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OUÇA: Mesmo com indefinição de rodoviária, Nova Itapemirim/Suzantur anuncia em spots retorno das linhas entre Afonso Cláudio, Cachoeiro do Itapemirim e São Paulo

Serviços começam a partir de amanhã e atendem também Itaperuna

ADAMO BAZANI

Edição Vinícius de Oliveira

A Nova Itapemirim/Suzantur confirmou no início da noite desta quarta-feira, 09 de agosto de 2023, a retomada das operações das linhas entre Afonso Cláudio (ES), Cachoeiro de Itapemirim (ES) e São Paulo a partir desta quinta-feira (10). Os serviços atendem também a cidade de Itaperuna.

De Cachoeiro de Itapemirim a São Paulo, a saída está prevista às 14h e de São Paulo a Cachoeiro de Itapemirim, às 18h, nesta quinta-feira, passando por Itaperuna em ambos os sentidos.

Na sexta-feira (11), começa a linha entre Afonso Cláudio e São Paulo via Cachoeiro de Itapemirim, com partida do Espírito Santo às 13h.

Já no domingo, a saída de São Paulo para Afonso é às 16h30.

A empresa garantiu que vai colocar as linhas para operar mesmo com o impasse em relação ao uso da rodoviária de Cachoeiro de Itapemirim.

Os embarques e desembarques poderão ser feitos do lado de fora, mas não está descartado o uso de força policial para fazer com que a concessionária ERCISA cumpra a decisão judicial sobre o arrendamento das linhas e estruturas das falidas Viação Itapemirim e Viação Kaissara.

A administradora judicial da falência do Grupo Itapemirim, a Nova Itapemirim/Suzantur e a prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim acusam a ERCISA de descumprimento de ordem judicial e de não liberar os guichês que estão fechados.

O Diário do Transporte procurou desde cedo a ERCISA e não obteve retorno.

Veja:

EXM notifica administradora da rodoviária de Cachoeiro do Itapemirim (ES) para liberação de estruturas para a Nova Itapemirim; ERCISA estaria dificultando acesso

A companhia de ônibus já está anunciando em redes sociais e em spots de rádio e de carro de som o retorno das linhas.


https://diariodotransporte.com.br/wp-content/uploads/2023/08/Audio-Itapemirim.mp3

ENTENDA:

Contando tributos e débitos com fornecedores, bancos e trabalhadores, o Grupo Itapemirim, que estava em recuperação judicial desde março de 2016, tem dívidas que chegam a R$ 2,2 bilhões. Depois de ter o proprietário afastado, Sidnei Piva de Jesus, suspeito de crimes falimentares e gestão fraudulenta, envolvendo supostas transferências de recursos ilegais das empresas de ônibus para fundar a ITA (Itapemirim Transportes Aéreos), o Grupo Itapemirim teve a falência decretada pela Justiça em 21 de setembro de 2022.

Na decisão pela falência, o juiz João Oliveira Rodrigues Filho, do Tribunal de Justiça de São Paulo, autorizou o arrendamento de linhas e estruturas operacionais da Itapemirim e da Kaissara para a Suzantur, empresa que atuou no ramo de fretamento e opera ônibus urbanos em quatro cidades do ABC Paulista (Santo André, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires) e no município de São Carlos, no interior do Estado de São Paulo. A empresa atuava até 2020 no ramo de fretamento também (Relembre o fim da Suzantur no fretamento https://diariodotransporte.com.br/2020/06/29/exclusivo-grupo-comporte-da-breda-e-piracicabana-vai-assumir-servicos-e-onibus-da-suzantur-fretamento/  )

O fim da Viação Itapemirim também envolveu o nome do fundador Camilo Cola em outra polêmica.

Em 07 de março de 2016, o Grupo Itapemirim entrou com pedido de recuperação judicial, na época com uma dívida de mais de R$ 300 milhões, sendo que grande parte era de débitos trabalhistas, além de fornecedores e credores estrangeiros.

Em 17 de fevereiro de 2017, Camilo Cola dava entrevista à imprensa dizendo que a continuaria à frente da Viação Kaissara mas que havia vendido o Grupo Itapemirim para empresários de São Paulo, como mostrou o Diário do Transporte à época.

Em entrevista à Gazeta, do Espírito Santo, filiada à TV Globo, o fundador da empresa, Camilo Cola, hoje com 93 anos, disse que a Viação Itapemirim foi vendida, mas que a família continua no controle da Kaissara.

“Vendemos a Itapemirim. Quem comprou foi um grupo empresarial. Eles ficaram com a Itapemirim e nós ficamos com a Kaissara. Eles ficaram com as linhas curtas e nós, com as longas. Eles assumiram toda a dívida”, disse o empresário, que fundou a empresa em 1953, em Cachoeiro de Itapemirim.

De acordo com a reportagem, a Viação Itapemirim foi comprada pelos empresários de São Paulo, Sidnei Piva de Jesus, Milton Rodrigues Junior e Camila de Souza Valdívia – que foi nomeada presidente da companhia.

A compra ocorreu por meio das empresas Ssg Incorporação e Assessoria, de propriedade de Sidnei Piva de Jesus e a Csv Incorporação e Assessoria Empresarial, de Camila de Souza Valdívia, ambas localizadas em São Paulo.

O objeto social das duas empresas engloba atividades de consultoria e auditoria contábil e tributária e incorporação de empreendimentos imobiliários, de acordo com a Junta Comercial de São Paulo. A Csv também atua em consultoria em gestão empresarial e de publicidade.

Relembre:

Itapemirim foi vendida para grupo de São Paulo e Camilo Cola continua com Kaissara, diz empresário à imprensa do Espírito Santo

Mas em 12 de maio de 2017, Camilo Cola vinha à imprensa de novo e disse que tinha sido vítima de um golpe e que, na verdade, não havia vendido a Itapemirim, mas que contratou o grupo de empresários para uma consultoria, como também mostrou o Diário do Transporte à época.

A FolhaES divulgou na sexta-feira, 12 de maio de 2017, uma entrevista atribuída à Camilo Cola, na qual o fundador da empresa, criada em 4 de julho de 1953, mas com origem em 1946,  diz que foi vítima de um golpe na recuperação judicial.

Camilo Cola afirmou que a família fundadora vai entrar na justiça contra os empresários Sidnei Piva de Jesus, Milton Rodrigues Junior e Camila de Souza Valdívia, nomeada presidente da companhia.

Segundo a entrevista, os atuais controladores foram contratados para ajudar a família fundadora nesse processo de recuperação judicial.

Camilo Cola diz que transferiu poderes dentro da Itapemirim ao novo grupo, o que resultou em sua própria destituição do comando. Cola era assessorado por um diretor de carreira na empresa, Anísio Fioresi, e pelo advogado e ex-juiz Rômulo Silveira, diretor jurídico do grupo com a administração antiga.

Na matéria, Camilo Cola fala em quebra de confiança.

Entre as supostas irregularidades apontadas pela família Cola e atribuídas ao novo grupo, está o desvio de recursos da empresa obtidos com as vendas de passagens para o pagamento de notas fiscais por serviços prestados por outras empresas dos atuais gestores.

Ainda de acordo com o Camilo Cola, na matéria, o interesse pela recuperação das empresas seria uma “fachada” para desvio de recursos e inviabilização total do Grupo Itapemirim, que retornaria à família fundadora, mas dilapidado.

