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“A gente não é invisível e tem direito a ocupar os espaços”, diz Lázaro Ramos em Joinville

Autor esteve pela segunda vez em Joinville e palestrou na 19ª edição da Feira do Livro da cidade

Lázaro Ramos participou da 19ª edição da Feira do Livro de Joinville

Lázaro Ramos participou da 19ª edição da Feira do Livro de Joinville (Feira do Livro/Divulgação)

“Você não é invisível”. A frase que dá nome à última obra lançada por Lázaro Ramos também é a frase que o autor diria para ele mesmo quando criança. O livro, direcionado para o público infanto-juvenil, aborda a história de dois irmãos que possuem diferentes maneiras de se comunicar: enquanto Carlos vive nas redes sociais atualizando os seguidores, Vitória é adepta do papel e compartilha o dia a dia em um diário. No enredo, que tem como pano de fundo a quarentena da Covid-19, o autor aborda as inseguranças e outros “monstros” enfrentados pelos personagens.

Lázaro participou 19ª edição da Feira do Livro de Joinville na semana passada e, com muito bom humor, bateu um papo com jornalistas antes de palestrar ao público presente. Um dos assuntos tratados foi, justamente, a escolha do tema trazido na escrita mais recente.

Esta é a segunda edição da feira que o ator e autor participa (Foto: Feira do Livro/Divulgação)

O escritor relata ter se sentido invisível em alguns espaços durante a infância, como no ambiente escolar, por exemplo, e que este tipo de sentimento é bastante negativo porque “nos paralisa”.

— É um pouco sobre isso que falo neste livro, a gente não é invisível e tem direito a ocupar os espaços. Isso tudo com a minha linguagem, eu gosto de falar com descontração, com humor e com afetividade. E esse livro é um pouco pra isso, pra dizer essa frase para pessoas que nunca ouviram. E isso faz toda diferença, porque às vezes a gente passa pelo mundo e ninguém diz uma palavra que muda a nossa vida — reflete.

O ator conta que, quando começou a escrever o “Você não é invisível”, o texto foi direcionado para o Lázaro Ramos adolescente, mas diz que no meio do caminho também foi inspirado e construído com base na relação e convívio que tem com jovens.

Durante a produção, afirma ter sido um “choque” perceber que, de sua época de juventude para os dias atuais, algumas sensações permanecem presentes no cotidiano do adolescente.

— Apesar do mundo ter avançado, a sensação de menor-valia, a falta de autoestima permanecem. Então a gente vem através da literatura tentando combater isso — destaca.

Escrita infanto-juvenil é novidade para autor
Com referências a Maya Angelou e Conceição Evaristo, Lázaro conta que se utilizou de “truques” para ganhar a leitura do público jovem. O livro é o primeiro em que se aventura para a escrita infanto-juvenil e, nele, além de ter buscado embasamento teórico, também procurou apresentar uma linguagem mais descontraída, se aproximando um pouco da linguagem que estão consumindo.

— É um caminho que eu encontrei. Os meus livros são sempre muito afetivos e muito conversados, isso é uma coisa que não abro mão, e soma o humor, que são elementos de conexão. Pra falar com os jovens, me interessou, neste momento, fazer essa pesquisa. Claro que não é uma reprodução fiel da experiência que um jovem tem com o celular, olhando uma rede social ou canal de informações, mas ao mesmo tempo, a gente dá um estímulo e, com esse “truquezinho”, a gente consegue falar o que quer falar — pontua.

Mesmo com a “receita” em mente, reconhece não ser fácil prender a atenção deste público-alvo e confessa que, quando pequeno, foi um mau leitor e uma criança que se comunicava pouco. Para ele, o interesse pode surgir na conversa, no bom exemplo. Foi assim com ele, pelo menos, quando alguém apresentou-lhe a literatura como algo prazeroso e um lugar de informação de qualidade, onde nunca sente-se sozinho.

Foi assim que tornou-se leitor e passou a aprofundar-se em certos assuntos.

— É isso um pouco que eu tento fazer com a minha literatura. Falar que o livro é uma coisa fácil, e que pode estar na mão da gente, tem que estar na mão da gente, que a gente nunca vai estar sozinho quando estiver com um livro próximo — reforça.

No entanto, durante a conversa, fez outra confissão: quando começa a escrever um livro não sabe exatamente para quem irá direcioná-lo. Lázaro diz que escreve livremente e, ao final, entende qual público vai se interessar pelo tema. Inicialmente, diz que não queria escrever a obra em questão, tinha um certo receio por se sentir mais confortável com a escrita adulta e infantil, mas depois sentiu ser necessário entrar neste novo mundo.

Pela segunda vez em Joinville, durante a palestra, Lázaro trouxe cultura, abrindo a apresentação com “Alguém me avisou”, de Ivone Lara, mas também abordou assuntos sérios e urgentes, como identidade, autoestima e antirracismo.

— Mas acima de tudo, falamos sobre afeto. E que bom que a gente pode se encontrar, olhar nos olhos e falar sobre afeto.

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