• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

O vestido de noiva que ligou Rita Lee a Leila Diniz, duas das maiores vozes feministas do Brasil

Rita Lee entre Arnaldo Baptista e Sérgio Dias no FIC de 1968 — Foto: Arquivo/Agência O Globo

Rita Lee entre Arnaldo Baptista e Sérgio Dias no FIC de 1968 — Foto: Arquivo/Agência O Globo

Numa das histórias contadas por Rita Lee em sua autobiografia, publicada em 2016, há uma explicação de como ela subiu de noiva para se apresentar com os Mutantes nas eliminatórias do Festival Internacional da Canção (FIC) de 1968. O figurino une a cantora, que morreu na noite desta segunda-feira (8), aos 75 anos, a outro ícone do feminismo no Brasil, a atriz Leila Diniz.

Na competição, os Mutantes eram os únicos tropicalistas a seguirem com chance de classificação, após Gil e Caetano saírem da disputa, interpretando, respectivamente, “Questão de ordem” e “É proibido proibir”. Para a apresentação do grupo no Maracanãzinho, Rita Lee conseguiu figurinos cedidos pela TV Globo, promotora do festival, ao inventar que o mesmo era feito pela Record (que, à época, promovia o Festival da Música popular Brasileira).

A cantora foi até os estúdios do Jardim Botânico, onde era gravada a novela “O Sheik de Agadir”, estrelada por Leila Diniz. Rita conseguiu que a atriz cedesse, por empréstimo, o vestido de noiva que usara na gravação da cena à que assistiu, que jamais voltaria ao acervo da emissora carioca.

Assim, sob protestos do júri, os Mutantes apresentaram “Caminhante noturno” com Rita trajada com o vestido de noiva de Leila Diniz. A cantora ainda tocou, com um gravador, o discurso que Caetano proferiu contra o público que o vaiou na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca).

Rita Lee e o vestido de noiva na capa do segundo disco dos Mutantes  — Foto: Reprodução

Rita Lee e o vestido de noiva na capa do segundo disco dos Mutantes — Foto: Reprodução

Em São Paulo, os Mutantes e Gil defenderam “É proibido proibir” com Caetano, que mal começou a cantar e já recebeu uma estrondosa vaia, além de ovos, tomates e pedaços de madeira arremessados contra o palco. Protestando contra o uso de guitarras elétricas, vistas então como “intrusas” na MPB, o público virou-se de costas para o palco, o que fez com que os Mutantes tocassem de costas para a plateia. Depois, Caetano fez seu discurso histórico (“Vocês não estão entendendo nada!”).

O festival terminou com a vaia à campeã “Sabiá”, que Tom Jobim escutou ao lado de Cynara e Cybele, do Quarteto em Cy —Chico Buarque, parceiro de Tom na canção, estava na Itália na final — pelo público que torcia para “Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando)”, de Geraldo Vandré, que foi desclassificada por pressão dos militares, após tornar-se um hino instantâneo contra a ditadura.

Os Mutantes terminaram em sexto lugar com “Caminhante noturno”, e levaram ainda prêmio de melhor interpretação. E o vestido de noiva de Leila Diniz foi parar na capa do segundo disco do grupo, lançado em 1969, pela Polydor.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *