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Balneário Camboriú registrou mais de 1.100 denúncias de violência contra idosos só neste ano

Os pedágios educativos que estavam programados para lembrar o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, nesta quinta-feira (15), foram cancelados por causa do mau tempo. Eles serão remarcados para outra data.

Em Balneário Camboriú os idosos são assistidos através da Secretaria da Pessoa Idosa, que depois de dois meses sem titular tem agora um novo secretário, o até então vereador, Arlindo Cruz, que não possui formação ou experiência na área.

A vereadora Juliethe Nitz, secretária da Pessoa Idosa durante quase dois anos (deixou o cargo em abril, para retornar à Câmara, como suplente do secretário de Articulação, Cristiano José dos Santos), foi quem programou os pedágios educativos com apoio da prefeitura, para lembrar o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.

Mais de mil denúncias em cinco meses

Juliethe destaca que somente entre os meses de janeiro e maio deste ano a Secretaria da Pessoa Idosa recebeu 1.142 denúncias de violência contra idosos moradores de Balneário Camboriú, envolvendo violência, patrimonial, negligência e abandono.

“O 15 de junho é uma data mundialmente conhecida e neste mês também acontece o Junho Violeta, em conscientização à violência contra o idoso. Lembramos sempre que as denúncias são sigilosas. Por exemplo, se uma cuidadora chegar e ver o idoso sendo violentado, ela tem medo de ser demitida se denunciar, por isso exigimos sigilo na denúncia”, comenta.

Segundo Juliethe, em Balneário há muitos casos de violência patrimonial, com pessoas usando o dinheiro do idoso sem ele permitir.

“Uma coisa é o idoso ser auxiliado, com a pessoa indo fazer compras para ele, mas mostrando a nota fiscal após; outra coisa é usar o cartão, o dinheiro, para fins próprios; isso é uma forma de violência”, pontuou.

“Temos que pensar no envelhecimento”

A vereadora conta um caso que a marcou: uma idosa que estava passando fome e necessidades e morava na Avenida Atlântica; ela recebia aposentadoria, no valor de R$ 5 mil e não conseguia se manter pagando condomínio, cuidadora e suas despesas.

“Aquilo me marcou porque a família, por apego ao bem, não queria vender o imóvel e dar um melhor conforto para ela. Teve também o caso de um dentista aposentado que tinha uma boa vida, mas nunca pensou em sua velhice e hoje vive às custas dos filhos. Vejo que temos que pensar no envelhecimento, e meu objetivo como vereadora é mostrar o quanto devemos dar qualidade de vida para a pessoa idosa. Balneário tem a Casa da Família, a Secretaria, o programa Abraço ao Idoso, e eu também protocolei a Comissão Especial voltada para o idoso, para defender políticas públicas para esse público, e também quero municipalizar o dia 15 de junho, publiquei esse projeto de lei, para todos os anos fazermos ações nesta data”, completou.

DPCAMI também atende casos, mas são poucos

A delegada responsável pela Delegacia da Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI) de Balneário Camboriú, Ruth Henn, destaca que as principais ocorrências atendidas pela delegacia envolvem mulheres, e que casos com idosos vítimas são poucos. Há meses em que atendem apenas ‘dois ou três casos’.

As situações mais comuns são mães idosas, que são vítimas de seus filhos – principalmente dependentes químicos.

“Muitos filhos e filhas, já na faixa de seus 40, 50 anos, perdem emprego, se separam, têm algum tipo de vício e se alojam na casa dos pais, e começa a violência porque querem dinheiro. As senhorinhas pedem medidas protetivas para tirar o filho de casa. Isso acontece bastante, é bem comum. Hoje os pais têm aposentadoria e os filhos ficam à margem da sociedade e vão para casa e acabam agredindo. Mas uma coisa que acontece é que mesmo a mãe pedindo a medida protetiva, ela não quer que prenda o filho, mas sim que ele seja afastado da casa dela”, explicou.

Segundo a delegada, um pedido comum das idosas é para que a polícia ajude a conseguir uma vaga para o filho em clínica de reabilitação, mas a internação compulsória não é algo fácil e nem competência da DPCAMI.

“Exige um trâmite, tem que ter laudo, mas isso [a internação do filho dependente químico] é o que as mães mais queriam”, afirma.

Ruth informa que é comum chegar também, principalmente via Promotoria de Justiça, denúncias de filhos que pegam o dinheiro dos pais idosos e usam em benefício próprio, configurando violência patrimonial.

“Vejo que isso [violência dos filhos contra os pais] é uma inversão da ordem natural das coisas. O certo é o filho ter essa proteção com os pais, ainda mais com eles [os pais] em idade mais avançada, mas percebo uma mudança na sociedade, com o desemprego, dependência química… e acontece essa inversão, necessitam do dinheiro dos pais para sobreviver, e isso faz com que o nível de violência esteja crescendo. Na delegacia tratamos da consequência, quando é a apuração do delito criminal. Não tenho lembrança de caso de agressão aos idosos, normalmente recebemos mais ameaças, casos de discussões, que acabam gerando conflito, mas se a comunidade souber de algum caso, deve denunciar – temos canais de denúncia, Disque 100 e 180, e vamos até o local averiguar, para saber se realmente acontece”, acrescentou.

O novo secretário da Pessoa Idosa, Arlindo Cruz, foi convidado para participar desta matéria, mas não retornou o contato do jornal até a publicação este texto.

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