“Fomos enganados de todas as maneiras e tivemos a nossa confiança traída por pessoas de nossa maior consideração. Foi uma articulação monstruosa e sem precedentes, que, infelizmente, só descobrimos há pouco tempo … Já demitiram inúmeros funcionários sem o pagamento de verbas rescisórias, multas e FGTS, como determina a legislação. Não irá demorar muito, como já identificamos em outras empresas onde aplicaram o mesmo golpe, para demitirem muitos outros funcionários, sem também efetuar o pagamento de direitos trabalhistas, denegrindo um grupo que se orgulha de sua história no Espírito Santo e no país. Não vamos deixar isso acontecer. Cachoeiro de Itapemirim e o Espírito Santo precisam saber quem é essa gente e nos ajudar a recolocar as empresas no caminho da recuperação”

Relembre:

Camilo Cola diz que Itapemirim foi vítima de golpe e novo grupo afirma que contratou auditoria

O MP (Ministério Público) investigou se a venda da Itapemirim seria uma última manobra de Camilo Cola quanto às dívidas milionárias do grupo.

Ao longo da condução de Piva, foram apuradas diversas irregularidades, todas negadas pelo empresário.

Entre as quais, suspeitas de desvios de dinheiro de credores da empresa de ônibus para paraísos fiscais e de R$ 46 milhões para a constituição da ITA (Itapemirim Transportes Aéreos) em 2021, que voou apenas cerca de seis meses, parando de operar repentinamente em 17 de dezembro de 2021, pegando milhares de passageiros de surpresa.

A ITA teve a falência decretada em 11 de julho de 2023, como mostrou o Diário do Transporte em primeira mão.

Relembre:

DECISÃO: ITA (Itapemirim Transportes Aéreos) tem falência decretada pela Justiça; Grupo rodoviário faliu no ano passado

O Grupo Itapemirim, que incluiu as empresas de ônibus, teve a falência decretada pela Justiça antes.

Contando tributos e débitos com fornecedores, bancos e trabalhadores, o Grupo Itapemirim, que estava em recuperação judicial desde março de 2016, tem dívidas que chegam a R$ 2,2 bilhões. Depois de ter o proprietário afastado, Sidnei Piva de Jesus, suspeito de crimes falimentares e gestão fraudulenta, envolvendo supostas transferências de recursos ilegais das empresas de ônibus para fundar a ITA (Itapemirim Transportes Aéreos), o Grupo Itapemirim teve a falência decretada pela Justiça em 21 de setembro de 2022.

Na decisão pela falência, o juiz João Oliveira Rodrigues Filho, do Tribunal de Justiça de São Paulo, autorizou o arrendamento de linhas e estruturas operacionais da Itapemirim e da Kaissara para a Suzantur, empresa que atuou no ramo de fretamento e opera ônibus urbanos em quatro cidades do ABC Paulista (Santo André, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires) e no município de São Carlos, no interior do Estado de São Paulo. A empresa atuava até 2020 no ramo de fretamento também (Relembre o fim da Suzantur no fretamento https://diariodotransporte.com.br/2020/06/29/exclusivo-grupo-comporte-da-breda-e-piracicabana-vai-assumir-servicos-e-onibus-da-suzantur-fretamento/  )

Contestaram o arrendamento das linhas para a Suzantur, a ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestre (sargumentando, entre outros pontos, que linhas de ônibus pertencem ao poder público e não podem ser considerados ativos de uma empresa), a Viação Garcia (empresa de ônibus rodoviários do Sul do País que tinha interesse nas mesmas linhas e que alega que ofereceu propostas melhores) e o próprio Grupo Itapemirim (administrações Sidnei Piva – último dono –  e da Transconsult – que fez uma rápida intervenção nas companhias). A Associação dos Credores da Itapemirim, grupo que diz representar uma parte dos credores, também não queria que a Suzantur operasse as linhas.

O Grupo Itapemirim é formado pelas seguintes empresas:

– Viação Itapemirim S.A (CNPJ: 27.175.975/0001-07);

– Transportadora Itapemirim S.A (CNPJ:33.271.511/0001-05);

– ITA Itapemirim Transportes S.A.(CNPJ:34.537.845/0001-32);

– Imobiliária Bianca Ltda. (CNPJ: 31.814.965/0001-41);

– Cola Comercial e Distribuidora Ltda.(CNPJ: 31.719.032/0001-75);

– Flecha S.A.Turismo, Comércio e Indústria (CNPJ: 27.075.753/0001-12);

– Viação Caiçara Ltda.(CNPJ: 11.047.649/0001-84) – marca fantasia: Kaissara

A Suzantur, originária do setor de fretamento, tem como sócio principal o empresário Claudinei Brogliato.

Atualmente a empresa opera linhas urbanas nas seguintes cidades:

– Santo André (Grande São Paulo): Sistema tronco-alimentado de Vila Luzita – em caráter provisório desde 2016 porque a prefeitura ainda não lançou uma nova licitação para conceder este sistema que era operado pela Expresso Guarará. O sistema Vila Luzita, individualmente, atende a maior demanda de passageiros de Santo André;

– Diadema (Grande São Paulo): Todas as linhas municipais por concessão (aquisição das operações da Benfica e MobiBrasil);

– Mauá (Grande São Paulo): Todas as linhas municipais por concessão;

– Ribeirão Pires (Grande São Paulo): Todas as linhas municipais por concessão (aquisição das operações da Rigras);

– São Carlos (Interior de São Paulo): Todas as linhas depois de operações emergenciais com a saída da empresa Athenas Paulista em 2016. O Grupo Suzantur foi considerado vencedor na licitação do sistema em 1º de setembro de 2022, para assumir contrato de 10 anos prorrogáveis por mais 10 anos. O Grupo participou da concorrência com o nome da Rigras, de Ribeirão Pires. Em 1º de maio de 2023, entretanto, a empresa deixa de operar e assume as linhas a Sacentur (Santa Cecília Transportes e Turismo) – SOU.

O dia 04 de março de 2023, um sábado, marcou o retorno oficial da Itapemirim/Kaissara pela Suzantur por meio de arrendamento autorizado pela Justiça. A primeira viagem foi de São Paulo a Curitiba, saindo do Terminal Rodoviário do Tietê, na zona Norte de São Paulo às 7h. O Diário do Transporte acompanhou a saída do ônibus às 5h30 da garagem de Santo André, no ABC Paulista, que fica na Avenida Queirós dos Santos com a Rua Luís Pinto Fláquer, no centro, próximo da linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). O primeiro ônibus de prefixo 50126 é um Marcopolo Paradiso de dois andares, com categoria leito na parte inferior e semi-leito na parte superior. O Diário do Transporte conversou com o motorista Francisco Carlos Alves, que já trabalhou por 10 anos na viação Itapemirim, ainda na administração da família de Camilo Cola, e agora está neste retorno. O profissional também atuou em grandes empresas como Gontijo e Cometa.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2023/03/04/em-primeira-mao-video-confira-o-primeiro-onibus-e-o-primeiro-motorista-que-marcam-o-retorno-da-viacao-itapemirim-kaissara-sobre-arrendamento-da-suzantur/

OS PRIMEIROS EURO 6:

A Suzantur confirmou ao Diário do Transporte de forma oficial em 14 de abril de 2023, a compra para a Itapemirim/Kaissara das primeiras seis unidades de chassis de ônibus que seguem o padrão de motores Euro 6.

Os veículos deste padrão emitem, em geral, 75% menos de poluição e conseguem ter um consumo menor de óleo diesel e um desempenho melhor em relação aos modelos da tecnologia anterior Euro 5. O novo padrão internacional se tornou obrigatório no Brasil em janeiro deste ano.

Os chassis já recebem na Marcopolo, em Caxias do Sul (RS), carrocerias do modelo Paradiso 1800 DD (de dois andares) G8 (oitava geração).

As linhas que receberão os novos ônibus ainda serão definidas.

