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Menos invasivo, cirurgião de Florianópolis escreve novo capítulo na medicina brasileira

O cirurgião Marcelo Harada Ribeiro, 44 anos, é uma das maiores autoridades do país na área da cirurgia cardíaca intervencionista, que se caracteriza por realizar procedimentos minimamente invasivos para solucionar problemas vasculares.

Foto mostra cirurgião de Florianópolis no hospital

PHD pela Faculdade de Medicina da USP, médico atua no SOS Cárdio, no Caridade, Baía Sul e no Centro Catarinense de Cardiologia – Foto: Leo Munhoz/ND

PHD pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), ele atua no SOS Cárdio, no Caridade/Baía Sul e no Centro Catarinense de Cardiologia, em Florianópolis.

Traz o DNA de pais médicos – Kazuê Harada Ribeiro e Marcos Flávio Moellmann Ribeiro – que são referências em suas especialidades. Continua mantendo vínculos com o Incor (Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP), onde fez o doutorado, e tem 100 artigos publicados em revistas especializadas e nos maiores jornais de medicina do mundo, nos quais aborda o resultado de suas pesquisas em cardiologia e intervenções coronarianas complexas.

Todos os anos, passa um tempo em Seattle, nos Estados Unidos, o maior centro de cirurgia intervencionista do mundo.

Como e quando decidiu seguir a carreira médica e por que optou pela área da cirurgia intervencionista?

Minha mãe foi pioneira em reprodução assistida em Florianópolis e meu pai também esteve à frente de seu tempo na cardiologia, fazendo a primeira angioplastia de Santa Catarina quando isso era exclusivo dos grandes centros do país.

Ele foi aluno do médico alemão Andreas Grüntzig (1939-1985), o primeiro a realizar com sucesso angioplastias com balão para expandir lúmens de artérias comprometidas.

Na época, nos anos 1980, isso era considerado uma heresia, mas ele foi reconhecido mundialmente por sua criação. Meu pai também implantou o setor de hemodinâmica do Hospital de Caridade, do SOS Cárdio e do Hospital Regional.

Harada Ribeiro discutindo casos com o médico norte-americano William Lombardi, em Seatlle, EUA – Foto: Arquivo Pessoal/ND

Eu ia com ele, tinha admiração pelo seu trabalho e acho que isso pavimentou o início de minha carreira. Com ele, também aprendi a priorizar a parte humana e colocar o paciente sempre em primeiro lugar.

Como meus pais, e para a felicidade deles, fui estudar e fiz meu doutorado no Incor, que é a maior referência da América Latina em cardiologia, especialmente em cirurgia intervencionista.

Fiz vários cursos no exterior, onde mantive contatos com especialistas e pesquisadores de ponta. Se a situação da cardiologia melhorou muito no Brasil, lá fora os avanços são ainda maiores.

O senhor se tornou uma autoridade ne área da cirurgia intervencionista, tanto pelas pesquisas quanto pelas inovações que trouxe para a prática médica. Fale um pouco desse trabalho.

A minha tese de doutorado na USP teve este tema: “Impacto clínico das perfurações coronarianas durante recanalização de oclusões totais crônicas: análise agrupada de 2054 pacientes do Latam SBHCI CTO Registry”.

Ali analisei o risco e o impacto das perfurações de artérias em cirurgias mais complexas. Dei aulas em congressos e tenho participação em vários livros.

Uma das maiores autoridades do país na área médica do coração, Marcelo Harada Ribeiro  – Foto: Arquivo Pessoal/ND

Em agosto deste ano vou lançar em Buenos Aires uma obra mostrando as evoluções nesse campo e ensinando aos médicos como aderir às novas práticas na cirurgia intervencionista.

A tendência é ocorrer cada vez menos mortes por infarto ou AVC, na medida em que avançarmos nos procedimentos em casos mais complexos. O mundo está mudando os conceitos e as tecnologias – caso do laser, em que somos pioneiros no Brasil.

Para onde caminha a cirurgia cardíaca? E o que vem de novo por aí?

O uso de stents e válvulas, sem precisar abrir o peito, vem tendo um crescimento exponencial e resolvendo o problema de muitas pessoas no mundo inteiro.

Agora estamos usando o laser para solucionar casos difíceis, complexos, que a maioria dos cirurgiões não está disposta a enfrentar. Acredito que daqui a cinco anos 99% de procedimentos como a colocação de stents e a troca de válvulas cardíacas serão feitos sem a necessidade de abrir o peito do paciente.

