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‘Foi uma votação a toque de caixa e escandalosa’, diz deputada Fernanda Melchionna (PSOL) sobre projeto que blinda políticos

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Para a parlamentar, a Câmara dos Deputados “foi extremamente eficaz em legislar em causa própria”. Projeto propõe tornar crime a discriminação de políticos. A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (14) um projeto que propõe criminalizar a discriminação de pessoas “politicamente expostas”. O texto foi aprovado por 252 votos a favor e 163 contrários.
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Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, a deputada Fernanda Melchionna (PSOL), falou dos motivos que a levaram a votar contra o projeto e criticou a atitude dos colegas, que provaram a urgência do texto, permitindo que ele fosse analisado diretamente no plenário, sem passar pelas comissões.
“Foram menos de duas horas e a Câmara foi extremamente eficaz em legislar em causa própria. Não só dos deputados, mas também senadores, órgãos do executivo em todas as esferas, magistratura e alta cúpula dos poderes”, diz a deputada.
O projeto abrange, além dos políticos, ministros do Poder Judiciário e detentores de cargos comissionados. O texto ainda tem que passar pelo Senado.
Placar da votação do projeto que propõe criminalizar a discriminação de políticos na Câmara nesta quarta (14).
Reprodução/TV Câmara
“Na hora de garantir um privilégio para as pessoas politicamente expostas e para os políticos foi feito uma votação a toque de caixa. Foi um negócio escandaloso”, fala a deputada.
Segundo ela, quatro minutos antes da votação do mérito, foi publicado um novo relatório com alterações do projeto original e todos que estavam na lista dos favoráveis não discutiram essas alterações. “Se votou algo que não estava na ordem do dia”, reclama. Veja como votou cada partido e deputado.
Brecha para corrupção?
Melchionna diz acreditar que, caso vire lei, a proposta poderá favorecer os casos de corrupção por dificultar algumas etapas da fiscalização.
“Parentes de terceiro e quarto grau não são considerados aqui (no projeto). Hoje, as pessoas politicamente expostas e seus familiares, inclusive de 3º e 4º grau, e colaboradores, têm uma série de normas infralegais de acompanhamento de evolução patrimonial e depósitos suspeitos”, conta.
Com o projeto virando lei, o poder de fiscalização sobre esses personagens acaba diminuindo, já que será exigida “notória relação entre os envolvidos”, o que nem sempre ocorre em esquemas de corrupção que utilizam “laranjas”.

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O que diz o projeto
A proposta, de autoria da deputada Dani Cunha (União-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, e relatada pelo deputado Cláudio Cajado (PP-BA), fixa penas para crimes resultantes da “discriminação” contra pessoas em razão de sua condição de “politicamente exposta”, além de prever punições para discriminação de:
pessoa que esteja respondendo a investigação preliminar, termo circunstanciado, inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa;
pessoa que figure na posição de parte ré de processo judicial da qual ainda caiba recursos.
“O preconceito, que se origina da prévia criação de conclusões negativas e intolerâncias injustificáveis quanto a certo conjunto de indivíduos, possui significativo potencial lesivo, na medida em que tem o condão de acarretar, em última análise, a violação de direitos humanos”, justificou o relator.
A proposta estabelece, por exemplo, pena de 2 a 4 anos de prisão e multa para quem:
▶ Negar a celebração ou a manutenção de contrato de abertura de conta corrente, concessão de crédito ou de outro serviço a alguém desses grupos.
O texto exige, ainda, que bancos e instituições financeiras expliquem de forma técnica e objetiva eventual recusa de concessão de crédito para essas pessoas.
Na versão original, o texto também criminalizava, com a mesma punição, o ato de injuriar alguém politicamente exposto, investigado ou réu com possibilidade de recurso.
O crime de injúria já é previsto no Código Penal, porém com pena de detenção de um a seis meses e multa. Ou seja, o dispositivo aumentaria o crime apenas quando cometido para esses grupos específicos. Após críticas em plenário, o relator retirou o trecho.
Outro pronto retirado foi o que criminalizava o ato de impedir ou atrapalhar o acesso dessas pessoas a qualquer cargo da administração pública.
Pessoas consideradas politicamente expostas
O texto define um rol extenso de pessoas consideradas politicamente expostas em virtude do cargo e do trabalho que desempenham. Entre outros, estão listados no projeto:
ministros de Estado;
presidentes, vices e diretores de autarquias da administração pública indireta;
indicados para cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS), que são cargos comissionados, de nível 6 ou equivalente;
ministros do Supremo Tribunal Federal e de outros tribunais superiores;
o procurador-geral da República;
integrantes do Tribunal de Contas da União (TCU);
presidentes e tesoureiros de partidos políticos;
governadores e vice-governadores;
prefeitos, vice-prefeitos e vereadores;
Para confirmar se uma pessoa se enquadra ou não nas hipóteses do projeto, o texto diz que deverá ser consultado o Cadastro Nacional de Pessoas Expostas Politicamente (CNPEP), disponibilizado pelo portal da transparência.
Segundo o texto, a condição de pessoa politicamente exposta perdurará por cinco anos, contados da data em que a pessoa deixou de figurar nos cargos.
Familiares e empresas
O projeto também alcança pessoas jurídicas das quais participam pessoas politicamente expostas, além de familiares e “estreitos colaboradores”.
Pelo texto, os familiares são “os parentes, na linha direta, até o segundo grau, o cônjuge, o companheiro, a companheira, o enteado e a enteada”
São considerados colaboradores estreitos:
pessoas conhecidas por terem sociedade ou propriedade conjunta ou que possuam qualquer outro tipo de estreita relação com uma pessoa exposta politicamente;
pessoas que têm o controle de empresas ou estejam em arranjos sem personalidade jurídica, conhecidos por terem sido criados para o benefício de uma pessoa exposta politicamente.

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