Cidade de São Paulo tem quase 600 mil residências sem moradores, diz Censo 2022

Número é quase o dobro do registrado em 2010 e expõe problema de habitação na maior cidade do país, onde 400 mil famílias vivem sem moradia digna. Domicílio vagos dobram em São Paulo
Reprodução/TV Globo
Dados do Censo de 2022 mostram que a cidade de São Paulo tem quase 5 milhões de apartamentos e casas, sendo quase 589 mil sem moradores fixos, o que representa 12% do total. O número de domicílios vazios é o dobro do registrado no Censo de 2010, quando a cidade tinha menos de 4 milhões de casas e apartamentos e a taxa de ocupação era de 7%.
Ao mesmo tempo em que há tanta casa vazia, a cidade também tem 400 mil famílias sem uma moradia digna. É o caso da Patrícia Candido, que mora em um hotel antigo no centro da capital paulista, onde vivem 230 famílias. Em um apartamento de dois cômodos, ela criou sozinha os três filhos.
“Essa é a segunda vez que eu moro aqui. Eu morei antes, fiquei pagando um ano de aluguel, mas eu já me vi na situação de escolher entre pagar o aluguel ou dar comida para eles. Tem algumas privações que a gente passa”, conta.
Para o professor de urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) Nabil Bonduki, a taxa de desocupação da capital paulista está acima do recomendável.
“Os estudos que são feitos, inclusive internacionalmente, mostram que esse número tem que variar entre 6% e 8%, uma média para que o mercado não fique estrangulado e os valores não subam muito. No caso do município de São Paulo, esse número está chegando a 12,5%, então tem uma diferença que pode ser um importante potencial para enfrentar o problema da habitação. Agora, para isso, precisa ter política adequada, porque o problema existe”, explica.
Cidade de São Paulo tem quase 600 mil residências sem moradores, diz Censo 2022
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Procurada pelo Jornal Hoje, a prefeitura de São Paulo não quis gravar entrevista. Mas, na terça-feira (27), um dia após a aprovação da revisão do plano diretor de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes disse que quer combater o déficit habitacional com incentivo à construção de mais moradias, dessa vez de interesse social.
O desejo de Patrícia e sua família é de emprego, renda e financiamento para poder realizar um sonho. “Eu quero conseguir o meu apartamento. Ter atendimento aqui no Centro e poder terminar de criar meus filhos, ver eles se formarem”, completa.
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