Menino do ‘carnê do IPTU’ de São Carlos precisa de cadeira de rodas nova e família faz campanha

João Pedro de Aguiar Godoy, que tem mielomeningocele, cifoescoliose congênita e hidrocefalia, precisa de um equipamento maior devido ao seu crescimento. Vaquinha tenta arrecadar R$ 17 mil. Família de São Carlos faz campanha para comprar nova cadeira de rodas
Arquivo Pessoal
Se você é morador de São Carlos (SP), provavelmente deve conhecer o garotinho da foto. João Pedro de Aguiar Godoy, de 10 anos, estampou os carnês de do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e alguns outdoors na cidade neste ano.
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O menino, que tem mielomeningocele, cifoescoliose congênita e hidrocefalia, necessita de uma cadeira de rodas para se locomover e, como a que usa está pequena, familiares e amigos estão fazendo uma campanha para custear a compra de uma nova.
Para arrecadar o dinheiro necessário, a família do menino realiza uma vaquinha on-line, além da venda de rifas e já realizou alguns almoços beneficentes.
Família de São Carlos faz campanha para comprar nova cadeira de rodas para menino
Arquivo Pessoal/Naylla Dy Laura
A campanha teve início em maio e tem como meta arrecadar R$ 17 mil. Em pouco mais de um mês, a família conseguiu apenas R$ 4,1 mil.
“A campanha não tem um prazo específico, mas quanto antes eu conseguir, melhor”, declarou Naylla Aguiar, mãe do pequeno João.
A família informou que também solicitou a nova cadeira via Secretaria de Saúde, da Prefeitura Municipal, mas que não obteve nenhum retorno, por isso iniciou a campanha.
Procurada pelo g1, a Prefeitura de São Carlos informou que as novas cadeiras estão sendo adquiridas pela Secretaria de Saúde do município, porém não há prazo para a entrega dos novos equipamentos.
Trajetória do menino João
Família de São Carlos faz campanha para comprar nova cadeira para menino
Arquivo Pessoal/Naylla Dy Laura
Segundo Naylla, desde quando nasceu, João já passou por mais de 20 cirurgias. Ele não tem movimentos da cintura para baixo por conta do diagnóstico de mielomeningocele, que é uma malformação congênita na coluna vertebral que ocorre no início da gestação e afeta os movimentos das pernas, por exemplo.
João também tem cifoescoliose congênita, uma deformidade na estrutura da coluna, e hidrocefalia, quando ocorre o acúmulo de líquidos no cérebro.
Necessidade da nova cadeira
Família de São Carlos faz campanha para comprar nova cadeira de rodas para menino
Naylla Dy Laura/Arquivo Pessoal
Como João está crescendo, a terapeuta ocupacional que o acompanha orientou a família a necessidade de uma nova. A família fez um orçamento em uma empresa de Rio Claro (SP), que confecciona o produto sob medidas.
“Eu escolhi a empresa de Rio Claro porque lá eles fazem a cadeira de acordo com as necessidades do João, as deformidades que ele tem, por causa da malformação que ele nasceu. A cadeira precisa ser adaptada conforme o corpinho dele”, argumentou Naylla.
Além disso, como a cadeira está pequena, o menino tem desconfortos e não consegue se locomover adequadamente. “Com ela pequena, fica ruim para ele se locomover sozinho, ela fica desconfortável”, explicou a mãe.
Esta será a quarta vez que a cadeira de João será trocada. “O tempo de troca depende do crescimento do João, mais ou menos a cada dois ou três anos. Tudo depende do crescimento dele”, disse a mãe.
Desempenho escolar
Família de São Carlos faz campanha para comprar nova cadeira de rodas para menino
Arquivo Pessoal/Naylla Dy Laura
João está no 5º ano do ensino fundamental na Escola Municipal de Educação Básica (Emeb) Ulysses Ferreira Picolo.
Segundo a coordenadora pedagógica da instituição Bianca Melger Soares, a nova cadeira adaptada pode trazer mais segurança para o aluno, influenciando diretamente em todo o processo de ensino-aprendizagem do estudante.
“Com ela [cadeira], ele vai aprender melhor, vai refletir diretamente nas suas relações na sala de aula, nas aulas de educação física, nas brincadeiras na hora do recreio, em todos os espaços da escola”, apontou.
Apesar da escola ser nova, Bianca declarou que a instituição não tem uma estrutura que permita a acessibilidade de todos os estudantes a todos os espaços da escola. Segundo ela há apenas uma rampa de acesso, que foi feita na época em que o João gravou o comercial para a prefeitura da cidade.
De acordo com Bianca, a Secretaria Municipal já está ciente da demanda da Emeb e busca realizar melhorias na escola. Em 2022, a instituição adquiriu uma mesa adaptada para o João.
“Para a escola de fato ser inclusiva, não basta receber um estudante com necessidades especiais e adaptar atividades. Todos os instrumentos que puderem favorecer a qualidade da vida escolar, da relação com os colegas de sala, da realização das atividades com segurança, proporcionarão maior autonomia ao aluno e contribuirão para o seu desenvolvimento integral”, complementou.
Questionada sobre as denúncias feitas pela coordenadora, a prefeitura disse que a escola é nova, construída em terreno plano e que há acessibilidade.
* Sob supervisão de Ana Marin, do g1 São Carlos e Araraquara.
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