De acordo com a companhia do ABC Paulista, as seis unidades são da marca Scania, modelo K 410 – 6X2 (três eixos, seis rodas com tração em duas delas).

A Suzantur, que possui sede em Santo André (SP), opera as linhas que eram de responsabilidade da Itapemirim/Kaissara, que faliram, por meio de arrendamento judicial.

EXCLUSIVO: Confira os novos ônibus “leito-cama” da Itapemirim que ainda estão em linha de produção na Marcopolo

Suzantur promete mais investimentos em veículos e infraestrutura e vai ampliar categoria de serviços com as unidades deste ano

ADAMO BAZANI

Colaboraram Willian Moreira e Alexandre Pelegi

A Suzantur vai ampliar ainda neste ano de 2023 os investimentos em mais veículos e infraestrutura para retomar as operações de linhas que eram autorizadas às Viações Itapemirim e Kaissara.

A informação é da própria empresa que, na manhã deste sábado, 08 de julho de 2023, divulgou com exclusividade ao Diário do Transporte, imagens dos ônibus de dois andares com categoria leito-cama. (A solicitação é que blogs e canais de Youtube creditem a informação ao Diário do Transporte em referências sobre o material).

Vale ressaltar que não são imagens “vazadas” ou feitas sem autorização. O material foi produzido pela empresa para o Diário do Transporte.

Neste lote, como já havia antecipado a reportagem, são seis veículos. Os ônibus vão oferecer aos passageiros a categoria leito-cama; Cada veículo é configurado com oito poltronas que possibilitam reclinação total na parte inferior e 46 assentos no piso superior, do tipo semi-leito.

Na parte inferior, além de reclinação total nas poltronas, os passageiros vão contar com serviço diferenciado que oferece lanche, bebida não alcóolica, mantas, canais individuais para entretenimento por áudio e vídeo, iluminação especial entre outros itens de conforto.

Em ambos os andares, os ônibus oferecem nas poltronas os seguintes itens: porta-copos, entradas do tipo USB para carregamento de baterias de celulares; notebooks e outros dispositivos móveis em casa assento; apoio para descanso de pernas; regulagens em diferentes posições de reclinação entre outros.

Geladeiras com água à vontade para os passageiros, sanitário, ar-condicionado com regulagem de saída individuais, iluminação para relaxamento visual, interfone para comunicação com o motorista também fazem parte do pacote presente no modelo dos ônibus para as duas categorias de serviço.

As carrocerias são produzidas pela Marcopolo em Caxias do Sul (RS) e o modelo é Paradiso 1800 DD (Double Decker) – Geração 8.

Os chassis foram produzidos pela Scania, em São Bernardo do Campo (SP), modelo K410 6×2 (três eixos), no padrão Euro 6 de motores a diesel, cuja produção no Brasil se tornou obrigatória em janeiro de 2023.  Este padrão internacional de emissões reduz a poluição em média em 75% em comparação com os modelos de geração anteriores Euro 5.

Este tipo de chassi, além de suspensão pneumática e controle individual de tração, oferece pacotes de segurança com atuação semiautônoma para redução de acidentes, porém, com comando total do motorist (veja mais detalhes mais abaixo)

“Ao longo de sua história, a Itapemirim sempre se destacou por oferecer serviços diferenciados, ampla gama de opções aos passageiros e viagens com conforto e segurança. Nesta nova fase da marca, tudo isso será retomado. A marca Itapemirim gradativamente vai voltar a ser uma das principais no transporte na América Latina e quem ganha com isso é o passageiro: mais serviços, mais opções e uma atuação saudável no mercardo” – promete a empresa.

As viações Itapemirim e Kaissara tiveram a falência decretada em 21 de setembro de 2022. Na mesma decisão, a Justiça de São Paulo autorizou que a Suzantur, do ABC Paulista, na Região Metropolitana de São Paulo, opere as linhas por meio de arrendamento por um ano renovável por mais outro.

A Suzantur diz que com os novos ônibus serão ampliadas as opções das categorias de serviços para os passageiros.

Mais ônibus zero quilômetro e seminovos serão incorporados à frota, mas as quantidades e modelos ainda terão divulgação oficial. Até lá, todas as supostas informações são especulações.

Segundo a empresa, as linhas de montagem da encarroçadora Marcopolo, na cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, estão a todo vapor para atender a alta demanda do mercado, reflexo ainda de antecipações de compras do ano passado por outras empresas que ainda optaram por comprar chassis Euro 5.

O Diário do Transporte mostrou nesta sexta-feira, 07 de julho de 2023, que a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou o balanço da indústria automotiva referente ao primeiro semestre do ano.

No mercado de ônibus, há duas realidades: enquanto a produção caiu 28,4%, com 9.539 chassis saindo das linhas de montagem no acumulado entre janeiro e junho de 2023, os emplacamentos subiram 54,9 %. No primeiro semestre de 2023, foram licenciados 11.322 ônibus.

Como há uma diferença de três a seis meses entre a compra dos ônibus e o emplacamento, é compreensível o fato de a produção de chassis estar em baixa, mas com filas nas encarroçadoras e alta nos emplacamentos. Muitos chassis do ano passado ainda estão recebendo as carrocerias e sendo emplacados.

Relembre:

Primeiro semestre de 2023 acumula queda de 28,4% na produção de ônibus no Brasil, diz Anfavea, nesta sexta (07)

A Suzantur e a Marcopolo possuem uma parceria de longa data.

A maior parte da frota dos ônibus urbanos da empresa é da marca e, neste segmento, a companhia deve realizar neste ano de 2023 mais renovações também.

A Suzantur atualmente opera no ABC Paulista, atuando nas cidades de Santo André, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires, somente em sistemas municipais.

A empresa também foi a primeira a testar em campo o modelo Attivi Elétrico Padron de 12m, o inédito ônibus elétrico de produção integral da Marcopolo, ao fazer o trajeto de uma linha troncal em Santo André, entre um dos bairros mais populosos da cidade e a região central: TR 103 (Terminal Vila Luzita/Terminal Santo André) – via Coronel Alfredo Fláquer (Perimetral).

Veja mais fotos e vídeos dos novos ônibus leito-cama (Diário do Transporte):


ENTREVISTA: Incentivos à renovação de frota de ônibus e caminhões podem ser permanentes, diz Alckmin em encontro com Mercedes-Benz, Itapemirim/Suzantur e Marcopolo

MP não estava decolando para veículos pesados; Com 60 rodoviários para a Itapemirim e 90 urbanos para Suzantur pelo Programa, outros grandes empresários devem avaliar a possibilidade de compra de usados, espera Governo Federal

ADAMO BAZANI

OUÇA:

https://diariodotransporte.com.br/wp-content/uploads/2023/07/Coletiva-Alckmin.mp3

Os incentivos à renovação de frota de veículos comerciais pesados podem se tornar permanentes.

É o que disse na manhã desta sexta-feira, 14 de julho de 2023, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin em encontro com a fabricante de chassis e motores, Mercedes-Benz, com a produtora de carrocerias Marcopolo e com a operadora de ônibus urbanos e rodoviários, Suzantur/Itapemirim.

O evento ocorreu na fábrica da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e teve cobertura do Diário do Transporte.

Alckmin disse que, por enquanto, a possibilidade de uma política mais duradoura de incentivos não é pensada para veículos leves.

“No caso dos veículos leves, foi transitório mesmo. No momento em que os juros estão muito altos, as pessoas têm dificuldade de comprar o carro. Foi dado um apoio para tirar o estoque e as fábricas não pararem. Foi um sucesso, esgotaram os R$ 800 milhões em um mês praticamente. Nós tivemos um recorde histórico. No dia 30 de junho, foram quase sete mil veículos vendidos. No caso de caminhão e ônibus, nós estamos estudando fazer uma coisa mais permanente” – disse Alckmin ao reconhecer que mudança de tecnologia de motores encarece os veículos, deixando o mercado desaquecido na transição.

