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Chuvarada prevista para o RS deverá frear redução do nível do Guaíba

Hidrólogos não sabem quando o lago voltará a ficar abaixo da cota de inundação

Duda Fortes / Agencia RBS

Capital enfrenta enchente histórica, que elevou o Guaíba para mais de 5 metros.Duda Fortes / Agencia RBS

A chuva esperada para o Estado nos próximos dias deverá frear a redução do nível do Guaíba, em Porto Alegre, dizem hidrólogos. A situação ocorrerá porque os rios que influenciam no lago da Capital também terão dias chuvosos ao menos até segunda-feira (13).

Nesta quarta-feira (8), o Guaíba completou o quinto dia acima de 5 metros, mas apresentou tendência de baixa ao marcar 5m05cm à tarde; o recorde é 5m35cm, registrado na madrugada de domingo (5).

Segundo a Climatempo, é esperado que a Capital registre 150 milímetros de chuva entre sexta-feira (10) e domingo. O volume poderá chegar a 209 milímetros se considerado o período entre esta quarta-feira, quando voltou a chover em Porto Alegre, e segunda-feira, último dia antes do retorno do tempo seco ao Rio Grande do Sul.

O volume esperado para os primeiros dias de maio na Capital é maior do que a média histórica para o mês (114,7 milímetros), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

— A tendência seria de que o nível ficasse abaixo de 5 metros nos próximos dias. Mas, se a precipitação prevista para o fim de semana se confirmar, podemos ter um “repique”. As cheias geradas nas bacias do Taquari e do Jacuí vão vir para a região do Guaíba e elevar o nível novamente para acima ou perto dos 5 metros — projeta Rodrigo Paiva, hidrólogo e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo ele, o repique não deve ocorrer nesta semana, porque a situação projetada é parecida à vivida no Estado no início do mês. Municípios banhados pelos rios Caí, Jacuí e Taquari experimentaram a elevação da água alguns dias antes da Região Metropolitana.

No fim de abril, por exemplo, Porto Alegre registrou quantidade atípica para o período, como é o caso dos dias 29 e 30, quando o volume foi de 99,1 milímetros em 24 horas – a média climatológica para o mês é 114,4 milímetros. O nível do Guaíba, no entanto, manteve-se próximo a 2 metros.

Com a “chegada” da chuva do Interior por meio de rios de outras regiões, a Capital observou o lago superar marcas históricas em dias pouco chuvosos. No fim de semana do recorde de 5m35cm, a Capital registrou 24 milímetros de chuva no sábado e domingo.

— Podemos ter uma cheia no Guaíba sem cair uma gota d’água em Porto Alegre. O que importa é o que chove nas bacias hidrográficas do Interior — resume o professor da UFRGS.

Isso significa que a chuva prevista influenciará na altura do lago porto-alegrense no início da próxima semana, quando a previsão é de tempo seco na Região Metropolitana.

Previsão de chuva entre quarta e segunda-feira em municípios banhados por rios que influenciam no nível do Guaíba

  • Montenegro (Rio Caí): 190 milímetros
  • Lajeado (Rio Taquari): 190 milímetros
  • Muçum (Rio Taquari): 190 milímetros
  • Bento Gonçalves (Rio das Antas): 312 milímetros
  • Novo Hamburgo (Rio do Sinos): 190 milímetros
  • Taquara (Rio do Sinos): 190 milímetros
  • Gravataí (Rio Gravataí): 190 milímetros
  • Rio Pardo (Rio Jacuí): 171 milímetros
  • Dona Francisca (Rio Jacuí): 171 milímetros

Não há, porém, uma estimativa de quanto o nível do Guaíba possa chegar devido à chuva, mas o especialista não descarta valores próximos ou acima do recorde (5m35cm) – isso dependerá do comportamento das bacias do Interior.

Além de influenciar no lago, existe a possibilidade de que bairros da Capital distantes do curso d’água continuem prejudicados por conta do contexto vivido na cidade.

— A rede responsável por drenar os excedentes da cidade nas regiões baixas estará comprometida. Um exemplo é o Dilúvio, que já está cheio: ele vai represar a água desses sistemas, fazendo com que eles tenham menos capacidade. Isso será problemático — pontua Rodrigo Paiva.

Um avaliação parecida do cenário foi feita Walter Collischon, hidrólogo e colega de Paiva na UFRGS. Segundo Collischon, não há uma previsão de quando os bairros próximos ao curso d’água voltarão a ficarem secos.

Segundo ele, isso ocorre porque a previsão meteorológica é limitada e consegue mensurar como será o tempo 10 dias antes; mais do que isso, os dados ficam prejudicados. Com o nível alto do Guaíba, não é possível estimar com certeza o dia em que o lago voltará à altura para valores abaixo de 3 metros, a cota de inundação.

Atenção ao vento

Outro fator que pode impedir que o nível do Guaíba diminua na próxima semana é o vento sul.

— Esse vento costuma represar a água quando é um pouco mais forte. Isso pode ocorrer de domingo para segunda-feira ou mesmo já no sábado. Terça-feira temos previsão de vento variável — diz Marcelo Schneider, meteorologista do Inmet.

Segundo a Sala de Situação do governo estadual, a tendência é que o sábado (11) seja o dia mais chuvoso: regiões Oeste, Centro, Vales, Região Metropolitana e Litoral Norte poderão registrar volumes entre 50 e 90 milímetros em 24 horas. Nas áreas da metade Sul, o vento sopra de sul/sudeste, com rajadas entre 35 e 45 km/h, e o mar permanece agitado.

— Temos uma frente novamente estacionária (sobre o RS). Aos poucos, o ar frio polar que está no sul da Argentina começa a chegar na fronteira do Estado. Ao mesmo tempo, o calorão que está no Brasil central vai se chocar com o ar frio do Sul, o que resulta em chuva. Também há a formação de ciclone extratropical na costa do RS e Santa Catarina no fim do domingo — explica Schneider.

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