• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

    Social - Repositório

Líder da milícia de extrema direita Oath Keepers é sentenciado a 18 anos por sedição em ataque ao Capitólio

Stewart Rhodes, fundador dos Oath Keepers, no telão durante audiência da comissão especial da Câmara dos EUA sobre o 6 de janeiro

Stewart Rhodes, fundador dos Oath Keepers, no telão durante audiência da comissão especial da Câmara dos EUA sobre o 6 de janeiro Brendan Smialowski/AFP

Stewart Rhodes, fundador da milícia de extrema direita Oath Keepers, foi sentenciado a 18 anos de prisão nesta quinta-feira por conspiração sediciosa na invasão de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos Estados Unidos. Essa foi a pena mais severa aplicada até agora nos mais de mil processos criminais decorrentes do ataque, que tinha por objetivo impedir a certificação da vitória do eleito presidente Joe Biden contra o então mandatário e grande incentivador dos atos, Donald Trump.

Pouco antes da sentença, Rhodes, de 58 anos, usando um tapa-olho e vestido com seu macacão laranja de prisioneiro, defendeu desafiadoramente seu grupo e suas ações em apoio a Trump.

— Sou um prisioneiro político — declarou. — Meu único crime é me opor àqueles que destroem nosso país.

O argumento de Rhodes, no entanto, foi sumariamente descartado pelo juiz Amit Mehta, que proferiu a sentença. Em uma audiência de quase quatro horas, o magistrado repreendeu Rhodes por tentar durante anos, por meio de sua liderança dos Oath Keepers, que a democracia americana “evoluísse para a violência”.

— O senhor representa uma ameaça contínua e um perigo para este país — afirmou o juiz no Tribunal Distrital Federal em Washington. — A conspiração sediciosa é um dos crimes mais graves que um americano pode cometer. O senhor é inteligente, carismático e convincente e, francamente, é isso que o torna perigoso.

Para o líder e fundador da milícia, condenado em novembro passado, a sentença foi o fim de uma carreira tumultuada e incomum que incluiu o serviço militar e um diploma de Direito em Yale. A sentença, entretanto, ficou aquém dos 25 anos pedidos pela Promotoria, embora Mehta tenha aceitado o argumento de que o plano dos Oath Keepers de impedir violentamente a posse de Biden fosse equiparado a terrorismo.

No início do mês, quatro membros de outro grupo de extrema direita envolvido nos atos, os Proud Boys, incluindo seu ex-líder, Enrique Tarrio, também foram condenados por sedição e devem ser sentenciados em uma série de audiências previstas para o mês de agosto. O julgamento deles foi o último de três grandes casos de conspiração sediciosa que os promotores federais instauraram contra figuras-chave no ato.

Desde a Guerra Civil

 

Acusação que remonta aos esforços para proteger o governo federal contra rebeldes do Sul durante a Guerra Civil, a conspiração sediciosa tem sido usada ao longo dos anos contra uma ampla gama de réus — entre eles, milícias de extrema direita, sindicatos radicais e nacionalistas porto-riquenhos. O último processo de sedição bem-sucedido foi em 1995, quando um grupo de militantes islâmicos foi considerado culpado de conspirar para bombardear vários marcos da cidade de Nova York.

O julgamento de sedição do Oath Keepers começou na primeira semana de outubro passado, no Tribunal Distrital Federal em Washington. Na ocasião, Jeffrey Nestler, um dos principais promotores do caso, disse ao júri em sua declaração inicial que, nas semanas após Biden vencer a eleição, Rhodes e seus subordinados “elaboraram um plano para uma rebelião armada para destruir um alicerce da democracia americana”, isto é, a transferência pacífica do poder presidencial.

Em sua fala de encerramento do caso, Nestler também declarou que os Oath Keepers haviam conspirado contra Biden, ignorando tanto a lei quanto a vontade dos eleitores, porque rejeitavam os resultados da eleição.

Os promotores revelaram ao júri centenas de mensagens de texto criptografadas trocadas por membros do Oath Keepers, demonstrando que Rhodes e alguns de seus seguidores acreditavam que agentes chineses haviam se infiltrado no governo dos Estados Unidos e que Biden — um “fantoche” do Partido Comunista Chinês — poderia ceder o controle do país às Nações Unidas.

As mensagens também mostraram que Rhodes era obcecado pelo movimento esquerdista conhecido como “antifa”, que ele acreditava estar aliado ao novo governo de Biden. Em um ponto durante o julgamento, Rhodes, que assumiu o depoimento em defesa própria, disse ao júri que estava convencido de que ativistas antifa invadiriam a Casa Branca, dominariam o Serviço Secreto e arrastariam Trump do prédio à força se ele não admitisse sua derrota para Biden.

Segundo dados do Departamento de Justiça, já houve mais de mil prisões relacionadas ao ataque ao Capitólio, com mais de 450 condenados. Ainda segundo o documento, 55 réus foram acusados ​​de conspiração, seja para obstruir um processo do Congresso, para impedidr a aplicação da lei durante uma desordem civil, para ferir um oficial ou alguma combinação das três.

A maior parte das acusações, contudo, é por violações menos sérias, como invasão de propriedade ou presença ilegal no Capitólio, já que a ampla maioria dos invasores não destruiu propriedade pública ou agrediu pessoas. A pena máxima para essas pessoas é de seis meses na prisão, e muitos dos acusados foram condenados a apenas algumas semanas atrás das grades — quando muito. (Com New York Times e AFP.)

Adicionar aos favoritos o Link permanente.