A tecnologia com base nas normas internacionais Euro 6 entraram em vigor no Brasil em janeiro deste ano. A redução de emissões é de cerca de 75%, mas os valores dos ônibus e caminhões subiram em até 30%.

Como mostrou o Diário do Transporte, em primeira mão, por meio do Programa de Renovação de Frota, instituído pela MP 1175/2023, o Grupo Suzantur/Itapemirim anunciou a compra de 150 ônibus zero quilômetro.

São 90 unidades Mercedes-Benz de urbanos (Marcopolo Torino/OF 1721 L – Euro 6) para a Suzantur operar em cidades do ABC Paulista (Santo André, Mauá, Diadema e Ribeirão Pires) e 60 ônibus rodoviários para a Nova Itapemirim operar em linhas interestaduais, sendo 20 Mercedes-Benz (carrocerias Marcopolo Paradiso 1350 – Geração 8), 20 Volvo (carrocerias Marcopolo Paradiso, de dois andares, 1800 DD – Geração 8) e 20 Scania (também carrocerias Marcopolo Paradiso, de dois andares, 1800 DD – Geração 8)

Segundo o empresário Claudinei Brogliato, dono da Suzantur/Nova Itapemirim, por causa da adesão ao programa, o volume de compra de ônibus novos para este ano de 2023 projeto por suas companhias, mais que dobrou.

“Tínhamos inicialmente, a intenção de compra de 60 ônibus para este ano [entre urbanos e rodoviários]. Com esta MP, obtivemos a chance de ampliar este plano, mais que dobramos. Serão 150 ônibus” – disse Brogliato.

O Grupo Suzantur/Itapemirim está fazendo uso de uma possibilidade prevista numa alteração da MP para ônibus e caminhões.

A troca direta pelo proprietário do ônibus e caminhão com 20 anos ou mais não estava sendo bem sucedida. Quem tem um veículo desta idade, não possui condições de comprar um zero quilômetro, já que o ônibus ou caminhão antigo precisam ser despachados para a sucata.

Com a possibilidade, donos de transportadoras de passageiros e cargas maiores podem comprar os veículos antigos dos empresários menores, despacharem para a sucata e ganharem o desconto que pode variar de R$ 33,6 mil para micro-ônibus e caminhões leves até R$ 99,4 mil para ônibus rodoviários de alto padrão e caminhões extrapesados, cujos valores podem chegar até R$ 1,8 milhão dependendo da configuração.

Além da indústria e os grandes empresários se beneficiarem, os pequenos empresários e empresas regulares de sucateamento agora devem ter vantagens.

– O pequeno empresário dificilmente conseguiria comprar um ônibus ou caminhão 0 km direto. Mas vendendo o veículo para um empresário maior, ele vai conseguir adquirir um modelo ao menos mais novo do que o que ele tinha.

– O “sucateiro” regular vai ter um volume de trabalho que não teria caso não houvesse esta possibilidade.

– O empresário maior pode encontrar no mercado, caminhões e ônibus com valores inferiores ao desconto. Logo, vai gastar um valor inferior na compra e despacho do veículo que o valor do desconto. Vai ter lucro.

– Não é necessário levar o ônibus ou caminhão para a região onde é a sede da empresa. É possível despachar o veículo antigo na região onde ele está. Assim, não há custo logístico para o transporte. A Suzantur/Itapemirim está comprando ônibus velhos em todo o País.

– A indústria se beneficia porque vai vender mais. No caso da Suzantur/Itapemirim, por exemplo, o plano de renovação de frota para este ano passou de 60 ônibus para 150, entre urbanos e rodoviários.

Para a Suzantur, os descontos vão variar entre R$ 70 mil (urbanos maiores) e R$ 99,4 mil (rodoviários de alto padrão).

O Governo Federal admite que a compra pelo Grupo Suzantur/Itapemirim vai ajudar na promoção do programa, que até agora não deslanchou para veículos pesados.

Desde a publicação da MP em 05 de junho de 2023, nem 20% dos R$ 700 milhões disponíveis para os caminhões foram utilizados, de acordo com dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). No caso dos ônibus, menos da metade dos R$ 300 milhões foram utilizados. Em relação aos carros, para os quais não havia exigência de sucateamento, os R$ 800 milhões disponíveis se esgotaram em 07 de julho de 2023.

O CEO da Marcopolo, James Bellini, disse no evento que teve cobertura do Diário do Transporte que a indústria espera uma ampliação do programa e que os primeiros a serem beneficiados são os trabalhadores.

“O segmento de veículos comerciais é muito ligado a aspectos sociais e todo incentivo a este setor tem um reflexo muito direto no dia a dia da população. Esperamos uma política além de uma medida provisória, que, claro, não se pode negar que neste momento, é muito importante” – disse.

O diretor de vendas e marketing ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Walter Barbosa, disse que há vários caminhos para que o Governo seja convencido dos benefícios da criação de uma política permanente de incentivo a veículos pesados.

“Eu vejo vários caminhos. Um deles é promover mais eventos como este de hoje, com a presença de autoridades públicas. Além disso, envolver a Anfavea, que representa toda a indústria. Com isso, mostrar para o Governo Federal a importância de um programa permanente e evitar que mais para frente ocorra uma retração de demanda, com investidores esperando um novo programa para que haja uma renovação. Tudo que é provisório, do ponto de vista de incentivos, achamos que pode ser melhorado. Se virar permanente, o Brasil vai viabilizar mais investimentos e programar melhor estes investimos” – disse.

O vice-presidente de Vendas e Marketing Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz, Roberto Leoncini, disse acreditar que após o exemplo da Suzantur/Itapemirim, mais empresários maiores devem procurar os menores.

O que a Suzantur/Itapemirim está fazendo é um exemplo para o mercado. Se houver uma extensão do programa, isso pode virar uma cultura permanente muito positiva. Teremos nas ruas e estradas, ônibus e caminhões mais novos, mais eficientes, mais seguros e menos poluentes. Até para a redução de acidentes nas estradas haverá um benefício muito grande” – disse.

VEJA TAMBÉM AS SEGUINTES REPORTAGENS DO DIÁRIO DO TRANSPORTE SOBRE O TEMA:

*ENTREVISTA – ITAPEMIRIM: Claudinei Brogliato detalha compra de 60 rodoviários, fala de novas linhas, modelos, mais veículos seminovos e diz: Suzantur veio para ficar no setor interestadual*

_Serão 90 urbanos também.; *Diário do Transporte* participou de evento na Mercedes-Benz e indústria diz que incentivo à renovação de frota precisa ser programa permanente_

*ADAMO BAZANI*

*Colaboraram Arthur Ferrari e Willian Moreira*

https://diariodotransporte.com.br/2023/07/14/entrevista-itapemirim-claudinei-brogliato-detalha-compra-de-60-rodoviarios-fala-de-novas-linhas-modelos-mais-veiculos-seminovos-e-diz-suzantur-veio-para-ficar-no-setor-interestadual/

Grupo Suzantur/Itapemirim anuncia a compra de 150 ônibus no âmbito do Programa de Renovação da Frota do Governo Federal nesta sexta (14)

Segundo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, é a primeira grande aquisição de veículos comerciais pesados no pacote

ADAMO BAZANI

https://diariodotransporte.com.br/2023/07/14/grupo-suzantur-itapemirim-anuncia-a-compra-de-110-onibus-no-ambito-do-programa-de-renovacao-da-frota-do-governo-federal-nesta-sexta-14/

NOVA GARAGEM

EXCLUSIVO – Conheça a nova garagem da Itapemirim na zona Norte da Capital Paulista que começou a funcionar neste sábado (15)

“De acordo com empresa, espaço facilita a logística, além de melhorar a infraestrutura para os funcionários, já que possui alojamentos

ADAMO BAZANI

Colaborou Willian Moreira

A Suzantur/Nova Itapemirim enviou com exclusividade para o Diário do Transporte imagens da nova garagem que começou a funcionar neste sábado, 15 de julho de 2023.

