Em 15 anos de cobertura de desastres naturais, o sargento do Corpo de Bombeiros, Ernani Genol, viveu nas chuvas no RS, a experiência que considerou a mais difícil em sua carreira. O militar foi designado para o município de Cruzeiro do Sul, no Centro Oriental Rio-grandense.
Ao chegar na cidade, se deparou com um cenário totalmente diferente do que já havia visto. “Quando a gente chegou lá, começamos a entender que a atuação seria diferente do que estávamos acostumados. O volume de água era muito grande e isso mudou a nossa atuação para uma atuação em uma enxurrada”, relatou o bombeiro.
Com um poder muito forte das correntezas, as águas formavam ondas – o que dificultava os resgates na região. “Quando chegamos na cidade, havia centenas de pessoas em cima do telhado precisando de ajuda”, alegou Hernani.
Segundo o sargento dos Bombeiros, foram necessárias mais de 14 horas de operações pela cidade em busca das vítimas que gritavam por ajuda. “Foram 14 horas ininterruptas de resgate, todos eles muito complicados e mais de 120 km de navegação dentro da cidade”, informou.
Hernani alega que já atuou em outras situações de calamidade pública, mas que nunca tinha presenciado nada igual ao que aconteceu no RS. “Daquela magnitude e com aquela força, eu nunca tinha visto”, desabafou.
De acordo com o sargento, entre as centenas de pessoas sobre os telhados, haviam bebês de colo, crianças, animais e idosos. “Tinha uma idosa acamada com dificuldades, pessoas com problemas de saúde sérios conectadas a oxigênio”, relatou.
“Quando as luzes acenderam, as pessoas tentavam nos chamar (acenando) com as luzes do celular para indicar que estavam sobre o telhado. A gente respirou fundo: ‘será que vamos dar conta?’”, desabafou o bombeiro.
Chuvas no RS: Equipes especializadas serão enviadas para áreas de possíveis deslizamentos
O Corpo de Bombeiros continuou a operação até encontrar um local seguro para as vítimas resgatadas das enchentes. Esta semana, foram enviados 47 profissionais para realizarem os resgates e mais quatro cães de guarda para auxiliar nas buscas no RS.
Segundo o presidente da Coordenação de Serviços de Busca do Corpo de Bombeiros, coronel Walter Parizotto, também serão encaminhados ao RS, mini escavadeiras, caminhões e veículos para atuação específica em deslizamentos.