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Policial agredida por PM durante curso no Ceará: veja o que se sabe e o que falta saber


Agressões teriam ocorrido durante curso tático da Polícia Militar promovido pela Secretaria da Segurança do Ceará. Policial é agredida nos glúteos por instrutor de curso da PM no Ceará
O que era para ser um curso tático da Polícia Militar do Ceará com policiais femininas locais e de outros estados acabou resultando em uma denúncia de agressão contra um cabo da PM de Tocantins, suspeito de dar golpes com uma ripa de madeira nas nádegas das policiais que participavam da formação.
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A agente que denunciou o caso participava de um curso oferecido pela Secretaria da Segurança do Ceará para treinamento de mulheres militares de Pernambuco, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Norte e Piauí.
Veja o que se sabe sobre o caso:
Como o caso veio à tona?
Policial denuncia ter sido agredida por outro policial durante curso preparatório no Ceará
Arquivo pessoal
A agressão ocorreu no início de junho, no oitavo dia da formação, mas só veio a público esta semana, após uma policial do Maranhão, de 53 anos, que terá a identidade preservada, fazer uma postagem nas redes sociais dela mostrando imagens das nádegas com hematomas e questionando a ação do agente.
“Sim, essa sou eu, vítima de um macho escroto que se diz instrutor de curso! Um cabo da polícia militar do Tocantins, que mesmo depois do ocorrido está sendo ovacionado pela instituição e por todos que participaram do curso. Curso tático feminino deveria, sim, ser direcionado apenas para mulheres”, relatou na publicação.
O que teria motivado a agressão?
Policial com hematomas nas nádegas disse ter sido agredido com ripa de madeira após sumiço de pizza em curso no Ceará
Arquivo pessoal
Segundo a policial, o motivo para o cabo agredir as agentes seria o sumiço de uma fatia de pizza.
“Estava em outra parte quando vi aquele cara louco falando ‘Roubaram minha pizza’, ‘São loucas’. Ele colocou todo mundo em posição de flexão e desceu a paulada em todas, na bunda. Tinha 22 comigo”, explicou.
Ainda conforme a denunciante, um segundo momento de agressão aconteceu quando o PM pediu que as policiais se retirassem do local. Como parte das agentes já estavam com marcas devido ao treinamento, o retorno à sala de instrução não foi feito com rapidez, o que teria estressado o professor.
“Ele mandou voltar porque achava que a gente estava retardando. Lá tudo é corrido. Ele botou a gente em posição de flexão de novo, eu e mais três, e desceu a paulada de novo. Mas, dessa vez, foi com mais ódio, tanto que gritei de dor. Não consegui (ficar calada)”, relatou.
O policial teria ficado ainda mais raivoso com gritos da vítima e passou a proferir xingamentos como “velha” e perguntava o que ela estava fazendo ali.
Qual foi a reação da vítima?
No mesmo dia do ocorrido, a policial desistiu do curso e registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza e passou por exame de corpo e delito. Em seguida, ela retornou para o Maranhão.
Atualmente, a policial voltou a trabalhar e está fazendo tratamento psicológico para lidar com o trauma.
“A agressão dói na hora, mas o que fica é a dor psicológica. Dói e te move a fazer o que estou fazendo. Não tem sido fácil. Eu saí do curso, mas o curso não saiu de mim até hoje. Estou em tratamento (terapêutico)”, disse ao g1.
Outras mulheres foram agredidas?
Conforme a vítima, além dela, pelo menos outras 21 agentes também foram agredidas pelo instrutor durante o curso, porém as outras mulheres ainda não denunciaram o caso.
Que curso era esse?
Curso tático para mulheres realizado no Ceará teve militares também de Pernambuco, Maranhão, Paraná e Piauí
Governo do Estado do Ceará/Divulgação
O curso de quatro semanas, que segue até o dia 30 de junho, é promovido pela Secretaria da Segurança do Ceará para treinamento de mulheres militares de Pernambuco, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Norte e Piauí.