Como havia anunciado a reportagem, o local possui cerca de cinco mil metros quadrados e mais espaço para a frota que será ampliada em comparação à garagem que funcionava na cidade de Santo André, no ABC Paulista.

Como mostrou o Diário do Transporte, nesta sexta-feira (14), o empresário Claudinei Brogliato disse que estima até o fim do ano cerca de 140 ônibus em operação, com crescimento ainda maior da quantidade em 2024.  A declaração foi feita durante o anúncio da compra de 150 ônibus 0 km dentro do programa de estímulo do Governo Federal de renovação de frota previso pela MP (Medida Provisória 1175). São 90 veículos urbanos para a Suzantur e 60 rodoviários para a Itapemirim. Ainda serão incluídos mais 20 ônibus seminovos. Relembre:

ENTREVISTA – ITAPEMIRIM: Claudinei Brogliato detalha compra de 60 rodoviários, fala de novas linhas, modelos, mais veículos seminovos e diz: Suzantur veio para ficar no setor interestadual

Segundo a empresa, o espaço facilita a logística, além de melhorar a infraestrutura para os funcionários, já que possui alojamentos para os motoristas descansarem. Refeitório e área de descanso rápido também são destinados aos funcionários, que contarão com sanitários e chuveiros.

A garagem, que é alugada e ocupa o espaço que era utilizado pela empresa Reunidas Caçador, de transportes rodoviários também, fica a 7 km do Terminal Rodoviário do Tietê. O pátio de Santo André estava a 23,5 km.

Ainda de acordo com a Nova Itapemirim, o novo espaço já é adaptado para empresa de transporte de passageiros, mas estão sendo feitos ajustes e implantadas reformas, incluindo pintura.

Áreas específicas para manutenção mecânica, manutenção elétrica, funilaria, lavação, áreas administrativas, alojamento para os motoristas e demais funcionários compõem o novo endereço.

O espaço também é mais protegido em relação à garagem de Santo André, que tinha apenas cercas laterais, e possui uma recepção e portarias mais estruturadas para dar maior segurança a funcionários, visitantes e ao patrimônio.

Sistemas de câmeras e monitoramento em tempo real e remoto ampliam a segurança e o controle dos acessos.

A área de manobra é maior também, o que reduz eventuais acidentes com pequenos danos, como riscos em lataria e quebra de retrovisores.

A empresa explicou que toda a estrutura ainda está em mudança, por isso, a garagem ainda não está como o planejado, o que vai ser finalizado nas próximas semanas.

O endereço da nova sede é: R. Nélson Francisco, 66, no bairro do Limão.

Veja mais imagens:

(Não são fotos vazadas ou feitas por funcionários sem autorização da diretoria)

VEJA TAMBÉM AS SEGUINTES REPORTAGENS DO DIÁRIO DO TRANSPORTE SOBRE O TEMA:

*ENTREVISTA – ITAPEMIRIM: Claudinei Brogliato detalha compra de 60 rodoviários, fala de novas linhas, modelos, mais veículos seminovos e diz: Suzantur veio para ficar no setor interestadual*

_Serão 90 urbanos também.; *Diário do Transporte* participou de evento na Mercedes-Benz e indústria diz que incentivo à renovação de frota precisa ser programa permanente_

*ADAMO BAZANI*

*Colaboraram Arthur Ferrari e Willian Moreira*

https://diariodotransporte.com.br/2023/07/14/entrevista-itapemirim-claudinei-brogliato-detalha-compra-de-60-rodoviarios-fala-de-novas-linhas-modelos-mais-veiculos-seminovos-e-diz-suzantur-veio-para-ficar-no-setor-interestadual/

Grupo Suzantur/Itapemirim anuncia a compra de 150 ônibus no âmbito do Programa de Renovação da Frota do Governo Federal nesta sexta (14)

Segundo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, é a primeira grande aquisição de veículos comerciais pesados no pacote

ADAMO BAZANI

https://diariodotransporte.com.br/2023/07/14/grupo-suzantur-itapemirim-anuncia-a-compra-de-110-onibus-no-ambito-do-programa-de-renovacao-da-frota-do-governo-federal-nesta-sexta-14/

 

VÍDEO (com detalhes e entrevistas) e VÁRIAS FOTOS

Saiba como foi parecer do Ministério Público em processo da ANTT contra o arrendamento das linhas da Itapemirim/Kaissara para a Suzantur

Órgão citou caso da Varig que teve linhas assumidas pela VGR (classificada como “Nova Varig”) e depois arrematadas pela GOL

ADAMO BAZANI

Em manifestação num processo que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) moveu contra o arrendamento das linhas das empresas rodoviárias falidas Itapemirim e Caiçara (Kaissara) para a Suzantur, o MPSP (Ministério Público de São Paulo) não se opôs a esta transferência.

O parecer é de 21 de abril de 2023 e o Diário do Transporte teve acesso na íntegra nesta quinta-feira, 27 de julho de 2023.

O processo ainda não foi encerrado.

O Grupo Itapemirim teve a falência decretada em 21 de setembro de 2022 e, na mesma decisão, a Justiça de São Paulo autorizou a Suzantur, empresa de ônibus do ABC Paulista, a operar as linhas em forma de arrendamento. Após uma queda de braço com a ANTT na Justiça, a Suzantur começou a operar em 04 de março de 2023 e ainda está assumindo gradativamente os serviços.

A ANTT sustentou que as linhas não deveriam ser arrendadas à Suzantur e para ninguém, uma vez que linhas de ônibus interestaduais são autorizadas às empresas pela União e não pertencem à nenhuma companhia. Ou seja, são do Estado.

Para a ANTT, uma vez que determinada a falência de qualquer empresa, suas linhas devem ser extintas.

A Suzantur, por sua vez, alegou que as operações das linhas gerariam recursos aos credores do Grupo Itapemirim e apontou que a ANTT estava criando obstáculos para o início na época, classificando a postura dos servidores da agência como “resistência injustificada”

No parecer, a procuradora de Justiça Maria Cristina Pera João Moreira Viegas criticou os termos usados contra a ANTT e disse que não se pode impedir que uma agência atue em seu trabalho de regular um serviço a todos os operadores rodoviários, porém, não se opôs às operações por arrendamento.

De fato, não cabe aqui analisar se as linhas anteriormente operadas pelo Grupo Itapemirim constituem ou não ativo da massa falida, posto que a decisão agravada nada dispõe a esse respeito, restringindo-se a determinar que a ANTT dê cumprimento ao arrendamento autorizado pelo juízo, impondo penalidades em caso de descumprimento. Nesse sentido, a própria agravante destaca que vem adotando todas as medidas ao seu alcance para assegurar o cumprimento do comando jurisdicional, na forma da legislação federal e regulatória aplicável a todos os operadores do transporte rodoviário interestadual.

A procuradora, entretanto, destacou que o assunto das operações gera dúvidas e citou caso da Varig que teve linhas assumidas pela VGR (que foi classificada como “Nova Varig”). A procuradora ainda salientou que operar linhas de uma empresa falida não significa sucessão empresarial ou assunção de dívidas, já que tratam-se de companhias diferentes.

