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Coronel flagrado em conversas em tom golpista com Cid diz a CPI que queria fala de Bolsonaro para ‘apaziguar’ país


Tenente-coronel Jean Lawand Júnior prestou depoimento à comissão que investiga atos golpistas nesta terça-feira (27). Aos parlamentares, alegou que ‘em nenhum momento’ falou sobre golpe. Coronel Jean Lawand Júnior
Reprodução
O tenente-coronel do Exército Jean Lawand Júnior afirmou nesta terça-feira (27) à CPI mista dos Atos Golpistas que, após as eleições, queria uma fala do ex-presidente Jair Bolsonaro para “apaziguar” o país.
O militar foi flagrado em conversas em tom golpista com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Nas mensagens, Lawand Junior pedia uma ação para impedir a posse do presidente Lula (veja detalhes abaixo).
No depoimento à CPI, o tenente-coronel alegou que buscava, com a conversa, incitar uma fala de Bolsonaro para evitar “convulsão social”.
“A sociedade brasileira, dividida em opiniões, acerca de ‘o que vai contecer?’, ‘o que vai ser agora?’, ‘como foi o pleito?’. A gente vendo aquelas pessoas, a insegurança trazida por aquilo, que podia levar a alguma convulsão social, a alguma revolta, a um problema na segurança, foi o que eu falei”, afirmou.
“As pessoas estavam tentando entender como aquilo terminaria. A ideia minha desde o começo, desde a primeira mensagem com o tenente-coronel Cid, foi que viesse alguma manifestação para poder apaziguar aquilo, e as pessoas voltarem às suas casas”, acrescentou.
Questionado pela relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), sobre quem deveria fazer essa “manifestação para poder apaziguar”, o militar respondeu: “Do governo à época formado”.
Lawand Junior também alegou que “em nenhum momento” falou em golpe. “A única mensagem que fala em ‘golpe’ não é minha. Foi por mim recebida. Não consigo prever, imaginar como seria um golpe. Em nenhum momento eu previ golpe”, alegou.
“Minha intenção foi sempre fazer com que o coronel Cid entendesse que viria uma manifestação do presidente, e a manifestação faria com que as pessoas voltassem para suas casa. Em nenhum momento defendi golpe.”
‘Vai ter que ser pelo povo’
Questionado pela relatora sobre o que quis dizer com uma mensagem, em que escreveu a Cid a frase “vai ter que ser pelo povo mesmo”, o militar respondeu que quis dizer que “o povo vai ter que [se] conscientizar”.
Eliziane, então, pediu ao militar que não “infantilize” a CPI e que as explicações dadas por Lawand são “incompatíveis” com o conteúdo das mensagens trocadas com Mauro Cid.
Mensagens com Mauro Cid
O militar foi chamado a depor após a descoberta das conversas entre Lawand Junior e Cid. Essas mensagens constavam do celular do ex-ajudante de Bolsonaro, alvo de uma operação da Polícia Federal por suposta fraude no cartão de vacinas do ex-presidente, assessores e familiares.
Nas mensagens, Lawand propôs a Mauro Cid, ainda em 2022, que Bolsonaro atuasse para que Forças Armadas impedissem posse de Lula (PT).
“Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara”, afirmou Lawand Junior em um áudio a Cid, em 1º de dezembro de 2022.
Em outra mensagem, em 10 de dezembro do ano passado, Lawand enviou outra mensagem: “Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está”.
A última troca de mensagens entre os dois ocorreu no dia 21 de dezembro de 2022. Jean Lawand Junior escreveu: “Soube agora que não vai sair nada. Decepção irmão. Entregamos o país aos bandidos”. Cid respondeu: “Infelizmente”.
O tenente-coronel chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que pudesse ficar calado durante o depoimento à CPI.
Ao analisar o pedido, a ministra Cármen Lúcia, determinou que Lawand fosse à comissão, mas o autorizou a ficar em silêncio para não produzir prova contra si.
Outros depoimentos
Ao longo das últimas semanas, a CPI ouviu os depoimentos de outras pessoas, entre investigadas e testemunhas.
Já foram ouvidos, por exemplo:
Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, suspeito de ter usado a estrutura da corporação para prejudicar eleitores de Lula no dia do segundo turno da eleição do ano passado;
Jorge Naime, ex-chefe de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, suspeito de omissão no dia dos atos golpistas;
Renato Carrijo, perito da Polícia Civil do DF que atuou no episódio da bomba encontrada em um caminhão nos arredores do aeroporto de Brasília às vésperas da posse de Lula.

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