• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

Quem tem medo de Edson Machado?

Se tem duas coisas que Edson Bush Machado mantém em dia são o “bronze” da pele e a disposição para as brigas da cultura. Foi há praticamente um ano que eu encontrei a “entidade” Edson Machado num desses périplos aleatórios pelo Centro Leste de Florianópolis.

“Marcos! Eu vou lançar um livro meu. Vai se chamar ‘Quem tem medo da cultura?’!”

Agora temos o livro aí, que artista visual, jornalista, curador, gestor cultural e tantos outros predicados lança nesta terça-feira (30), às 18h30min, no Barió Café, no Centro Integrado de Cultural (CIC), em Floripa. São cerca de 600 páginas que reúnem artigos, escritos, críticas sobre a urbe artística catarinense e nacional ao curso de cinco décadas de atuação do “operário da cultural”, como ele se define.

Artista, curador, jornalista e gestor cultural Edson Bush Machado com a icônica obra “Objeto de tortura para afoitos literatos”, de 1975, e que estampa a capa do seu novo livro “Quem tem medo da cultura?” – Foto: Divulgação

Depois, Machado seguirá em um tour de lançamento do livro em cinco cidades de Santa Catarina, além de Curitiba (PR) e São Paulo (SP).

A modéstia nunca foi o forte desta figura que ao longo da vida aprendemos a admirar e por vezes a “praguejar”. A preguiça também não. Seja observando e muitas vezes provocando, Edson Machado é um dínamo das nossas artes.

Como gestor, especialmente no seu período enquanto presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), Edson fez da condição de “vidraça” um ato também de contestação à mesmice, a burocracia e o marasmo na cultura oficial e pública. E ele nunca se escondia do debate.

O livro, com mais de 2 mil citações a artistas, museus e instituições artísticas, se destina a pesquisadores, estudantes e artistas pelo seu status iconográfico e histórico, e também a qualquer pessoa disposta a entender e conhecer a nossa cultura recente.

Eu lembro que, naquela ocasião do nosso encontro, ela ainda asseverou “cadê o povo da cultura, Marcos? Estão todos acomodados!”. É um fato, e é por isso que personalidades como Edson Machado, que suscitam paixões e controvérsias, são tão importantes para a nossa cultura.

Capa do livro traz obra icônica de Edson Machado

O joinvilense e irmão de Juarez Machado promete aos leitores uma “obra icônica que marcará a história do estado”. Começou muito bem pelo título, “Quem tem medo da cultura?”, e também pela arte da capa que reproduz a obra “Objeto de tortura para afoitos literatos”, de autoria de Edson e produzida em 1975.

Dada o contexto histórico do país à época dá para imaginar o que representa a máquina de escrever cujas teclas das letras foram substituídas por pregos e a lauda tingida de vermelho “sangue”. O Brasil vivia o auge da ditadura militar, da repressão aos artistas, jornalistas, escritores, uma sociedade amordaçada pela censura e aterrorizada pela violência de estado.

Porém, tanto o título quanto a imagem da capa também encontram eco no “timing” dos tempos recentes: a “criminalização” das artes, dos artistas, o sonho delirante pela volta dos “tempos de chumbo”, o culto à ignorância, a alienação e sectarismo impregnados em extratos da sociedade e da política.

Eu seu título, Machado deixa subtendido outra pergunta: por que tanto medo da cultura? O próprio livro é uma resposta.

Capa do livro “Quem Tem Medo da Cultura”, de Edson Machado. Lançamento será nesta terça-feira (30), às 18h30min, no CIC, em Florianópolis – Foto: Divulgação

Adicionar aos favoritos o Link permanente.