O tema é bastante tormentoso e, desde logo, se destaca que decisões pretéritas sobre os slots das companhias aéreas falidas, que muito se assemelham às linhas das transportadoras de passageiros, foram transferidos aos adquirentes.

Confira-se enxerto do RECURSO ESPECIAL Nº 1.542.442 – SP, rel. LUIS FELIPE SALOMÃO, j. 04.04.2020.

(…)

No caso, figura como devedor a empresa “S.A. VIAÇÃO AÉREA RIO GRANDENSE” (massa falida) que é completamente distinta da empresa “GOL – Linhas Aéreas Inteligentes S.A.”.

Não há como se reconhecer a existência de sucessão porque aquela continua tendo existência própria.

É verdade que muito se discute sobre o tema, havendo entendimento em sentido contrário, fruto mais de confusão.

Com efeito, como acontece muitas vezes ou sempre com bancos em situação financeira difícil, a parte “boa” da VARIG foi vendida em leilão e adquirida pelo fundo de investimento americano “Marin Paterson”, daí resultando o nascimento da empresa “VRG Linhas Aéreas” que ficou com o direito aos “slots” da VARIG, ou seja, direitos de pouso e decolagens nos aeroportos.

O modelo atual rodoviário se assemelha ao já aplicado há mais tempo no setor aéreo, com linhas liberadas por modelo de autorização e permissão para a realização de embarques e desembarques e vendas de passagens.

CASO VARIG:

Criada em 07 de maio de 1927, a Varig (Viação Aérea Rio-Grandense), após estar mergulhada numa grave crise financeira que teve início na década dos anos de 1990, deixou de operar com a formação societária em 2006. Com dívidas à época de R$ 5,7 bilhões, teve a recuperação judicial decretada em 22 de junho de 2005.

Em novembro de 2005, a empresa aérea TAP Portugal com investidores brasileiros, arrematou o que se chamava de “parte boa da Varig”, comprando a Varig Log e a Varig Engenharia e Manutenção.

Houve contestação do negócio por parte de credores.

Foi criada em agosto de 2006 a VRG Linhas Aéreas, conhecida como Nova Varig que começou a operar no mesmo ano as linhas que eram da Varig.

A Nova Varig foi então vendida para Volo do Brasil, que era uma sociedade de empresários brasileiros com um fundo americano que havia comprado a subsidiária de cargas

Em 2007, a VRG foi vendida para a GOL Linhas Aéreas, com as operações.

Até 2008 eram empresas diferentes, mas a VRG foi incorporada no fim daquele ano.

A falência da Varig “original” foi decretada em 20 de agosto de 2010.

Não foi reconhecida a sucessão empresarial da Varig pela GOL, não sendo então a GOL responsabilizada pelos débitos da Varig.

CAMILO COLA

Se estivesse vivo, no último dia 26 de julho de 2023, o empresário Camilo Cola completaria 100 anos de idade. E por pouco, não completou seu centenário em vida.

Camilo Cola morreu em 29 de maio de 2021, aos 97 anos, na cidade de Cachoeiro do Itapemirim (ES), de causas naturais.

Sua morte gerou comoção no estado e despertou lembranças no mundo rodoviário de passageiros, onde mais se destacou.

Relembre:

Camilo Cola, fundador da Itapemirim, morre aos 97 anos

No setor de transportes de passageiros, Camilo Cola é sinônimo de empreendedorismo e inovação.

Na realidade, o filho dos imigrantes italianos Pedro Cola e Virgínia Sossai, que chegaram ao Sul do Espírito Santo por volta 1888, foi mais que um empresário de ônibus.

Cola contribuiu para criar inovações ou dar escala a soluções  que mudaram de vez o transporte rodoviário de passageiros como os ônibus Tribus (de três eixos), diferentes categorias de serviços de ônibus numa mesma linha, rotas de grande abrangência, a diversificação para os setores de cargas e aéreo, e o uso das pinturas nos veículos com o intuito de passar a imagem de um serviço exclusivo e para criar uma identidade com o público.

O empresário também criou indústrias de carrocerias e chassis de ônibus.

Além disso, o atual modelo de operações rodoviárias interestaduais por autorizações linha por linha tem muito da participação de Camilo Cola que se colocou frontalmente contra às tentativas de licitação dos serviços pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) entre os anos de 2008 e 2015. A agência chamou as tentativas de licitação e reordenamento da malha rodoviária de ProPass Brasil.

Um dos porta-vozes da família Cola contra a licitação foi o executivo Hugo de Faveri, diretor à época da Viação Itapemirim, empresa fundada por Camilo Cola.

No dia 16 de dezembro de 2013, Hugo de Faveri concedeu uma entrevista sobre o tema ao Diário do Transporte, à época chamado Blog Ponto de Ônibus juntamente com a Rádio CBN de São Paulo, na qual ressaltava o modelo de autorizações individuais por linhas.

Relembre:

ESPECIAL: Alternativas para a licitação das linhas rodoviárias pela ANTT

Antes de entrar para o segmento de transportes, Cola foi combatente da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Segunda Guerra Mundial. O jovem, que havia se alistado no Exército anda com 18 anos, integrou o pelotão que expulsou os alemães de Monte Castello, no Norte da Itália, em 1945.

No Brasil, Camilo Cola fundou a empresa que chegou a ser a maior companhia de ônibus da América Latina e uma das maiores do mundo: a Viação Itapemirim.

Foi dono também de outra empresa icônica: Nossa Senhora da Penha.

A venda da Penha para o grupo do empresário Constantino de Oliveira, no ano de 2007, também rendeu uma polêmica jurídica, como mostrou o Diário do Transporte.

Relembre:

EXCLUSIVO: Justiça condena família Cola a pagar R$ 3,6 milhões por corretagem de transferência da Penha para a família Constantino

A Viação Itapemirim foi criada em 04 de julho de 1953, mas Cola antes disso já atuava no segmento de transportes.

Em 1946, ao retornar da Segunda Guerra Mundial para Cachoeiro do Itapemirim (ES), Camilo Cola juntou o dinheiro que recebeu do Exército e o que conseguiu vendendo cigarros para seus colegas de farda e comprou um caminhão Ford Hercules e passou a transportar cargas e passageiros.

No pós-guerra, as nações que não foram palco do conflito apresentavam potencial de crescimento, principalmente urbano com o início de uma nova era da industrialização. Assim, o transporte de mercadorias e pessoas se tornava cada vez mais importante.

Camilo Cola entendeu e aproveitou o movimento.

Em 1948, após ser transportador de cargas em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, Camilo Cola se associou a comerciantes locais dando origem a ETA – Empresa de Transportes Autos, que com apenas um ônibus ligava os municípios de Castelo e Cachoeiro do Itapemirim. A ETA, que crescia junto com a elevação do número de passageiros, era o embrião da Viação Itapemirim, criada oficialmente em 4 de julho de 1953.

Todas as inovações, que você leu no início da reportagem, ocorreram no comando da Viação Itapemirim.

Mas Camilo Cola não teve apenas uma vida de empresário. O capixaba também se envolveu na política, sendo deputado federal por diferentes legislaturas, e como representante de classe.

A Câmara dos Deputados destacou as principais atividades de Cola na vida pública:

Mandatos (na Câmara dos Deputados):

Deputado(a) Federal – 2007-2011, ES, PMDB, Dt. Posse: 01/02/2007; Deputado(a) Federal – 2011-2015, ES, PMDB, Dt. Posse: 08/02/2011.

