“É dia de feira
Quarta-feira, Sexta-feira
Não importa a feira
É dia de feira
Quem quiser pode chegar”
Sim, como diz a música “A Feira”, da banda O Rappa, é dia de feira, e aqui em Florianópolis elas ocorrem quase que todos os dias nos quatro cantos da Ilha e do Continente. Chamadas de feira hortifrúti, feira do produtor, feira livre ou popularmente de feirinha do bairro, elas oferecem à comunidade frutas, legumes, verduras e uma infinidade de produtos naturais e coloniais, tudo fresquinho. Em algumas você ainda encontra banca de peixes, carnes e opções orgânicas, para aqueles que não abrem mão de um vegetal livre de agrotóxicos.
De acordo com dados da Prefeitura de Florianópolis, são mais de 50 feiras realizadas semanalmente na cidade, das pequenas e mais jovens, às tradicionais como a da avenida Santa Catarina, no bairro Balneário do Estreito. A reportagem do Floripa 350 foi até lá. Descobrimos que a feira é montada há mais de 50 anos no mesmo lugar, bem pertinho da orla.
Um quarteirão de feira no Balneário do Estreito, em Florianópolis
Hoje a Feira do Hortifrúti do Estreito ocupa um quarteirão inteiro. São cerca de dez bancas nas quais você pode encontrar frutas, verduras, legumes, bolachas, produtos coloniais, queijo e embutidos, produtos naturais e orgânicos e, é claro, o tradicional e indispensável pastel, que vem acompanhado daquele caldo de cana.
A funcionária pública aposentada, Danusa Goes, 67 anos, é uma das clientes mais assíduas da Feira do Hortifrúti do Estreito. Ela viu a feira crescer, encolher nos últimos anos e acompanha a transformação do segmento que ressurge e se reinventa.
“Conheço e compro as delícias da feira do Estreito há 50 anos. Venho aqui desde adolescente. Nos anos de 1970, 1980, isso aqui era uma loucura. A feira tinha mais de três quarteirões. Depois, com o surgimento dos sacolões, ela diminuiu um pouco. Agora com a pandemia da Covid-19, poucos feirantes resistiram com seus negócios. Mas hoje a feira renasce, é forte, têm produtos de muita qualidade, com preço justo. Faço questão de toda semana comprar aqui minhas frutas, legumes, verduras e outras gostosuras”, conta a moradora.
A funcionária pública aposentada Danusa Goes, 67 anos, é cliente assídua da feira do Balneário do Estreito, em Florianópolis – Foto: Windson Prado/NDA aposentada acrescenta que, dependendo da semana, chega a gastar R$600 em produtos da Feira de Hortifrúti do bairro Balneário do Estreito, dinheiro que junto aos dos demais usuários da feira, movimenta a economia, fortalece a agricultura familiar de toda a região e garante o sustento de centenas de famílias que vivem das feiras em Florianópolis.
Em outra barraca encontramos a dentista Ana Cristina Cabral, 49 anos. Ela trabalha pertinho da Feira do Hortifrúti do Balneário do Estreito e sempre que pode dá uma fugidinha, para aproveitar as novidades. “Gosto de vir aqui para comprar frutas, verduras e produtos naturais. Hoje a escolha foi inhame, gengibre e castanhas”, fala a odontóloga.
Os produtos naturais foram adquiridos na banca caçula da Feira do Hortifrúti do Estreito, a barraca da Miraci Gomes, 44 anos. Há cinco anos ela resolveu investir no segmento e garante que tem valido a pena. “Sempre gostei de atender pessoas, levar produtos que impactam na saúde e qualidade de vida da população. Por isso, resolvi investir na banca de produtos naturais. Há dois anos estou na feira do Balneário. A equipe aqui é dez, e a clientela é fiel, são uns amores”, destaca a feirante.
Feira em Florianópolis transcende gerações
Na maior banca da Feira de Hortifrúti do bairro Balneário do Estreito, em Florianópolis, encontramos a jovem Daiana Hinkel, 35 anos. Como todo feirante, a moça esbanja simpatia e talento para as vendas. É a “mais querida”, dos clientes, conhece quase todos pelo nome e faz questão de mostrar a eles cada novidade da semana, o que há de mais fresco e o que atende aos gostos de cada um.
Entre um cliente e outro, Daiane contou um pouco da história da família Hinkel, que desde 1975 tem nas feiras livres da Capital o sustento. Ela cresceu vendo o pai, seu Genésio Hinkel, 67 anos, fazer a feira em vários pontos de Florianópolis, entre eles, a Feira do Hortifrúti do Balneário do Estreito.
