Cerca de 4 mil especialistas nacionais e internacionais são esperados em Salvador até domingo (27), para uma programação repleta de inovação e tendências na área O 35º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica (CBCD), considerado o segundo maior do mundo em sua especialidade, começou nesta quinta-feira (24) trazendo reflexões importantes sobre diversidade de pele, avanços tecnológicos, inclusão de populações subatendidas e segurança médica. O evento, promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) vai até domingo e reúne, no Centro de Convenções Salvador (CCS), cerca de 4 mil especialistas nacionais e internacionais, divididos em temas como alopecia, PMMA, oncologia cutânea, técnicas minimamente invasivas, IA na dermatologia, e estética para a população LGBTQIA+. “O tema central do nosso congresso é simbólico e necessário. Queremos uma medicina que enxerga, respeita e acolhe a diversidade da pele brasileira com excelência e responsabilidade técnica”, afirma o dermatologista Paulo Barbosa, presidente do CBCD 2025 e um dos maiores especialistas em laser dermatológico do país. Coordenadora do curso teórico “Procedimentos na pele étnica: como conduzir”, a renomada dermatologista Katleen Conceição aponta para a necessidade de formação específica para oferecer protocolos adequados à pele negra. “Os procedimentos ainda estão um pouco devagar nessa questão. Os tratamentos com laser, por exemplo, deveríamos ter muito mais trabalhos. Hoje, esse simpósio de pele negra dentro do congresso em Salvador, que é uma cidade majoritariamente negra, me deixou muito feliz, mesmo sabendo que ainda temos uma longa caminhada. A dermatologia brasileira tem que ser representativa e inclusiva. Eu espero muito dos dermatologistas que estão começando”, pondera a médica, pioneira em estudos sobre a pele negra no Brasil e autora do livro “Dermatologia para pele negra”. A jovem médica Mariana Almeida, professora de Pele Negra da Santa Casa de Misericórdia (RJ), é uma das profissionais que seguem os passos de Katleen. De acordo com ela, é importante que a temática venha dos preceptores também e que a própria comunidade da dermatologia incentive essa pesquisa. “É necessário pesquisar, publicar, discutir sobre isso”, opina. Para seu colega Cauê Cedar, especialista em Pele Negra e professor do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj), há uma defasagem na formação médica. “A gente não se vê representado nos materiais de educação médica, não só dentro do programa de especialização em dermatologia. Falta muito material e muita publicação”, conclui o médico. Mais diversidade “A diversidade é o que nos torna únicos e a inclusão é o que nos torna fortes”, observa Luciana Lourenço, dermatologista em São Paulo. Ela compôs curso teórico “Procedimentos na População LGBTQIA+”, abordando os tratamentos para afirmação de gênero. A capacitação foi coordenada discutiu temas o uso do PMMA (polimetilmetacrilato), particularidades hormonais, individualização de tratamentos estéticos e como isso se aplica no atendimento à população LGBTQIA+, especialmente em demandas como a harmonização facial. Para o médico Márcio Serra, um dos coordenadores da capacitação, incluir no 35º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica uma programação dedicada aos procedimentos dermatológicos e cirúrgicos voltados à população LGBTQIA+ representa um avanço necessário e urgente dentro da medicina estética e cirúrgica. Segundo ele, essa iniciativa reconhece que a diversidade de corpos, identidades e vivências demanda abordagens personalizadas, sensíveis e baseadas na escuta ativa. “Espero que esta visão mais humanista, não só da dermatologia, mas da medicina em si, possa formar melhores médicos. Independentemente da sua crença, ideologia, cor, nosso papel é promover a saúde, tratar o indivíduo e não a doença”, ressalta Serra. Foto: Joventino Lima |
Com foco na pele étnica, congresso de dermatologia reafirma necessidade de inclusão e representatividade na medicina
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