Atividades Profissionais e Cargos Públicos:

Fundador, Viação Itapemirim S.A.; Fundador, Flecha S.A. Turismo Comércio e Indústria; Fundador, São Mateus Diesel Serviços e Autos Ltda.; Fundador, Estação Rodoviária Cachoeira do Itapemirim S.A.; Fundador, Construções e Participações Sociais Ltda.; Fundador, Itabira Administradora e Corretora de Seguros Ltda.; Fundador, Tecnobus Serviços Comércio e Indústria Ltda.; Ex-Administrador, Cola Representações Indústria e Comércio Ltda.; Fundador, MC Massad Cola Empreendimentos e Participações Ltda.; Fundador, Massad Cola Marketing e Comunicação Ltda.; Fundador, Cola Comercial e Distribuidora Ltda.; Fundador, Gráfica e Editora Itabira Ltda.; Fundador, Itapemirim Turismo Agência de Viagens e Despachos Ltda.; Fundador, Complexo Agroindustrial Pindobras Ltda.; Fundador, Imobiliária Bianca Ltda.; Fundador, Itapemirim Informática Ltda.; Fundador, Marbrasa Mámores e Granitos do Brasil Ltda..

Atividades Sindicais Representativas de Classe Associativas e Conselhos:

Sócio Fundador, Associação Comunitária do Espírito Santo (ACES), 1984; Presidente, CNTT, 1987-1990.; Presidente, Conselho Diretor da ACES, 1984-1985; Vice-Presidente, Conselho Diretor da ACES, 1985-2006.

POLÊMICAS:

Fazenda e Suspeita de Trabalho Escravo:

Uma das páginas que levaram o nome de Cola à polêmica foi da Fazenda Pindobas.

Uma apuração do Ministério Público do Trabalho em 2011 constatou que na propriedade de Cola que atuava na área florestal, com a produção de eucaliptos, diversos trabalhadores eram submetidos a condição análoga à escravidão.

O Ministério do Trabalho chegou a colocar o nome do Grupo Itapemirim na lista-suja de trabalho escravo.

Cola, entretanto, se defendeu dizendo que desconhecia as irregularidades e que os trabalhadores foram contratados por uma empresa terceirizada.

Kaissara

Outra polêmica se refere à criação da marca Viação Kaissara, em 2009, da Viação Caiçara

Como mostrou o Diário do Transporte, em 04 de junho de 2015, a Viação Kaissara assumiu 68 linhas que eram da Itapemirim, correspondendo a 40% das operações, contanto as linhas mais lucrativas, como de São Paulo ao Rio de Janeiro e a Curitiba.

A Itapemirim já estava altamente endividada.

Na época, chegou até a dar entrevistas, inclusive para o Diário do Transporte, Fernando Santos, que se apresentava como diretor de operações da Kaissara.

Sua narrativa inicial era tentar demonstrar que a Kaissara era desvinculada da Itapemirim, mas Santos não informava quem seria então o dono da empresa. Fernando Santos só se limitava a dizer que a Kaissara era de um grupo de empresários do Espírito Santo.

Relembre:

EXCLUSIVO: Diretor da Kaissara fala da transferência das linhas da Itapemirim e dos planos da nova empresa

A narrativa não se sustentava.

Em 11 de outubro de 2015, com salários atrasados e sem direitos pagos, os trabalhadores das Viações Itapemirim e Kaissara entraram em greve e denunciaram que a transferência das linhas para a Kaissara seria uma manobra da família Cola para colocar os serviços mais lucrativos no nome de uma empresa que teria menos problemas judiciais e financeiros, nos quais a Itapemirim se afundava mais a cada ano.

Relembre:

Greve coloca dúvidas sobre Kaissara e Itapemirim serem do mesmo grupo empresarial

Já na recuperação judicial da Itapemirim, em janeiro de 2017, a 13ª Vara Cível Especializada Empresarial de Vitória, que até então era responsável pelo processo antes da transferência para a Justiça de São Paulo, incluiu a Kaissara na recuperação da Itapemirim.

Para a Justiça, apesar das tentativas de se mascarar e criar uma falsa independência entre as duas empresas, havia sérios indícios do uso de “laranjas”, sendo comprovado que Itapemirim e Kaissara eram do mesmo grupo empresarial.

“Analisando detidamente toda a documentação é de fácil constatação que as pessoas físicas que compõem o quadro societário da Viação Caiçara Ltda não possuem condições econômicas de constituir o patrimônio societário, avaliado em mais de R$ 100 milhões, levando em consideração a cessão de linhas/itinerários em número de 68; aquisição de frota e imóveis. Para chegar a esta conclusão destaco que ambos os sócios são empregados de empresas que compõem o grupo econômico Itapemirim”, mostrou à época a 13ª Vara Cível Especializada Empresarial de Vitória.

Fim da Itapemirim:

O fim da Viação Itapemirim também envolve o nome de Camilo Cola em outra polêmica.

Em 07 de março de 2016, o Grupo Itapemirim entrou com pedido de recuperação judicial, na época com uma dívida de mais de R$ 300 milhões, sendo que grande parte era de débitos trabalhistas, além de fornecedores e credores estrangeiros.

Em 17 de fevereiro de 2017, Camilo Cola dava entrevista à imprensa dizendo que a continuaria à frente da Viação Kaissara mas que havia vendido o Grupo Itapemirim para empresários de São Paulo, como mostrou o Diário do Transporte à época.

Em entrevista à Gazeta, do Espírito Santo, filiada à TV Globo, o fundador da empresa, Camilo Cola, hoje com 93 anos, disse que a Viação Itapemirim foi vendida, mas que a família continua no controle da Kaissara.

“Vendemos a Itapemirim. Quem comprou foi um grupo empresarial. Eles ficaram com a Itapemirim e nós ficamos com a Kaissara. Eles ficaram com as linhas curtas e nós, com as longas. Eles assumiram toda a dívida”, disse o empresário, que fundou a empresa em 1953, em Cachoeiro de Itapemirim.

De acordo com a reportagem, a Viação Itapemirim foi comprada pelos empresários de São Paulo, Sidnei Piva de Jesus, Milton Rodrigues Junior e Camila de Souza Valdívia – que foi nomeada presidente da companhia.

A compra ocorreu por meio das empresas Ssg Incorporação e Assessoria, de propriedade de Sidnei Piva de Jesus e a Csv Incorporação e Assessoria Empresarial, de Camila de Souza Valdívia, ambas localizadas em São Paulo.

O objeto social das duas empresas engloba atividades de consultoria e auditoria contábil e tributária e incorporação de empreendimentos imobiliários, de acordo com a Junta Comercial de São Paulo. A Csv também atua em consultoria em gestão empresarial e de publicidade.

Relembre:

Itapemirim foi vendida para grupo de São Paulo e Camilo Cola continua com Kaissara, diz empresário à imprensa do Espírito Santo

Mas em 12 de maio de 2017, Camilo Cola vinha à imprensa de novo e disse que tinha sido vítima de um golpe e que, na verdade, não havia vendido a Itapemirim, mas que contratou o grupo de empresários para uma consultoria, como também mostrou o Diário do Transporte à época.

A FolhaES divulgou na sexta-feira, 12 de maio de 2017, uma entrevista atribuída à Camilo Cola, na qual o fundador da empresa, criada em 4 de julho de 1953, mas com origem em 1946,  diz que foi vítima de um golpe na recuperação judicial.

Camilo Cola afirmou que a família fundadora vai entrar na justiça contra os empresários Sidnei Piva de Jesus, Milton Rodrigues Junior e Camila de Souza Valdívia, nomeada presidente da companhia.

Segundo a entrevista, os atuais controladores foram contratados para ajudar a família fundadora nesse processo de recuperação judicial.

Camilo Cola diz que transferiu poderes dentro da Itapemirim ao novo grupo, o que resultou em sua própria destituição do comando. Cola era assessorado por um diretor de carreira na empresa, Anísio Fioresi, e pelo advogado e ex-juiz Rômulo Silveira, diretor jurídico do grupo com a administração antiga.