A iniciativa tem como proposta um treinamento de defesa pessoal, técnicas operacionais policiais, salvamento, entre outros procedimentos. As aulas foram ministradas por PMs do Tocantins.
O que aconteceu após a divulgação da denúncia?
No mesmo dia que o caso foi denunciado, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), trocou a direção-geral da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp).
“Informo a troca da direção-geral da Aesp, que tem como novo diretor o coronel Kilderlan Nascimento de Souza. Não compactuamos e não vamos tolerar qualquer tipo de violência contra as mulheres, assim como quaisquer abusos dentro dos nossos cursos de formação”, informou Elmano na tarde desta terça-feira (20). Até então, o órgão era dirigido pelo Coronel Clauber Wagner Vieira de Paula.
“Inadmissível e revoltante a denúncia de agressão cometida por um policial de Tocantins, responsável por ministrar um dos módulos do Curso Tático Policial Feminino na Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp), contra uma policial civil do Maranhão”, disse Elmano.
Quem é o PM suspeito das agressões?
Cabo da Polícia Militar de Tocantins, Rafael Ferreira Martins, é suspeito de agredir policiais femininas durante curso promovido pela Secretaria de Segurança do Ceará.
Reprodução
O policial investigado por agredir as agentes é o cabo da Polícia Militar de Tocantins Rafael Ferreira Martins.
O agente ministra formações de treinamento militar há alguns anos. Entre os cursos que ele possui está o de Operações Especiais da Polícia Militar do Estado do Pará, que o fez integrar a Companhia de Operações Especiais (CIOE) da Polícia Militar do Tocantins, estando “habilitado para atuar em ocorrências de altíssima complexidade”, segundo consta site do Governo de Tocantins.
O que aconteceu com o ele?
Cabo Rafael esteve presente na 3ª edição do Curso Tático Policial Feminino até o dia 8 de junho, mesma data da agressão relatada pela vítima. Uma fonte policial, que terá a identidade preservada, informou ao g1 que o instrutor foi afastado do curso antes do previsto, por conta da denúncia.
Ele retornou ao Tocantins, onde permanece trabalhando mesmo após a denúncia.
O que disse a PM do Tocantins?
A Polícia Militar do Tocantins informou que irá apurar o caso e esclareceu que a supervisão do referido curso “coube exclusivamente à instituição Promotora do evento, a qual, inclusive já está apurando os fatos devidamente”.
“Ao tomar conhecimento das informações por meio da imprensa, entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social do Governo do Estado do Ceará, solicitando toda a documentação existente sobre o caso, para avaliação. A Polícia Militar repudia veementemente qualquer desvio de conduta e/ou excesso direcionado a qualquer pessoa, praticado por policial militar, em razão da função ou fora dela e reafirma seu compromisso com a ética, a transparência e o respeito aos direitos humanos”, disse a Polícia Militar de Tocantins.
O que disse a Secretaria de Segurança do Ceará?
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que tomou conhecimento da denúncia de agressão durante o curso e diz que abriu uma investigação para apurar o caso.
“A Secretaria da Segurança ressalta que um inquérito policial para apurar o fato foi instaurado na Delegacia de Defesa da Mulher, onde foram realizadas oitivas e a vítima recebeu todo acolhimento, além de ser encaminhada para a realização de exame de corpo de delito”, diz a pasta.
A Controladoria Geral de Disciplina, que investiga denúncias contra agentes de segurança no Ceará, também abriu procedimento disciplinar para investigar o caso no âmbito administrativo.
O que diz a defesa do agente?
A Associação das Praças e Servidores Militares do Estado do Tocantins (Aspra), por intermédio de seu representante legal, sargento QPPM Douglas Mendes dos Santos, divulgou uma nota nesta sexta-feira (23), afirmando que a denúncia causa “estranheza, pois é direcionada a um um policial militar com 9 anos de profissão, 7 deles dedicados a ministração de cursos policiais para policiais para os mais variados gêneros”.
