibiu histórias de pessoas que lutam contra o vício em drogas e tentam sobreviver na Cracolândia, no Centro da capital paulista.
Bruno Cerelli luta contra o vício em crack e K9
Reprodução/TV Globo
Bruno, que vive na Cracolândia, admitiu que está lutando contra o vício nas duas drogas e afirmou que tudo fica mais difícil quando o centro de tratamento não está aberto.
“Cara, estou tentando aí. O único recurso que a gente tem em São Paulo é o Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas) e quando ele não funciona, a gente está lascado, entendeu?”, explica.
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Enquanto conversava com a reportagem, a mãe de Bruno, Maria Madalena Cerelli tentava convencê-lo a entrar no Hub para se internar. Ele precisa estar na fila quando seu nome for chamado para a triagem.
– Vamos lá, Bruno, estão te esperando – diz a mãe.
– Cara, vai embora. Se eles estão perdendo o tempo deles comigo, imagina você. Sai fora – responde Bruno.
– Falaram que você vai perder a vaga se você não entrar – suplica a mãe.
A mãe de Bruno, Maria Cerelli, tentando convencer o filho a entrar no local para se internar
Reprodução/TV Globo
Sem conseguir convencer Bruno, dona Maria Madalena deixa o local. E ao ver que ela desistiu, o homem pede que ela volte para ajudá-lo.
“A senhora vai mesmo? A senhora vai fazer isso? Então vai. Eu ia me internar hoje, mas vou dormir aqui na Cracolândia”, indaga.
Bruno foi internado ainda no mesmo dia.
Moradia em ocupação sem água, luz e esgoto
Frequentador da Cracolândia mora no extremo de São Paulo e tem casa sem água, luz ou esgoto
Quando não está na Cracolândia, Bruno Cerelli mora com a mãe, Maria Madalena, em uma ocupação no bairro Recanto, no extremo Leste da capital paulista. Eles vivem em uma casa sem água, luz e esgoto vindos do governo – a energia elétrica é improvisada, e apresenta intermitência no fornecimento.
Vivendo a maior parte do tempo na Cracolândia, Bruno fica pouco em casa.
“Ele chega daquele jeito. Aí do jeito que chega, deita, e quando acorda, não lembra de nada. Às vezes saía quebrando tudo”, relata.
Maria Madalena Cerelli na casa onde vive com o filho, Bruno; ele começou a usar drogas há cerca de 20 anos
Reprodução/TV Globo
Maria Madalena luta para sustentar a ela e ao filho vivendo de bicos como cuidadora de idosos. E conta que Bruno começou a usar drogas ainda adolescente, quando ela saía para trabalhar.
“Ele tinha uns 16 anos quando ele começou. Eu trabalhava à noite, e tinha que sair para trabalhar, e ele ficava à vontade, né. De manhã eu via que ele ia para escola tudo bonitinho, né, mas…”, lamenta.
‘Chá de Já tô bom’
“Estou bem melhor”, diz viciado em crack após internação
Após se convencer a ser internado para tratar dos vícios em crack e K9, Bruno deve ficar 45 dias em tratamento. Ele foi levado para uma clínica em Espírito Santo do Pinhal, no interior paulista. No décimo dia, ele encontrou com a equipe do Profissão Repórter. E mostrou a evolução que teve até então.
“Estou bem melhor. O tratamento está me fortalecendo bastante, a equipe está me ajudando”, diz o dependente químico.
Bruno passa por aulas de artesanato, reeducação alimentar e a prática de esportes, além de sessões de terapia. Com poucos dias de tratamento, ele admite que mesmo sem a reabilitação assistida, durante os períodos de uso da droga os dependentes acreditam ter a sensação de que melhoraram – o que os fazem ter as recaídas.
“Às vezes a gente se sabota. A gente fala, na língua dos viciados, é o ‘chá de Já Tô Bom’: eu já estou bom, e vou embora. Mas não estou bom”, reconhece Bruno, que com a ajuda da terapia e dos profissionais da clínica, já conhece melhor a sua própria condição.
“Não adianta você vir se tratar, engordar, cortar o cabelo e sair bonito, voltar para rua e fazer tudo de novo. É querer, criar planos, estratégias para que você não recaia. Tem que ter foco, cara. Tem que querer”, sentencia.
Veja fotos de uma das ruas com maior concentração de usuários da Cracolândia no Centro de SP
Veja a íntegra do programa abaixo:
Edição de 13/06/2023
Confira as reportagens do programa:

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