“Estou neste ambiente desde pequena. Aprendi tudo com meu pai, que ainda hoje é quem busca as nossas mercadorias na Ceasa e, junto com minha mãe, prepara tudo para apresentarmos à venda”, descreve a secretária executiva. Sim, Daiane foi cursar o ensino superior, em Secretariado Executivo na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e pós em Gestão de Pessoas, pela Univali (Universidade do Vale do Itajaí), mas não conseguiu abandonar as ruas.
“É uma delícia estar aqui, ter este contato com a comunidade, ofertar produtos de qualidade, frescos, entregar saúde aos nossos clientes. Fiz faculdade, mas não quis abandonar a Feira do Hortifrúti. É uma vocação da família, sabe. Quero transmitir isso aos meus filhos”, enfatiza Daiane.
A feira do hortifrúti delivery de Florianópolis
Mas em meio à tanta tecnologia, às grandes redes supermercadistas e sacolões, estariam as feiras do hortifrúti com seus dias contatos? A feirante Daiane Hinkel pensa que não, e, para isso, investe em tecnologia e inovação. “Acho que as feiras livres jamais irão acabar porque as pessoas sempre estão em busca de saúde e alimentação saudável. Estamos perto delas oferecendo o que há de melhor, tanto aqui na banca física, quanto por meio das redes sociais”, apresenta a feirante.
Isto mesmo, a feira do hortifrúti de Florianópolis invadiu as plataformas digitais e assim tem conquistado novos públicos. A banca da família Hinkel foi uma delas. Além de divulgar as novidades da semana no Instagram, no @hinkel.hortifruti, eles atendem virtualmente pelo WhatsApp (48) 99921-0922 e (48) 98809-6695.
“Quando montamos a banca fazemos um vídeo e fotos dos produtos e das novidades. Enviamos para nossos clientes, que pelo App de conversa, pedem o que precisam. A partir daí, selecionamos os produtos e entregamos na casa do consumidor, que pode pagar em dinheiro, pix ou cartões. É a tecnologia junto à tradição”, explica Daiane Hinkel.
Para o secretário executivo de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia da Prefeitura de Florianópolis, Juliano Richter Pires, mais do que uma opção acessível à comunidade, as feiras livres garantem oportunidades para quem vive da agricultura familiar, e dos produtos do campo.
“As feiras promovidas pela Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria Executiva de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, geram renda para microempreendedores e contribuem para a econômica da cidade, promovendo mais oportunidades de negócios e fortalecendo multiculturas presentes na capital”, pontua o Secretário Executivo de Desenvolvimento Econômico Ciência e Tecnologia, Juliano Richter Pires.
Para quem ficou interessado em explorar a atividade, saiba que o processo para se tornar feirante em Florianópolis é descomplicado. Basta solicitar uma licença de venda, o interessado deve ingressar com processo em uma das unidades do pró-cidadão, informando o local, dias de trabalho e produtos comercializados, junto às cópias de RG, CPF, atestado de saúde, e comprovante de residência.
Confira algumas imagens da Feira do Hortifrúti do Balneário do Estreito
A maior feira de hortifrúti de Florianópolis
A feira do Largo da Alfândega é a maior feira de Florianópolis. Ele fica no Centro, próximo a rua Conselheiro Mafra e é realizada todas as terças, quartas, sextas e sábados. Dentre os produtos comercializados, além dos hortifrutigranjeiros, estão frios, bolachas, folhagens, mel e derivados, ovos, farinha, cocada, caldo-de-cana, carnes, pães, acarajé, entre outros.
Agenda das feiras de hortifrúti de Florianópolis
Terça-feira
- Caieira do Saco dos Limões – Rua Almeida Coelho, quadra da Escola de Samba Consulado;
- Canto da Lagoa – Rua Laurindo Januário da Silveira na quadra de tênis na entrada pro LIC;
- Centro – Largo São Sebastião, Praça dos Namorados;
- Centro – Rua Major Costa, Hospital da Polícia Militar;
- Córrego Grande – Avenida Governador José Boabaid, Jardim Anchieta;
- João Paulo – Rodovia João Paulo, Sersaco;
- Lagoa da Conceição – Praça Renato Antônio de Souza;
- Parque São Jorge – Avenida Burití.