“…nunca foi acusado ou denunciado de qualquer abuso por parte de suas alunas ou alunos, o policial nunca respondeu a nenhum inquérito ou ação penal, nem mesmo administrativo, e atualmente se encontra no excepcional comportamento. Nos 7 anos como instrutor, já ministrou curso para centenas de policiais femininas, a exemplo das integrantes dos cursos de Formação de Soldados, Forças Táticas, Grupamento de Choque e Curso de Operações Especiais (BOPE).
A Aspra também solicitou que o Estado do Ceará envie a documentação da denúncia as autoridades do Estado do Tocantins.
“A vida profissional pregressa do policial, sem mácula ou qualquer denúncia ou condenação pretérita, impõe a esta associação, manifestar total e irestrito apoio ao CB Martins, e solicitar que seja garantido a ele, como a qualquer ser humano, o devido processo legal, plenitude de defesa e a pressunção de inocência, presupostos caros ao estado democrático de direito”.
Veja a íntegra da nota emitida pela Aspra:
A Associação das Praças e Servidores Militares do Estado do Tocantins – ASPRATOCANTINS, por intermédio de seu representante legal, SGT QPPM Douglas Mendes dos Santos, se manifesta a respeito das noticias veiculadas na mídia de que o Policial do Estado do Tocantins, CB PM Martins, teria agredido uma de suas alunas em ministração de Curso Tático Policial para o qual foi convidado a ministrar em outra unidade da federação, o Estado do Ceará.
Inicialmente a ASPRA-TO repudia veementemente qualquer ato que desvalorize a igualdade de gênero, tente diminuir ou menosprezar as mulheres ou quaisquer que seja o gênero, seja através de violência física, psicológica, patrimonial ou qualquer outra tipo de violência. O autor que comete tais atos, deve ser punido exemplar e severamente, pois não encontra espaço em uma sociedade plural, livre e democrática como a sociedade Brasileira.
Porém, a denúncia nos causa estranheza, pois é direcionada a um um policial militar com 09 anos de profissão, 07 deles dedicados a ministração de cursos policiais para os mais variados gêneros, dentre eles o público feminino, e nunca foi acusado ou denunciado de qualquer abuso por parte de suas alunas ou alunos, o policial nunca respondeu a nenhum inquérito ou ação penal, nem mesmo administrativo, e atualmente se encontra no excepcional comportamento.
Nos 07 anos como instrutor, já ministrou curso para centenas de policiais femininas, a exemplo das integrantes dos cursos de Formação de Soldados, Forças Táticas, Grupamento de Choque e Curso de Operações Especiais – BOPE. Os anos como instrutor lhe garantiu a expertise na ministração de cursos policiais para todos os gêneros, incluindo mulheres, prova disso foi o convite que recebeu para ministrar o curso em outra unidade da federação.
Embora não tenha sido oportunizado as autoridades do tocantins, e ao policial CB Martins, conhecer o teor da denuncia e o procedimento aberto no Estado do Ceará, o que impede o conhecimento em sua plenitude e prejudica manifestação de defesa, pois não se defende daquilo que não se conhece.
A vida profissional pregressa do policial, sem mácula ou qualquer denúncia ou condenação pretérita, impõe a esta associação, manifestar total e irestrito apoio ao CB Martins, e solicitar que seja garantido a ele, como a qualquer ser humano, o devido processo legal, plenitude de defesa e a pressunção de inocência, presupostos caros ao estado democrático de direito.
Solicitamos as autoridades do Estado do Ceará que enviem com brevidade a documentação da denúncia as autoridades do Estado do Tocantins, para que haja uma rápida solução, julgamento e definição do caso, como resposta estatal eficiente a ser entregue a policial denunciante, ao policial denunciado e a sociedade brasileira, atores para os quais devemos irrestrita satisfação.
Havendo publicação de novas informações sobre o caso, estamos a disposição para comentar.
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