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Guardas suspeitos de torturar homem com deficiência são alvos da polícia em Balneário Camboriú

Um caso de violência e tortura revelado com exclusividade pelo ND Mais no último dia 9 de abril resultou em uma operação da Polícia Civil de Santa Catarina na manhã desta terça-feira (23), em Balneário Camboriú, Litoral Norte de Santa Catarina.

A operação cumpriu três mandados de busca e apreensão e apura o caso de tortura que teria sido praticado por dois guardas municipais de Balneário Camboriú, contra um homem portador de deficiência mental no último dia 26 de janeiro.

Imagem mostra marcas da tortura nas costas de Arthur*, homem com deficiência mental

Arthur* tem deficiência mental e foi torturado por guardas municipais de Balneário Camboriú, depois abandonado às margens da BR-101 – Foto: Reprodução/ND

A vítima seria Arthur*, de 31 anos, o ND Mais conversou com a irmã dele e a entrevista exclusiva foi ao ar através da série de reportagens “À sombra dos arranha-céus”, que denuncia abusos, tortura e violência da Guarda Municipal de Balneário Camboriú contra pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade social.

De acordo com investigação da Polícia Civil, Arthur* foi abordado pelos guardas suspeitos nas margens da marginal oeste da BR-101 e colocado dentro de uma viatura, onde teria sido severamente agredido.

Além de torturado, Arthur teve o cabelo cortado com tesoura

Arthur* foi largado às margens da BR-101 – Foto: Reprodução/ND

Em seguida, Arthur* foi abandonado desacordado nas margens da BR-101, já em Itajaí, e foi socorrido por uma equipe de resgate da Arteris Litoral Sul, concessionária que administra a rodovia.

À reportagem, Arthur* contou que precisou se abrigar embaixo de um viaduto para se proteger da chuva quando saiu para andar de bicicleta em Balneário Camboriú, pela manhã do dia que foi torturado.

O passeio, no entanto, se transformou em pesadelo. Homem com deficiência, Arthur* foi abordado por guardas municipais e, horas depois, acabou encontrado às margens da rodovia BR-101 com o cabelo cortado, marcas de corda no pescoço e de agressões pelo corpo.

Além das agressões, Arthur* teve suas roupas cortadas - Reprodução/ND

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Além das agressões, Arthur* teve suas roupas cortadas – Reprodução/ND

Homem com deficiência, ele denunciou agressões com cacetete - Reprodução/ND

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Homem com deficiência, ele denunciou agressões com cacetete – Reprodução/ND

Arthur* relata ter desmaiado após ser enforcado pelos agentes da Guarda Municipal - Reprodução/ND

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Arthur* relata ter desmaiado após ser enforcado pelos agentes da Guarda Municipal – Reprodução/ND

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Os mandados foram cumpridos nos endereços dos suspeitos e em seus armários na base da Guarda Municipal de Balneário Camboriú. Além dos mandados de busca e apreensão, o Poder Judiciário expediu medida cautelar para que os investigados não se aproximem da vítima ou de testemunhas.

A investigação agora entra na fase final com análise do material apreendido e encaminhamento do inquérito policial ao Poder Judiciário e Ministério Público.

Enforcado e algemado: relembre o caso de tortura contra homem com deficiência

Janine*, irmã de Arthur*, conta que ele saiu por volta das 11h de bicicleta para ir até a casa de amigos. O passeio, que era comum pelas manhãs, costumava não durar mais que uma hora e acabava sempre com Arthur de volta em casa para o almoço. No entanto, naquela terça-feira, ele não voltou.

Ela explica que ele é diagnosticado com retardo mental moderado CID-10F71, o que significa que sua deficiência pouco prejudica seu comportamento. Há 13 anos, ela atua como curadora judicial do irmão, isto é, toma decisões por ele, desde que a mãe dos dois morreu.

Por volta das 13h, Janine* lembra que estranhou a demora do irmão, mas, vendo que chovia forte, imaginou que ele poderia estar esperando o tempo melhorar para retornar à casa. Como precisava sair, Janine* deixou bolachas e um suco do lado de fora da casa, para caso o irmão retornasse com fome.

Fotomontagem mostra imagens das marcas de tortura em arthur*

Homem com deficiência foi largado às margens da BR-101 – Foto: Reprodução/ND

Quando voltou, por volta das 16h, Arthur* ainda não tinha chegado. Ela resolveu chamar os amigos do irmão e também seu marido, que procurou o cunhado pelas ruas de Balneário Camboriú. As buscas se alastravam por Camboriú, cidade vizinha, quando Janine* e seu marido tiveram notícias que um homem, com as características de Arthur*, havia sido encontrado com marcas de agressão às margens da BR-101.

O caso de Arthur* se une à série de reportagens “À sombra dos arranha-céus”, do portal ND Mais, que conta também a história de outros quatro homens — Jairo*, Antônio*, Eduardo*, Felipe* — os quais denunciaram ter sido abordados pela Guarda Municipal nas ruas de Balneário Camboriú e internados, sob ameaça, na comunidade terapêutica Instituto Redenção, em Biguaçu.

As agressões denunciadas nas reportagens fazem parte da ação do MPSC, movida contra a prefeitura de Balneário Camboriú, que denuncia a violência da Guarda Municipal na abordagem de pessoas em situação de rua. No entanto, assim como os outros quatro homens ouvidos pelo ND Mais, Arthur* possui residência e não dorme nas ruas.

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