É o resultado do desenvolvimento tecnológico, que na área da cirurgia cardíaca avançou mais que em outros campos da medicina. Muita coisa ainda vem sendo estudada para validação, mas o Brasil está muito bem nesse campo, com profissionais cada vez mais qualificados e centros médicos sofisticados.

Hoje, com os recursos existentes, é possível dispor de informações na tela sobre todos os segmentos do coração, conhecer as principais características anatômicas de cada órgão, ver onde estão as placas mais perigosas, enfim, dar mais segurança ao procedimento.

A Inteligência Artificial já é usada em muitos setores, e também na medicina. O que há de novo em sua especialidade relacionado à IA?

A Inteligência Artificial está nos ajudando a definir com mais segurança e acertos o tamanho dos stents a serem usados e o quanto eles podem ser dilatados, determinar que placas rotas têm mais chances de causar problemas e até alertar com antecedência os riscos de um paciente enfartar.

Com isso, será mais fácil planejar a escolha dos stents certos e a ação ideal para cada passo no tratamento. Isso agrega mais segurança ao procedimento, em especial no caso de cirurgias complexas, em que se usa mais força para desobstruir os vasos.

Em outras palavras, chegará o tempo em que tudo será possível remediar, mesmo para pacientes com as artérias em péssimo estado?

Cada vez mais, percebemos que em quase todos os casos há o que fazer, mesmo quando o paciente é informado de que não há mais solução para a sua enfermidade.

A desobstrução pode ser a única saída para que ele tenha mais qualidade de vida, possa se locomover e fazer as coisas que as outras pessoas fazem.

A tecnologia está aí para resolver até os casos que parecem insolúveis. Sempre haverá riscos, mas estamos buscando mostrar novas possibilidades de solução.

Hoje, nem todas as pessoas têm recursos e convênios para acessar procedimentos complexos. Além disso, cresce a demanda porque as pessoas se estressam mais e têm uma vida sedentária. Como resolver esses gargalos?

Os convênios têm pago parte dos procedimentos e cresceu a judicialização também nesta parte da medicina. O SUS (Sistema Único de Saúde) vem se incorporando e já resolve parte dos casos.

Quanto aos fatores de risco, o stress é destaque, mas as pessoas vêm cuidando mais da dieta e fugindo da obesidade, mais aqui do que nos Estados Unidos, por exemplo.

No caso de Florianópolis, o cenário é convidativo para as atividades físicas, que é sempre recomendável fazer com orientação médica. Nosso Estado também tem a vantagem de contar com muitos profissionais com formação sólida, feita no exterior.

Florianópolis vai sediar um evento de ponta no mês de maio. Isso é reflexo dos avanços da cidade na área médica?

Sim, posso dizer que briguei para trazer o evento para cá. Nos dias 17 e 18 de maio vamos realizar o 2º Simpósio Internacional de Cardiologia, um acontecimento histórico que mostrará aos cirurgiões brasileiros os recursos da angioplastia moderna, novos conceitos e equipamentos, a partir de pesquisas realizadas por mim e pelos médicos Lorenzo Azzalini, professor da Universidade Washington, em Seattle, e Carlos Campos, do Incor-SP.

Teremos a presença de médicos do Incor e dos hospitais Sírio-Libanês, Einstein e Moinhos de Vento (de Porto Alegre), além do SOS Cárdio. Haverá aulas teóricas e operações mostradas ao vivo para acompanhamento por profissionais e estudantes de medicina.

No seu caso, o que planeja fazer na continuidade da carreira?

Uma intenção é buscar cursos para fomentar a consolidação da cardiologia e mostrar novas possibilidades para que os pacientes vivam mais e melhor.

Com os novos recursos à mão, muitas pessoas poderão ter esperanças renovadas de melhorar de vida. Também precisamos preparar as novas gerações para que aproveitem o nosso legado.

Hoje, trabalho com dois médicos que são meus discípulos e que utilizam as técnicas que desenvolvi na cirurgia intervencionista. Há profissionais com PHD que não acompanham a evolução no campo da cirurgia cardíaca e nem têm conexão com outros médicos, aprendendo com eles. O simpósio de maio é uma oportunidade para isso.

Nessa vida corrida de cirurgião, quais são os seus hobbies?

Para relaxar, pratico jiu-jítsu, que é uma maneira de me movimentar, de equalizar as forças depois das muitas dificuldades do centro cirúrgico. É uma forma de manter a mente sempre calma e encarar o caos da profissão.

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