Na matéria, Camilo Cola fala em quebra de confiança.

Entre as supostas irregularidades apontadas pela família Cola e atribuídas ao novo grupo, está o desvio de recursos da empresa obtidos com as vendas de passagens para o pagamento de notas fiscais por serviços prestados por outras empresas dos atuais gestores.

Ainda de acordo com o Camilo Cola, na matéria, o interesse pela recuperação das empresas seria uma “fachada” para desvio de recursos e inviabilização total do Grupo Itapemirim, que retornaria à família fundadora, mas dilapidado.

“Fomos enganados de todas as maneiras e tivemos a nossa confiança traída por pessoas de nossa maior consideração. Foi uma articulação monstruosa e sem precedentes, que, infelizmente, só descobrimos há pouco tempo … Já demitiram inúmeros funcionários sem o pagamento de verbas rescisórias, multas e FGTS, como determina a legislação. Não irá demorar muito, como já identificamos em outras empresas onde aplicaram o mesmo golpe, para demitirem muitos outros funcionários, sem também efetuar o pagamento de direitos trabalhistas, denegrindo um grupo que se orgulha de sua história no Espírito Santo e no país. Não vamos deixar isso acontecer. Cachoeiro de Itapemirim e o Espírito Santo precisam saber quem é essa gente e nos ajudar a recolocar as empresas no caminho da recuperação”

Relembre:

Camilo Cola diz que Itapemirim foi vítima de golpe e novo grupo afirma que contratou auditoria

O MP (Ministério Público) investigou se a venda da Itapemirim seria uma última manobra de Camilo Cola quanto às dívidas milionárias do grupo.

O fato é que a gestão dos últimos anos de Itapemirim foi polêmica e considerada desastrosa.

Milton Rodrigues Junior chegou a posar para a foto “oficial” de aquisição do Grupo, como mostrou o Diário do Transporte em 06 de abril de 2017.

Relembre:

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Milton Rodrigues Junior também participava das reuniões de credores e frequentava as dependências da Viação Itapemirim.

Mas depois de tudo isso, negou ser sócio do empreendimento.

Sidnei Piva e Camila Valdívia entraram ao longo da sociedade em rota de colisão.

Em 19 de dezembro de 2019, o desembargador Azuma Nishi, da 1ª Câmara de Direito Empresarial do TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo, destituiu Camila de Souza Valdívia do comando das empresas do Grupo da Viação Itapemirim.

O magistrado aceitou a argumentação de Sidnei num agravo de instrumento. O empresário alegou que havia irregularidades na gestão de Camila que descumpriam pontos do Plano de Recuperação Judicial.

Relator do processo, Azuma escreveu que há uma “grave animosidade” entre os sócios que pode prejudicar as empresas.

“Tal medida se torna necessária, como dito, diante da grave animosidade entre os sócios, sendo impossível e contraproducente, a prejudicar as empresas e ao plano de recuperação, a manutenção da gestão compartilhada entre Sidnei e Camila” – diz trecho da decisão.

Camila continuou como sócia, mas sem poder de decisão.

Relembre:

Justiça destitui Camila de Souza Valdívia do comando da Itapemirim

Posteriormente, Piva compraria a parte de Camila Valdívia na Itapemirim por R$ 4,8 milhões, o que foi questionado pela Justiça, como mostrou o Diário do Transporte em 1º de julho de 2020.

O juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais questionou a aquisição da parte de antiga sócia, Camila de Souza Valdívia por R$ 4,8 milhões sendo que a empresa alegava dificuldades financeiras. De R$ 11,5 milhões devidos (R$ 11.556.092,53) devidos, o grupo da Itapemirim pediu a destinação de R$ 9,2 milhões (R$ 9.244.874,00) para usar em prol de sua manutenção.

Ora, perfeitamente possível o questionamento das escolhas promovidas pelos controladores das recuperandas. Qual a razoabilidade em se destinar R$ 4.800.000,00 para a aquisição das cotas e ações da sócia Camila e imediatamente depois requerer ao Juízo o levantamento de R$ 9.244.874,00 para manutenção da atividade em detrimento dos credores, sobretudo da classe trabalhista, flexibilizando o plano de recuperação judicial?

Relembre:

TJ determina mudança no Plano de Recuperação da Viação Itapemirim e questiona compra da parte de Camila e remuneração de Piva

Ao longo da condução de Piva, foram apuradas diversas irregularidades, todas negadas pelo empresário.

Entre as quais, suspeitas de desvios de dinheiro de credores da empresa de ônibus para paraísos fiscais e de R$ 46 milhões para a constituição da ITA (Itapemirim Transportes Aéreos) em 2021, que voou apenas cerca de seis meses, parando de operar repentinamente em 17 de dezembro de 2021, pegando milhares de passageiros de surpresa.

A ITA teve a falência decretada em 11 de julho de 2023, como mostrou o Diário do Transporte em primeira mão.

Relembre:

DECISÃO: ITA (Itapemirim Transportes Aéreos) tem falência decretada pela Justiça; Grupo rodoviário faliu no ano passado

O Grupo Itapemirim, que incluiu as empresas de ônibus, teve a falência decretada pela Justiça antes.

Contando tributos e débitos com fornecedores, bancos e trabalhadores, o Grupo Itapemirim, que estava em recuperação judicial desde março de 2016, tem dívidas que chegam a R$ 2,2 bilhões. Depois de ter o proprietário afastado, Sidnei Piva de Jesus, suspeito de crimes falimentares e gestão fraudulenta, envolvendo supostas transferências de recursos ilegais das empresas de ônibus para fundar a ITA (Itapemirim Transportes Aéreos), o Grupo Itapemirim teve a falência decretada pela Justiça em 21 de setembro de 2022.

Na decisão pela falência, o juiz João Oliveira Rodrigues Filho, do Tribunal de Justiça de São Paulo, autorizou o arrendamento de linhas e estruturas operacionais da Itapemirim e da Kaissara para a Suzantur, empresa que atuou no ramo de fretamento e opera ônibus urbanos em quatro cidades do ABC Paulista (Santo André, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires) e no município de São Carlos, no interior do Estado de São Paulo. A empresa atuava até 2020 no ramo de fretamento também (Relembre o fim da Suzantur no fretamento https://diariodotransporte.com.br/2020/06/29/exclusivo-grupo-comporte-da-breda-e-piracicabana-vai-assumir-servicos-e-onibus-da-suzantur-fretamento/  )

VALOR QUE NÃO PODE SER APAGADO:

Apesar de todas estas polêmicas, muitas das quais que pararam na seara da investigação, o fato é que o valor de Camilo Cola como empreendedor e como um desenvolvimentista para o transporte rodoviário brasileiro não pode ser apagado.

Quem trabalhou com Camilo Cola relata que ele era firme, austero, mas educado, humilde, simples e que ouvia todos nas garagens.

Foi um empresário mão na massa, que mesmo depois de grande, fazia questão de estar no pátio, entre os trabalhadores, acompanhando de perto como ocorriam as operações e manutenção.

No ano em que Cola completaria 100 anos, a fundação da Itapemirim chegava aos 70 anos.

A Nova Itapemirim/Suzantur, para homenagear a Cola e a Viação Itapemirim, estilizou um ônibus contemporâneo com uma das pinturas mais tradicionais da empresa, que marcou o auge da Itapemirim entre os anos de 1960 e de 1980, com as cores bege, branco e amarelo.

A empresa do ABC Paulista está retomando aos poucos as operações que eram da Itapemirim e reveza o ônibus comemorativo em diferentes linhas.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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