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Kiki

Katiuschia… que mania as mães tem de colocar em seus filhos o nome de algum personagem ou artista do qual elas gostam… ninguém nunca se perguntou se a criança iria apreciar ter sido nomeada em homenagem a alguém… Katiuschia, ou simplesmente Kiki, como era chamada, com certeza não apreciou o gesto de sua mãe. Quando alguém perguntava qual era seu nome ela dizia que era, Carla, Cátia ou qualquer outro que começasse com “c”… nunca disse seu nome verdadeiro. Não é que ela não gostasse de seu nome… até gostava. O problema era pronunciar seu nome corretamente… ou, pior ainda… escrever! Quando começou a se alfabetizar a menina sofria ao tentar escrever seu nome. Raramente acertava. E quando pedia ajuda à mãe para escrever corretamente, o soneto ficava pior que a emenda… sim… embora adorasse o nome, sua mãe também não sabia escreve-lo…

E quando chegou a idade em que se começa a namorar? Quando algum garoto perguntava à pequena que, diga-se de passagem, era muito bonita, qual era o seu nome, ela se enrolava toda… e terminava dizendo que seu nome era Carmen… ficava muito mais simples… poderia dizer que se chamava Cátia, pois a sonoridade era mais próxima, mas normalmente se identificava como Carmem em um primeiro contato. Depois , quando conhecia melhor a pessoa, pedia-lhe que a chamasse pelo apelido de infância…Kiki. 

Como é de se esperar, Kiki chegou à idade de se casar. E conheceu um rapaz que conquistou de vez seu coração. Não era bonito, mas era engraçado. Também não era daqueles que vivem enfurnados em um bar e não a trocava por uma partida de futebol, por exemplo. Sempre que ia visitá-la levava invariavelmente um buquê de rosas, vermelhas, porque essa é a cor do amor. Se é que amor tem cor…

Todos esperavam que os dois se casassem logo. Afinal, estavam praticamente todos os dias juntos… as pessoas até ficavam se perguntando sobre qual o ramo de trabalho do rapaz, uma vez que ele estava de segunda a segunda na casa de Kiki. No começo ela até gostava, mas com o correr dos dias isso passou a incomodá-la. A meninas amava fazer coisas que seu namorado reprovava. Ela gostava de jogar volei… perdeu algumas partidas porque o rapaz sempre inventava algo para fazerem nos dias em que havia jogo. Ela gostava de correr… ele vivia reclamando que não havia sentido em andar disparado a toa por um percurso, correndo o risco de cair e se machucar… o que ela mais amava na vida era dançar… e o rapaz dizia que, simplesmente, não via sentido nenhum naquilo… mas a gota d’agua foi no dia em que ele chegou e ela estava lendo um livro. O rapaz simplesmente tirou o livro da mão dela e o jogou de lado… o livro caiu no chão. Kiki olhou para ele, incrédula… não conseguia acreditar que ele teve a ousadia de fazer isso. E o rapaz, todo sorridente, falando sobre o que os dois iriam fazer durante esse dia. Quando ele a viu de pé, reclamou que seu short estava curto demais e que a sua camiseta mostrava mais do que devia… a menina cruzou os braços, olhou para ele com uma cara tão feia, que o rapaz calou-se de imediato. Kiki não disse uma única palavra… simplesmente apoiou sua mão no ombro dele e delicada, mas firmemente, foi empurrando-o em direção à saída. O rapaz ficou sem ação… foi a ultima vez que se viram.

O casamento não aconteceu…  não com aquele rapaz, pelo menos. Kiki decidiu que sua felicidade não dependia de ter alguém ao seu lado… principalmente alguém controlador. Afinal, para ser feliz ela tinha que , primeiro, ouvir a voz de seu coração. E este dizia que, antes de qualquer coisa, ela deveria se amar… e só assim poderia doar seu amor para outros…    

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