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Giorgia Meloni: quem é a primeira-ministra italiana de direita radical com quem Lula se encontra

Grande vencedora das eleições italianas no ano passado, a italiana conseguiu levar seu partido Irmãos da Itália das margens para o centro político em apenas uma década e tornou-se a primeira mulher premiê da história do país. Loira, olhos verdes, 46 anos e com um discurso inflamado recheado de comentários controversos.
Esta é Giorgia Meloni, a primeira-ministra italiana de direita radical que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai se encontrar nesta quarta-feira (21/6) — a reunião, que não constava do briefing oficial inicialmente divulgado pelo Itamaraty, foi confirmada de última hora.
Meloni estava na França na terça-feira (20/6) para apoiar a candidatura de Roma como sede da Expo Mundial de 2030 e se encontrou com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.
Lula e Meloni estão em lados completamente opostos do espectro político.
Grande vencedora das eleições italianas no ano passado, a italiana conseguiu levar seu partido Irmãos da Itália das margens para o centro político em apenas uma década.
Com isso, tornou-se a primeira mulher premiê da história da Itália.
Neofascismo?Seu partido, o mais votado na Itália, tem suas raízes fincadas no fascismo e recuperou o lema que popularizou o “Duce”, como o ditador facista Benito Mussolini (1883-1945) era conhecido: “Deus, pátria e família”.
Fundada em 2012, a legenda de Meloni tem suas raízes políticas no Movimento Social Italiano (MSI), que surgiu das cinzas do fascismo de Mussolini.
O partido mantém o logotipo dos partidos de extrema-direita do pós-guerra: a chama tricolor, muitas vezes interpretada como o fogo queimando no túmulo de Mussolini.
Mas o rótulo fascista é algo que Giorgia Meloni rejeita com veemência. Ela insiste que deixou a ideologia no passado.
Porém, a história é parte do problema em um país que passou por um processo diferente da desnazificação da Alemanha após a 2ª Guerra, permitindo que os partidos fascistas se reformassem.
“Giorgia Meloni não quer abandonar o símbolo porque é a identidade da qual ela não pode escapar; é sua juventude”, disse Gianluca Passarelli, professor de ciência política da Universidade Sapienza de Roma, em entrevista à BBC no ano passado.
“O partido dela não é fascista”, explicou na ocasião. “Fascismo significa tomar o poder e destruir o sistema. Ela não vai fazer isso e não poderia. Mas há alas no partido ligadas ao movimento neofascista. Ela sempre jogou de alguma forma no meio.”
Origem humildeA juventude de Giorgia Meloni esteve, de fato, ancorada na extrema-direita, mas com origens humildes, algo que é chave para sua imagem de mulher do povo.
Nascida em Roma, ela tinha apenas 1 ano quando seu pai, Francesco, abandonou a família e se mudou para as Ilhas Canárias. Francesco era de esquerda, sua mãe Anna era de direita, levando a especulações de que seu caminho político foi motivado em parte pelo desejo de se vingar de seu pai ausente.
A família mudou-se para Garbatella, um bairro operário no sul de Roma que é tradicionalmente um bastião da esquerda. Mas lá, aos 15 anos, ela se juntou à Frente Juvenil, ala juvenil do neofascista MSI, tornando-se depois presidente do ramo estudantil do sucessor do movimento, a Aliança Nacional.
Em seu livro de 2021, I Am Giorgia, ela ressalta que não é fascista, mas se identifica com os herdeiros de Mussolini: “Peguei o bastão de uma história de 70 anos”.
PosiçõesAo contrário de seus aliados de direita, ela não apoia o russo Vladimir Putin e é pró-Otan e pró-Ucrânia, embora muitos eleitores da direita sejam indiferentes às sanções ocidentais.
Adotando um velho lema controverso, “Deus, pátria e família”, ela faz campanha contra os direitos LGBT; por um bloqueio naval da Líbia para impedir que barcos de imigrantes cheguem à Europa e alertou repetidamente contra os migrantes muçulmanos.
Ela também busca uma “posição italiana diferente” em relação ao órgão executivo da UE.
“Isso não significa que queremos destruir a Europa, que queremos deixar a Europa, que queremos fazer coisas malucas”, disse ela no ano passado.
Depois de formar seu próprio partido em 2012, ela ganhou apenas 4% dos votos na última eleição em 2018.
Formou uma aliança de direita vitoriosa com Silvio Berlusconi, que morreu recentemente, e com o partido de extrema-direita Liga, do ex-ministro do Interior Matteo Salvini.
Mas mesmo que ela tenha procurado tranquilizar os aliados ocidentais da Itália, por exemplo, apoiando fortemente a linha pró-Ucrânia do governo Draghi, suas políticas sociais conservadoras de linha dura estão preocupando muitos.
“Meloni não é um perigo para a democracia, mas um perigo para a União Europeia”, disse o professor Passarelli, que a coloca lado a lado dos líderes nacionalistas na Hungria e na França.
“Ela está do mesmo lado que Marine Le Pen ou Viktor Orbán. E ela quer uma ‘Europa das nações’, então todos estão basicamente sozinhos. A Itália poderia se tornar o Cavalo de Troia de Putin para minar a solidariedade, então ela permitiria que ele continuasse enfraquecendo a Europa.”
Para seus aliados, porém, Meloni representa a mudança política radical de que a Itália precisa, dada sua longa estagnação econômica e uma sociedade liderada por políticos de idade elevada.

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