Equilíbrio. Essa talvez seja a palavra mais buscada pelo Avaí na temporada 2024. Se o ataque produz, e muito, o lado defensivo deixou a desejar.
Neste material, a reportagem do ND Mais apresenta os principais conceitos do treinador Eduardo Barroca, do Leão da Ilha, e a forma como a equipe atua taticamente.
- Formação base: 4-3-3
- Técnico: Eduardo Barroca
- Posição no Estadual: 4º lugar
- Estádio: Aderbal Ramos da Silva (Ressacada)
Como joga o Avaí
O Avaí é uma equipe que passou por diversas mudanças durante o Campeonato Estadual, passando especialmente pelas características dos jogadores que entraram. Contudo, acima de tudo, o modelo de jogo de Barroca pede ter a bola.
Ainda que seja difícil “cravar” o time titular, a estrutura base da equipe parte de um 4-3-3, com dois médios à frente do primeiro volante.
As várias versões do Leão no Catarinense
Barroca iniciou o Campeonato Catarinense com um meio-campo mais técnico com Ronaldo Henrique, Willian Maranhão e Giovanni. Além disso, no ataque o trio foi formado por Garcez (esquerda), Hygor (direita) e Poveda (centro).
O trio de ataque oferecia a equipe muito ataque ao espaço, com movimentos de “facão” de Hygor e Poveda. Contudo, o time passou a ter problemas contra blocos mais baixos, uma vez que especialmente pelo lado direito, com Hygor, a equipe não conseguia gerar desequilíbrios em espaços mais curtos.
A solução para o problema foi a entrada de Pedrinho. Driblador, o jogador passou a ser o ponto de desequilíbrio da equipe no setor.
Ainda que produzisse ofensivamente, defensivamente a equipe tinha muitos problemas no “correr para trás” e na agressividade dos jogadores nos momentos sem bola, ponto que já era problema em 2023. A média de gols sofridos chegou a ser de dois por jogo.
Após várias trocas na dupla de zaga, Barroca optou por mexer no meio-campo, utilizando Judson, Pedro Castro e Rafael Gava. São jogadores mais físicos, com capacidade maior de ocupação de espaços, mas que ofereciam menos jogo entrelinhas.
O “equilíbrio” tão procurado foi visto na goleada por 4 a 0 contra o JEC. Maranhão, Pedro Castro e Giovanni no meio-campo encontraram o timing correto entre ter a bola e ser agressivo sem ela.
Saída de bola
O Avaí é um time que gosta de ter a bola. Há duas variações quando o time tentar construir desde o goleiro.
A primeira é uma saída sustentada com os laterais mais baixos, próximos da linha dos zagueiros, com o primeiro volante e um dos médios baixando para oferecer linha de passe.
Por vezes a equipe também opta por utilizar uma saída com três homens, com o primeiro volante descendo entre os zagueiros e espetando os dois laterais.
A intenção é prioritariamente conseguir sair por baixo, começando a jogada de um lado e terminando do lado oposto. Vale ressaltar que a equipe mostrou dificuldades contra times que a pressionaram em bloco alto, com isso, a saída mais longa buscando Poveda como pivô foi uma saída. O camisa 9 melhorou muito jogando de costas.
De fora para dentro
Quando consegue progredir no campo, a construção do Avaí prioritariamente visa o desequilíbrio com os pontas em situações de mano a mano para gerar situações de cruzamento com preenchimento de área ou finalizações da entrada da área.
Outra adaptação de Barroca ao longo do Campeonato Catarinense foi a mobilidade de seus dois pontas, normalmente Garcez e Pedrinho.
O treinador Azurra utiliza em sua construção um movimento chamado de “dupla amplitude”. Nesse movimento o médio do setor onde o Avaí faz a sua construção cai para o mesmo corredor do lateral.
A ideia é que caso o adversário o acompanhe esse meia, a equipe consiga abrir o meio para um passe de ruptura para o camisa 9 receber de costas. Caso o volante adversário não acompanhe, o Avaí consegue progredir por fora.
Além disso, o movimento do meia para fora, “empurra” o ponta para dentro. Especialmente Pedrinho vem conseguindo desequilibrar por ali.
Como a equipe marcou seus gols na temporada:
- Ataques posicionais: 6
- Ataques rápidos: 2
- Bola parada: 6
- Pênaltis: 3
- Situações de cruzamentos: 3
- Transições ofensivas: 7
Pontos fortes:
- Pressão pós-perda
- Desequilíbrio com pontas em amplitude e no meio espaço
- Preenchimento de área
Pode melhorar:
- Saída de bola quando pressionado
- Agressividade sem bola
- Recomposição dos pontas
Fala, Barroca!
O treinador do Avaí atendeu a reportagem do ND Mais na noite desta quarta-feira (17) para fala sobre a expectativa da equipe para a estreia na Série B diante do Operário-PR.
Barroca afirmou que o maior desafio nessas semanas sem jogos após a eliminação no Estadual foi buscar o equilíbrio entre gols feitos e sofridos.
“Acredito que quanto mais a gente produzir ofensivamente, mais próximos estaremos de marcar. E quanto mais a gente evitar que o adversário chegue no nosso terço final em condição de finalizar, estaremos mais próximos de não sofrer gols”, explica o treinador.
“Um dos meus desafios a curto prazo é dar uma chacoalhada, uma mexida no grupo para que individualmente a gente consiga crescer defensivamente. Sofremos alguns gols na competição de lances evitáveis”, pontua.
Mudanças para a Série B
Barroca explica que a tendência é que o Avaí gire o triângulo de meio-campo especialmente no momento em que o time entrar em organização defensiva.
“A tendência é iniciarmos partindo de um triângulo invertido do que vinha sendo feito. A gente vinha trabalhando com a bola e sem a bola com um volante e dois meias”, explica o técnico.
Com bola, o Avaí seguirá mantendo essa estrutura. Além disso, no momento em que o clube marcar em um bloco mais alto, novamente será mantida. Contudo, quando o bloco estiver mais baixo, a tendência é a equipe se defender com duas linhas de quatro.
“A ideia é passar a defender em 4-2. Daria um pouco mais de sustentação para a nossa linha de quatro. Em alguns momentos nossos atacantes de lado não voltaram como deveriam e acabamos dando muito espaço à frente da linha de quatro nos espaços laterais ao lado do volante central”, afirma Barroca.
Outro ponto que esteve na “lupa” da comissão técnica nesta intertemporada foi a preparação física, além de pontos como a estatura da equipe, algo que a “Série B exige”.
“Exigimos bastante nas últimas semanas e agora estamos trabalhando para que os jogadores estejam no seu melhor rendimento na sexta-feira. Será um jogo desafiador. O Operário tem o mesmo treinador [Rafael Guanaes] há muito tempo, joga construindo, de forma interessante”, finaliza.