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Como a semifinal da Champions entre Milan e Inter representa a fase atual do futebol italiano

Presença de astros como Romelu Lukaku no futebol italiano ganhou novo impulso a partir do fim da década passada

Presença de astros como Romelu Lukaku no futebol italiano ganhou novo impulso a partir do fim da década passada Vincenzo Pinto/AFP

O termo renascimento tem sido utilizado para descrever a fase do futebol italiano, que ensaia se reerguer após anos de ostracismo. De fato, o nome do movimento nascido na Itália e marcado por uma série de rupturas (social, econômica, cultural, científica etc) na sociedade europeia entre os séculos XIV e XVI é bem apropriado. Assim como os grandes trabalhos daquele período foram financiados por uma burguesia em ascensão, o momento de destaque dos clubes do país — cujo auge é a semifinal da Champions entre Milan e Inter, às 16h (TNT transmite)— é impulsionado pelo dinheiro de investidores

Com o clássico desta quarta, a Itália já tem presença certa na final da Champions. Uma representação continental que pode ser ainda maior, já que os outros torneios da Uefa também contam com times do país. Juventus e Roma, em chaves opostas, estão entre os semifinalistas da Liga Europa. E a Fiorentina vai brigar por vaga na decisão da Liga Conferência. Todos estes fazem o primeiro jogo na quinta-feira.

Trata-se de um reencontro com o protagonismo. Um salto para uma liga que, da era de ouro entre os anos 1980 e 2000, perdeu em atratividade para Inglaterra e Espanha e ficou esvaziada na década passada, vendo até mesmo França e Alemanha receberem mais estrelas.

— O futebol italiano finalmente voltou ao topo do esporte mundial não apenas pelos resultados de seus clubes, mas como um produto de entretenimento global. Nos últimos quatro anos, aprimoramos a Serie A em algo mais atraente — comemorou o CEO da liga Luigi De Siervo durante passagem pelo Brasil, há duas semanas, no evento Sports Summit.

Aquisições de clubes italianos nos últimos anos — Foto: Editoria de arte

Aquisições de clubes italianos nos últimos anos — Foto: Editoria de arte

Ao contrário do que De Siervo dá a entender, no entanto, o fortalecimento da liga vem de fora para dentro, do dinheiro injetado por investidores. A partir da metade dos anos 2010, o mercado enxergou uma oportunidade naquele cenário de campeonato parado no tempo e clubes desvalorizados e endividados. Afinal, o futebol italiano continuava sendo uma marca mundialmente famosa.

De 2016 até hoje, foram 13 negócios envolvendo a aquisição de 12 clubes (dois deles na Inter de Milão). Deste bolo, chama a atenção a quantidade de investidores estrangeiros: 11, sendo que dois dividem a propriedade da Inter (o grupo chinês Suning Holdings, majoritário; e o fundo indonésio LionRock Capital).

Só na Serie A, a divisão de elite, sete clubes estão nas mãos de estrangeiros (incluindo os semifinalistas continentais). E somente a Inter de Milão e o Bologna, do canadense Joey Saput, não pertencem a americanos.

O aumento no investimento em reforços pelos clubes da Série A italiana a cada temporada — Foto: Editoria de arte

O aumento no investimento em reforços pelos clubes da Série A italiana a cada temporada — Foto: Editoria de arte

Não é à toa que os investimentos dos clubes da Serie A aumentaram a partir da metade da década passada, ultrapassando a marca do bilhão na temporada 2017/18. Houve uma queda com a pandemia. Mas menor do que em outras das cinco principais ligas da Europa.

Esta injeção de dinheiro veio acompanhada de ajuda do governo. Desde 2018, um decreto permite que o imposto de renda seja aplicado sobre apenas 50% do salário pago a jogadores, treinadores e membros da comissão vindos do exterior e que assinem por pelo menos dois anos. Com isso, foi possível oferecer remunerações ainda maiores e competir com concorrentes de outros países. Assim, a Itália passou a ver nomes como Cristiano Ronaldo e Lukaku desfilarem pelos gramados do país.

O desafio, agora, é converter este momento em ampliação das receitas. Muitos dos principais clubes italianos continuam altamente endividados. Além disso, a revitalização dos estádios ainda esbarra na burocracia local, já que a maioria são públicos. O primeiro passo pode ser dado com uma melhora dos direitos de TV, cuja negociação para o novo ciclo está em reta final. Uma taça continental não está tão distante. Mas também é preciso tornar esta fase sustentável.

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