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Médico investigado por abuso sexual se apresenta para colocar tornozeleira com quase um mês e meio de atraso


Salim Michel Yazeji, que já cumpriu pena por crime sexual, foi indiciado por importunação sexual. Paciente que o denunciou pede que ele seja preso. O médico Salim Michel Yazeji
Reprodução/TV Globo
Mais de quarenta dias depois da determinação da Justiça, o médico Salim Michel Yazeji colocou nesta quinta-feira (15) a tornozeleira eletrônica.
Ele foi condenado a 4 anos e meio de prisão, em 2018, por importunação sexual mediante fraude, por assediar pacientes durante a consulta, mas estava em liberdade condicional, desde a pandemia.
Depois de novas denúncias contra ele, reveladas pelo RJ2, a Justiça determinou, no dia 4 de maio, que ele usasse tornozeleira eletrônica. A decisão judicial só foi cumprida esta tarde.
Na segunda-feira (12), Salim foi indiciado por um caso de importunação sexual, quando fazia atendimento na Coordenação de Emergência Regional (CER) do Centro.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) disse que só nesta quinta recebeu o pedido para a colocação da tornozeleira.
Sobre a demora na comunicação, a Vara de Execuções Penais não deu explicações. Informou apenas que o aparelho já foi colocado.
O RJ2 não conseguiu contato com o médico.
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Paciente quer punição pelo crime
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A paciente que denunciou a importunação sexual disse que o neurocirurgião precisa ser punido.
“Por um lado é bom, porque teve um resultado, por outro não tão significativo porque ele ainda tá solto. Poderia estar preso pelo que ele fez. Só ser indiciado acho que ainda não é suficiente para mim e como outras mulheres que sofreram com ele”, diz a mulher que denunciou o abuso.
O crime, segundo ela, foi em novembro do ano passado, durante um atendimento do neurocirurgião.
“Me encaminharam para o CER do Centro. Chegando lá, eu fui atendida por um médico. Eu estava com um machucado na nádega, diante de uma injeção que eu tomei. Deu um ferimento, um abscesso.”
“Invés de ele só olhar o abscesso em si, ele tentou colocar a mão em mim. Eu saí de perto pra ele não ter mais acesso ao meu corpo e abaixei o meu vestido. Ele começou a falar que meu corpo era muito bonito. Perguntou se eu era casada, se o meu marido era ciumento, me elogiando. Perguntou também se eu fazia topless.”
A mulher saiu do CER e foi direto à Delegacia da Mulher, no Centro, onde o caso foi registrado.
Pelo menos outras cinco mulheres já tinham passado pela mesma experiência no consultório de Salim Michel e denunciado o abuso, como o RJ2 mostrou em abril deste ano.
“Quem se recupera? Quem se recupera de crime sexual, onde você é vítima, quem se recupera? Uma ferida que você aprende a lidar com ela, mas você nunca aceita.”
Logo depois da reportagem, o Ministério Público pediu a suspensão da liberdade condicional do neurocirurgião, e a Justiça aceitou, determinando que o médico passe a usar tornozeleira eletrônica, mas não acatou o pedido para que ele volte para a cadeia.
“Ele [o juiz] salienta isso na decisão, deixa isso muito claro. Essa visão que ele tem da lei e da jurisprudência. Só poderia ser preso no regime fechado se no novo caso, no novo crime, fosse decretada a prisão preventiva dele”, diz o advogado criminalista Breno Melaragno.
Mulheres citam descaso do Cremerj
Uma das reclamações das vítimas é que, com todo o histórico de abuso de Salim e as denúncias no Cremerj, ele continua com o registro ativo, com autorização para exercer a profissão.
“Eles são permissivos, são corporativistas e coniventes. Ele não é só neurologista, ele é também neurocirurgião. E aí você seda a vítima do lado desse médico. A vítima sedada, qual é a reação dela? Qual é a consciência dela pra ter a oportunidade de denunciar? E o Conselho Regional de Medicina tá permitindo esse tipo de médico trabalhar aqui no Rio de Janeiro”, diz a paciente.
A mulher que fez a denúncia mais recente também reclama do descaso do Cremerj.
“Não adiantou nada a primeira pessoa ter denunciado ele anos atrás, ele continua sendo contratado. Depois da minha denúncia mesmo, ele ainda continuou exercendo a profissão em outros hospitais. Então, pra mim é um absurdo. Ele continua exercendo uma profissão que ele não deveria mais há muitos anos.”
O que diz o Cremerj
O Cremerj disse que há uma sindicância em andamento sobre o caso. E falou que aguarda informações fundamentais que foram pedidas à delegacia, à unidade de saúde e ao próprio médico.

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