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Com queda no investimento público, setor privado respondeu por 74% das obras em 2021

Construção civil teve mais participação do capital privado após auge da pandemia

Construção civil teve mais participação do capital privado após auge da pandemia Pixabay

A participação do setor privado como demandante de obras e serviços da indústria da construção nunca foi tão grande no país quanto em 2021. Esta chegou a representar 74% – o maior percentual desde 2007, em meio à queda do investimento público e o avanço das parcerias público-privadas. É o que revelam os dados da Pesquisa Anual da Construção, divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira. A retomada de projetos em 2021, após o primeiro ano da pandemia, também fez o emprego na indústria da construção ter o maior salto em quase uma década.

Das 100 obras ou serviços de construção no país em 2021, 74 vinham da iniciativa privada. É o maior valor da série histórica da pesquisa. A participação do setor privado atingiu o maior valor da série nos três segmentos observados: tanto em obras de infraestrutura (56,8%), quanto na construção de edifícios (85%) e serviços especializados (81,4%).

Segundo o IBGE, o início de parcerias público-privadas pelo governo ajuda a explicar o ganho de participação do setor privado no setor de construção. Essa representação foi puxada, principalmente, pelas obras de infraestrutura:

— O setor público tem tido essa forma de incentivar (a construção), e esse pode ser um dos grandes motivos. Também tivemos recessão em 2015 e 2016, isso também teve impacto — diz Marcelo Miranda, analista do IBGE.

De acordo com o estudo, a indústria da Construção gerou recorde de R$ 377,8 bilhões em valor de incorporações, obras e/ou serviços em 2021, sendo R$ 355,8 bilhões em obras e/ou serviços e R$ 22 bilhões em incorporações.

Em termos regionais, houve aumento da participação do Sudeste e do Sul, ao passo em que houve uma redução da participação das regiões Norte e Nordeste. O fim de obras de infraestrutura, como a construção de uma hidrelétrica em Rondônia, explicam essa perda de participação.

No ranking de produtos da construção, as obras residenciais se mantiveram como a principal nos últimos 10 anos, período que permite uma análise mais estrutural do setor. Os serviços especializados para construção, por sua vez, figuraram como o segundo produto de maior relevância em 2021 diante da perda de relevância da construção de rodovias, ferrovias, obras urbanas e obras de arte especiais, que ficou em terceiro lugar.

Emprego no setor tem maior salto em uma década

 

No âmbito da contratação de mão de obra, a retomada de projetos após auge da pandemia fez o emprego no setor da indústria de construção dar o maior salto percentual em uma década. Cerca de 2,2 milhões de pessoas estavam empregadas no setor, o maior contingente de pessoal ocupado desde 2015, quando haviam 2,4 milhões.

Houve um incremento de 11,4% (ou 225 mil pessoas a mais) em 2021 em relação ao ano anterior, impulsionado pelo segmento de construção de edifícios e serviços especializados em construção. O setor de serviços especializados para construção teve a maior alta em número de pessoas ocupadas (17,9%), enquanto a ocupação no setor de obras e infraestrutura caiu 0,6%.

Segundo Miranda, do IBGE, o cenário econômico em 2021 contribuiu para a melhora do emprego no setor:

— Tivemos um cenário de recuperação econômica, o PIB cresceu em 2021. Ainda estávamos com um desemprego muito alto, mas as taxas de juros ainda estavam muito baixas apesar do início de ciclo de alta. E isso (juro mais baixo) também estimula os investimentos na área, além das pessoas pegarem crédito para comprar imóveis — explica.

Apesar da melhora do emprego no setor, a remuneração não acompanhou o nível de retomada de postos. O salário médio mensal da construção ficou em 2,1 salários mínimos em 2021, menor nível da série iniciada em 2007.

Com Lava-Jato e fim do PAC, nível de concentração do setor de construção despenca

A pesquisa também mede o nível de concentração do setor. Os dados apontam que houve uma pulverização na atividade ao longo dos anos, e a concentração caiu ao menor nível da série, puxado pelo segmento de obras de infraestrutura. Em 2012, as oito maiores empresas representavam 10,8% em 2012 – percentual que caiu para 4,3% em 2021. No setor de infraestrutura, a participação das oito empresas líderes passou de 24,6% em 2012 para 8,4% em 2021.

— A Lava Jato pode ter sido uma influência pra esse tipo de movimento. Também temos as obras do PAC, em que havia a política dos campeões nacionais e as empresas ganhavam mais relevância dentro do setor, e que acabaram ao longo desses últimos dez anos. Isso também pode ter influenciado— avalia.

Segundo a pesquisa, o número de empresas ativas chegou ao maior valor da série, totalizando 147.389 em 2021. Dez anos antes, em 2011, esse montante era de 93.375.

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