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Chuva no RS atinge mais de 8.000 famílias indígenas; guaranis dizem que Dnit destruiu suas casas

Casas destruídas pelas chuvas

Comunidade Pekuruty, na última sexta-feira (3), após chuvas e com uma escavadeira do Dnit, que os indígenas dizem ter destruído suas casas

Ação teria acontecido enquanto guaranis se abrigavam da chuva; OUTRO LADO: órgão diz que realiza obras de trafegabilidade
Lideranças indígenas mbya-guarani dizem que na última sexta-feira (3) agentes do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) destruíram um acampamento da comunidade enquanto as casas estavam vazias e os moradores, em um abrigo estadual no Rio Grande do Sul contra as trágicas chuvas que atingem o estado.
A acusação contra o órgão, que faz parte do Ministério do Transportes, foi feita pela CGY (Comissão Guarani Yvyrupa), pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), que também organizam uma vaquinha para os atingidos.
Segundo mapeamento do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai (Fundação dos Povos Indígenas do Brasil), pelo menos 8.021 famílias indígenas foram atingidas, direta ou indiretamente, pelo desastre climático no estado. Destas, 1.846 tiveram suas moradias comprometidas ou destruídas, e 446 estão desalojadas.
O caso envolvendo o Dnit aconteceu em uma tekoa (como os Guarani chamam seus acampamentos) da comunidade Pekuruty, que fica em Eldorado do Sul (RS).
Vídeos publicados nas redes mostram escavadeiras funcionando no local do acampamento. Segundo o cacique da comunidade, Estevão Garai, os indígenas não autorizaram a derrubada da moradia.
“Após a saída das famílias guarani da comunidade Pekuruty, o Dnit destruiu suas edificações às margens da BR-290, sem qualquer consulta ou justificativa”, diz um comunicado conjunto entre Cimi e CGY.
A tekoa fica às margens da BR-290, e os guarani vivem no local há 15 anos, enquanto reivindicam territórios.
A demanda é em reparação pela construção da estrada, a exemplo do que aconteceu com a BR-116, na qual as comunidades foram compensadas pelos impactos do empreendimento —segundo eles, ambas as vias cortam territórios sagrados e de trânsito de seus povos.
Procurado pela Folha, o Dnit afirmou que “trabalha para recuperar a trafegabilidade da rodovia” e que tem “compromisso com a preservação da vida e recuperação imediata da infraestrutura”.
“Vale destacar que esta é uma ação emergencial de implantação do um novo sistema de drenagem com quatro galerias pluviais em concreto e recomposição da pista. O trabalho de urgência visa ao restabelecimento de um corredor logístico para garantir o abastecimento, operações do sistema de saúde e demais necessidades”, completou o órgão, em nota.
“Apesar disso, que nós possamos ficar bem. Pela vontade de Nhaderu [divindade criadora do mundo], vamos ficar bem”, afirmou o cacique Estevão Garai.
O governo Lula (PT) reconheceu, no último domingo (5), estado de calamidade pública em 336 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, que vive uma tragédia em razão das fortes chuvas que atingem o estado.
O Ministério dos Povos Indígenas afirma que não houve registro de óbitos entre os povos, por enquanto, mas identificou pelo menos 148 famílias ilhadas na Terra Indígena Rio da Várzea, em Liberato Salzano (RS).
A tragédia impacta, pelo menos, 109 aldeias em 14 territórios demarcados, além de áreas de ocupação e acampamentos, e indígenas vivendo em contexto urbano. Em razão da dificuldade de acesso aos locais, ainda não foi possível aferir o número de pessoas atingidas.
Em mapeamento divulgado no domingo, a CGY já havia identificado 69 comunidades indígenas atingidas pelas enchentes e deslizamentos.
O Cimi chamou a atenção para três casos mais graves. Um deles o da Yjerê, que fica à beira do lago Guaíba, que atingiu seu maior nível já registrado em meio às enxurradas. Os indígenas deixaram o local, mas o cacique decidiu ficar no seu território.
O segundo episódio é o da Pindó Poty, também em Porto Alegre, e que precisou ser desocupada. O terceiro é o da Pekuruty.
Foram atingidas comunidades dos povos guarani, kaingang e xokleng.
As organizações pedem, no comunicado, que seja prestado apoio pelo poder público, uma vez que elas não dispõe dos meios para resgatar os indígenas em perigo, nem transportar alimentos e outros suprimentos até regiões alagadas.
“Nosso papel como Ministério dos Povos Indígenas e Funai é buscar os meios e apoios necessários, como cestas de alimentos, que é a primeira demanda dessas famílias, bem como kits médicos e de higiene pessoal. Intensificamos as articulações para que os indígenas sejam contemplados nas ações de assistência humanitária”, disse Marcos Kaingang, secretário nacional de direitos territoriais da pasta.
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