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Trump mostra o que acontecerá com a direita brasileira

Ninguém conseguirá destronar Bolsonaro como líder desse campo político até 2026

Jair Bolsonaro e Donald Trump em encontro na Casa Branca, em 2019 – Carlos Barria – 19.mar.19/Reuters

Quando Trump deixou o poder em 2021, em meio ao trauma que foi o 6 de janeiro, ele parecia liquidado. Mau perdedor, tendo que enfrentar vários processos judiciais e ainda com o maior ataque à democracia americana pesando sobre suas costas; suas falas bombásticas agora pareciam simplesmente irrelevantes.
Abuso sexual, tentativa de roubar votos. No mundo de hoje, é fácil encontrar os motivos para se negar, minimizar ou mesmo justificar qualquer ato, ainda que criminoso. É o “quem faz”, e não o fato em si, que motiva os posicionamentos. O mesmo vale na direção contrária: para quem não gosta de Trump, qualquer conduta dúbia ganha as cores de um crime contra a humanidade.
Certo ou errado, o fato é que esses embaraços judiciais fortaleceram Trump como o candidato republicano para 2024. O governador da Flórida, Ron DeSantis, que aparecia como possível sucessor, agora já parece carta fora do baralho. Tudo pode mudar até o ano que vem, mas o prognóstico está muito bom para Trump.
Não há nada que obrigue o Brasil a repetir passo a passo a dinâmica americana. Mas a semelhança é impressionante. A campanha nas redes, a presidência marcada por polêmicas e ataques à democracia, a imprensa como inimiga, a derrota depois de uma eleição acirrada. Até o nosso 6 de janeiro tivemos, com meros dois dias de diferença para marcar nossa tímida singularidade.
Sendo assim, prevejo que Bolsonaro será o líder inconteste da direita até 2026 e que ninguém conseguirá destroná-lo. Isso não é torcida; na verdade desejo muito estar errado. Só não acredito que esteja.
Mas temos sim uma grande diferença com relação aos EUA. Ela está, não na dinâmica do apoio popular, e sim no funcionamento das engrenagens da Justiça. Não se vislumbra nada que impeça Trump de concorrer, se assim o quiser. Já por aqui, os embaraços jurídicos de Bolsonaro provavelmente o tornarão inelegível. E daí não importa o quanto os eleitores o queiram, ele não estará na urna. Exatamente como aconteceu com Lula em 2018.
Permanecendo como líder moral, mas incapaz de concorrer, conclui-se que o nome de direita para 2026 não surgirá por se contrapor a Bolsonaro, e sim por conseguir a bênção dele. E, para isso, terá de ser fiel a ele.
Chego, assim, à pergunta que não quer calar para quem deseja uma direita democrática e viável: é concebível que alguém possa, ao mesmo tempo, receber o apoio de Bolsonaro e os votos do bolsonarismo sem, contudo, reproduzir seus métodos desastrosos e mesmo criminosos na hora de governar?
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