Quarta-feira
- Barra da Lagoa – Rua Altamiro Barcellos Dutra, rua Elesbão Ramos;
- Campeche – Avenida Pequeno Príncipe, posto de saúde;
- Carianos – Ressacada;
- Carianos – Rua Jornalista Carlos Castello Branco;
- Centro – Rua Almirante Lamego, rua Felipe Schmidt;
- Centro – Rua Jade Magalhães;
- Córrego Grande – Avenida Carlos Gonzaga, Jardim Anchieta;
- Córrego Grande – Rua João Pio Duarte Silva, posto de saúde;
- Daniela (feira de verão) – Avenida das Palmeiras, Associação dos Moradores;
- Lagoa da Conceição – Praça Bento Silvério;
- Pantanal – Rua Pedro Vieira Vidal;
- Saco dos Limões – Rua João Motta Espezim, Centro Social Urbano;
- Tapera – Rua das Areias;
- Trindade – Praça Santos Dumont.
Quinta-feira
- Barra da Lagoa – Rua Laurindo José de Souza;
- Centro – Rua Major José Augusto de Faria;
- João Paulo – Rodovia João Paulo, Escola básica José do Valle Pereira;
- Monte Verde – Praça Osni Ferreira, Conselho Comunitário;
- Ribeirão da Ilha – Rodovia Baldicero Filomeno, em frente ao campo do Bandeirante;
- Rio Tavares – Rua Reverendo Gelson dos Santos Castro, próximo da Panificadora Dupão.
Sexta-feira
- Agronômica – Praça Celso Ramos;
- Campeche – Avenida Campeche, Associação do BESC;
- Campeche – Avenida Pequeno Príncipe, posto de saúde;
- Centro – Rua Major Costa, Hospital da Polícia Militar;
- Córrego Grande – Avenida Governador José Boabaid, Jardim Anchieta;
- Itacorubi – Rodovia Amaro Antônio Vieira, praça;
- José Mendes – Rua José Maria da Luz;
- Jurerê – Associação de Moradores de Jurerê Tradicional;
- Porto da Lagoa – Rua Laurindo Januário da Silveira, Associação de Moradores do Porto da Lagoa;
- Trindade – Praça Santos Dumont;
- Sambaqui – Rua Florisbelo Silva;
- Santo Antônio de Lisboa – Praça Getúlio Vargas;
- Trindade – Rua Professor Bento Águido Vieira, próximo ao conjunto residencial Itambé;
- Costeira – Avenida Governador Jorge Lacerda, Apan.
Sábado
- Campeche – Avenida Pequeno Príncipe, posto de saúde;
- Canto da Lagoa – Rua Laurindo Januário da Silveira, posto de saúde;
- Carianos – Rua Vladmir Herzog;
- Córrego Grande – Rua Mediterrâneo;
- Costeira – Avenida Governador Jorge Lacerda, Apan;
- Itacorubi – Servidão Antônio Joaquim de Freitas;
- João Paulo – Rodovia João Paulo, Escola básica José do Valle Pereira;
- Jurerê (feira de verão) – Rua Jorge Cherema;
- Lagoa da Conceição – Praça Bento Silvério;
- Monte Verde – Praça Osni Ferreira;
- Pantanal – Rua Pedro Vieira Vidal;
- Pântano do Sul – Rodovia SC-406, Conselho Comunitário do Pântano do Sul;
- Ribeirão da Ilha – Rodovia Baldicero Filomeno, em frente ao n° 2697, Centro Comunitário Ribeirão da Ilha;
- Ribeirão da Ilha – Rodovia Baldicero Filomeno, em frente da Escola Dom Jaime Câmara;
- Rio Tavares – Rodovia Dr. Luiz Antônio Moura Gonzaga, Igreja de Pedra;
- Rio Tavares – Rodovia SC-405, Conselho Comunitário da Fazenda do Rio Tavares;
- Saco dos Limões – Praça Abdon Batista;
- Trindade – Rua Gonçalves Ledo;
- Vargem Pequena – Estrada Manoel Leôncio de Souza Brito, rodovia Francisco Germano da Costa.
*Os dados do cronograma das feiras de hortifrúti divulgados nesta reportagem foram passados pela Prefeitura Municipal de Florianópolis em 17 de maio, e estão sujeitos à alteração.
Floripa 350
O projeto Floripa 350 é uma iniciativa do Grupo ND em comemoração ao aniversário de 350 anos de Florianópolis. Ao longo de dez meses, reportagens especiais sobre a cultura, o desenvolvimento e personalidades da cidade serão publicadas e exibidas no jornal ND, no portal ND+ e na NDTV RecordTV.