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Atendimento veterinário, comida e carinho: abrigos para animais mobilizam voluntários em Porto Alegre

Clubes da Capital criaram espaços temporários para receber cães e gatos que, assim como milhares de pessoas, ficaram sem ter para onde ir em função da enchente

Além de milhares de pessoas, a cheia no Rio Grande do Sul deixou incontáveis animais desabrigados. Em razão dessa realidade, foram criados abrigos temporários para os pets.

Nesta quarta-feira (8), na sede do Grêmio Náutico União (GNU), situada no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, 20 cães e outros 15 gatos estavam sendo cuidados e recebendo alimentos e atendimentos veterinários.

— Só recebemos os animais com tutores das pessoas abrigadas aqui na sede — explica a veterinária Semíramis Soave, 47 anos.

Para chegar ao espaço dos pets, é preciso passar pelo local onde cerca de 300 pessoas atingidas pela cheia estão abrigadas. O cenário é impactante, com dezenas de colchões, travesseiros, peças de roupas e quase nenhum canto livre para mais ninguém.

A maioria dos animais chegou na sede do clube entre o sábado (4) e o domingo (5). Nesses dias, a água já alagava diferentes bairros da Capital. Conforme a veterinária, cães e gatos geralmente chegam com tosse, alguma inflamação, além de diarreia e vômito.

Entre os pets, há um pitbull que chegou ao abrigo com anemia. Ele foi resgatado da chuva por uma pessoa que também está abrigada. O animal fica em um espaço separado dos demais cães, por não gostar do contato com as demais raças.

Os animais recebem atendimento e são avaliados durante as 24 horas do dia. Os veterinários e voluntários se alternam nos afazeres. Todas as doações de alimentos e medicamentos chegaram por meio dos voluntários. Os atletas unionistas auxiliam bastante neste processo.

— Muitos voluntários vêm para dar carinho aos animais. Mas vários aparecem para limpar, o que os veterinários não conseguem fazer por estarem envolvidos nos atendimentos — compartilha a estilista Juliana Moura, 38, que é uma das voluntárias sempre presentes no espaço.

A dona de casa Daiane Mayara, 26, precisou sair de sua moradia no bairro Humaitá. Ela está na companhia de outros nove familiares no União. Esta manhã, ela brincava com seu gatinho Soninho, de cor preta e com apenas três meses de idade.

— Fico mais tranquila sabendo que ele está aqui comigo — diz.

O abrigo recebeu uma cobertura de lona em razão da chuva. O clube também oferece todo suporte para o local funcionar. As maiores necessidades do momento são probióticos, tapetes higiênicos, sacolas plásticas e uma balança para os animais poderem ser pesados. As doações podem ser deixadas na portaria da sede (Rua Quintino Bocaiúva, 500).

Muitos se envolvem diretamente com o resgate dos animais. A protetora Deise Falci passou outro dia ao lado da Usina do Gasômetro, onde pessoas e bichos chegam de barcos a todo momento salvas da cheia dos rios.

— Acho que, por cima, já tenho 300 bichos da enchente. Eu já tinha 500. Então, estou apavorada. Tem muita gente ajudando, mas a questão é braçal e eu fazer tudo agora — angustia-se.

Os resgatados são encaminhados principalmente para lares temporários e clínicas parceiras. Quem puder ajudar pode acessar o perfil dela no Instagram, o Vem Adotar.

— Preenchendo o link do lar temporário — pede a protetora.

Cuidados temporários e adoção

A Sogipa, que conta com mais de 450 pessoas abrigadas, também abraçou a causa dos animais. O clube do bairro São João disponibilizou duas casas que possui um pouco antes do portão de entrada na Rua Barão do Cotegipe. No local, os cães e gatos estão recebendo cuidados temporários.

— Oito foram adotados hoje (quarta-feira). E quatro foram ontem (terça) — comemora a veterinária Aline Godoy, 44.

Não temos mais espaço para alojamento. Mas se chegar algum animal precisando de atendimento, vamos atender.

ALINE GODOY

Veterinária

Nesta manhã, 80 cães e 18 gatos estavam instalados nos espaços ou sendo abraçados pelos tutores. Neste abrigo, além dos pets que possuem donos, há animais resgatados das chuvas e outros que foram abandonados na frente da sede da Sogipa. Aqueles sem tutores são encaminhados para lares temporários. O acolhimento foi aberto no sábado (4).

Segundo Aline, os bichos chegaram molhados e hipotérmicos. Como na maior parte dos abrigos, voluntários se revezam para auxiliar em todo o processo. Sempre há muita coisa a ser feita.

Dois animais presentes têm microchips e os tutores estão sendo procurados. Porém, até agora, não foram encontrados.

— Não temos mais espaço para alojamento. Mas se chegar algum animal precisando de atendimento, vamos atender — afirma a veterinária, dizendo que não precisam de doações.

Abrigos espalhados pela cidade

No terceiro andar do Parque Esportivo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), no Partenon, foi aberto um abrigo temporário. No espaço, são recebidos pets com tutores. Nesta quarta, havia 43 cães, 17 gatos e dois porquinhos da Índia. Mas não há mais vagas para novos integrantes.

Outro ponto foi aberto na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (Esefid) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Apenas animais com tutores são atendidos no local, que fica no bairro Jardim Botânico e precisa de doações de medicamentos, especialmente de antipulgas. Entre cães e gatos, são 53 abrigados e outros 25 no pavilhão com os tutores. Há ainda uma calopsita abrigada.

— Nosso maior desafio aqui é que temos muitos pitbulls. Precisamos construir espaços com grades e lonas e separar cada um deles, porque querem brigar — relata a veterinária Saionara Araújo Wagner.

Por sua vez, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) conta com área, no bairro Lami, para abrigar animais de grande porte. O lugar tem mais de 26 mil metros quadrados

Desde o começo das inundações, foram resgatados 11 equinos, além de três búfalos nas regiões alagadas de Porto Alegre. Na manhã desta quarta, mais três cavalos foram recolhidos.

Neste momento, a EPTC está com 31 equinos acolhidos. Os animais recebem alimentação adequada, além de medicação e um microchip para garantir controle do histórico e do bem-estar deles.

Os cavalos serão devolvidos aos seus proprietários ou entrarão em processo de adoção.

A Equipe de Fiscalização de Veículos de Tração Animal (EFVTA) da EPTC faz o resgate dos animais de grande porte que estiverem em seco, mas não busca dentro das áreas alagadas. Nestes casos, é preciso acionar o Corpo de Bombeiros (193) ou a Defesa Civil (199).

O abrigo está localizado na rua Chrispim Antônio Amado, 1266. As informações sobre adoção podem ser obtidas via e-mail [email protected].

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